Leitor: Olá, tenho 20 anos, apesar da idade vivi muito e intensamente neste mundo, conheci muitas pessoas de muitas formas e pensares, mas minha pergunta não se resume a mim, e sim à uma relação da qual eu estou fazendo o possível para dar certo. Minha namorada, 3 anos mais jovem, apesar de linda e sensível, é muito imatura; certo dia chegou a comparar uma vida com um presente, para ser mais especifico, a seguinte frase foi dita: “Se eu engravidar antes do Natal, a minha mãe não vai me dar um celular novo”, quando escutei esta frase o que me invadiu foi asco, de tão ridículo o pensamento. Ela tem um celular sem qualquer problema, o que ela queria seria um igual de um modelo mais novo. Tamanha futilidade me fez pensar com quem estou. Minha ex, mera comparação, jamais pensaria em tal futilidade, mesmo tendo a mesma idade que a atual. Gosto muito da minha namorada, mas acredito que que a vida é uma escada e temos que evoluir com ela, se estou com uma pessoa com tão poucos degraus, apenas irei me atrasar.
Há pouco tempo, transamos sem camisinha e, como de costume, gozei dentro, pois ela tomava anti-concepcional, o problema é que ela havia parado de tomar há pouco tempo, disse ela. Eu então disse a ela que se for para ter um filho eu o teria com todo o amor que poderia dar a ele. Ela não quer fazer o teste de gravidez, mas hoje mesmo teve enjoos e eu estou com medo, pois além de tudo ser novo, tenho dúvida se será essa a pessoa que eu iria querer compartilhar uma vida juntos. Penso se um dia ela irá amadurecer e mudará seus pensamentos, penso na vida de uma possível criança e de um casal. Sinceramente, não sei o que fazer, dar tempo ao tempo ou procurar outra pessoa?
Meu amigo, eu no seu lugar não confiaria nem em mulher que toma anticoncepcional, sabe por quê? Porque fora as DSTs que você já está careca de saber, se ela tomar um diazinho errado – não precisa nem ter parado de tomar – você corre o risco de ser papai. E sinceramente? Se você ler na bula desse contraceptivo você também irá se assustar: lá diz que a proteção é de quase 100%, massss com um monte de “poréns” que se forem esquecidos já lascou boa parte da eficácia do produto! Ou seja, f****! Vá por mim, sei que é gostoso gozar dentro e blablabla, mas não vale o risco. Sem gozar dentro já tem risco, imagine acertando na mosca!
Vocês dois precisam amadurecer juntos: ela mais no aspecto material, já você, tem que aprender que gostar dela é uma coisa, ser pai de família é outra. Bonito da sua parte falar que cuidaria de um filho com todo o amor do mundo, isso é lindo e é “sua obrigação”, mas e em relação a todo o resto que você está confuso? Ter uma criança é algo muito sério e ter amor entre os pais é apenas o básico de um todo que é gigante.
Desde que ela valha o todo, ou seja, tenha mais qualidades do que defeitos, acredito que essa parte da maturidade irá acontecer com o tempo e também na medida em que você também for amadurecendo junto: convivência é tudo e temos nossa parcela de culpa E de mérito em algumas coisas da vida de quem convivemos, né?! Vocês ainda são jovens e só dessas transadinhas sem camisinha, mesmo sabendo que estão completamente despreparados, já mostra que vocês tem muito o que refletir e amadurecer. Claro que 90% do amadurecimento pessoal é de responsabilidade de cada um em separado, mas você me entendeu. Com 90 anos ainda vamos ter muito o que amadurecer, mas se tivermos uma pessoa com a cabeça boa, bem como com bons conselhos ao nosso lado sempre ajuda, né?! Daí é só esperar o tempo certo vindo do “lado de quem recebeu os conselhos” achar que faz sentido e aí finalmente colocar algumas coisas em prática. É o que não canso de dizer por aqui: a gente até pode e deve fazer a nossa parte, mas, no fim, “as pessoas não mudam quando a gente quer, mas sim quando elas acham que faz sentido mudar“.
Tente explicar para ela que não há problema nenhum em querer um celular melhor, desde que ela obedeça dois itens:
1- Já ter cuidado de coisas importantes, ou seja, tratado de todas as prioridades.
2- Ela tenha dinheiro para isso.
Converse que o dinheiro dos pais dela, querendo ou não, não é o dinheiro dela e que ela deveria usar esse gosto pela vida boa e pelas novas tecnologias para “vencer” (honestamente) na vida e por conta própria. Ao mesmo tempo, ainda que ela possa usar esse “bom gosto” como inspiração para trabalhar e ser o melhor que ela puder ser, também vale falar que um filho sempre será prioridade e não faz parte da barganha. Explique que, se faltar dinheiro para comprar algo que ela gosta em um mês, ela pode economizar um pouco e comprar no outro, já um filho não: se ela perder uma chance com ele, a mesma não voltará mais: cada dia na vida dele é único e se ela não valorizar isso, certamente se arrependerá no futuro. E “essa filosofia geral” vale não só para a possível gravidez, até porque nem sabemos se ela realmente está grávida, mas sim para a vida como um todo.
“Bem lembrado Luiza, mas e se o leite já estiver derramado e ela estiver mesmo grávida?”
Nesse caso, o negócio é “ser homem” (ui! rs) e assumir, sem nem pensar em aborto e em dar ideia torta e irresponsável para ela, ok? Criança é coisa séria e isso serve para pensar que, se ela não tiver grávida, vocês nunca mais farão sem preservativo novamente, estamos combinados, rs? Porém, se ela estiver, seja um pai presente e bola para frente! Não dá pra ficar brincando de roleta russa do gozo e depois que o neném chorar ficar reclamando, né? Já que você se diz maduro, terá que arcar com as responsabilidades.
Um parêntesis para o lado bom das duas coisas:
1- Se ela estiver grávida, não tenha dúvidas de que só dela ter esse filho ela já vai amadurecer e muito. E você também!
2- Se ela não estiver grávida: usem como lição e só façam o que vocês realmente estiverem preparados, sem forçar maturidade precoce, ok?
Depois volta aqui para avisar se você será papai?
Boa sorte!