Me casei muito nova, aos 20 anos. Tive meu filho aos 23 anos e minha gestação foi marcada pelo fantasma de um possível aborto devido ao deslocamento da placenta. Foi muito tenso, tive que realizar Cesária e a recuperação foi dolorosa… mas até aí a vida segue normal.
O que quero compartilhar aqui é a cabeça de uma mulher que ama seu bebê e acha ele o mais lindo do mundo, mas que por causa de uma doença chamada depressão pós-parto, esteve a ponto de cometer uma loucura. E essa infelizmente fui eu…
O que é depressão pós-parto?
É um conjunto de sintomas que ocorrem logo após o parto, tais como desesperança, tristeza, irritabilidade, cansaço, insônia, crises de choro sem motivo aparente, perda de apetite, ansiedade, desinteresse pelo sexo, angústia e alteração de humor gerados devido às alterações hormonais “pós-gravidez” que, quando ocorrem em maior intensidade, geram a denominada “depressão pós-parto”. E que também podem chegar ao extremo da psicose pós-parto, onde as mulheres perdem a noção da realidade – podendo sacrificar seu bebê ou a si mesmas.
Comigo aconteceu uma tentativa de suicídio:
Durante uma noite, após terminar meus afazeres de mãe, tive uma súbita crise de choro acompanhada por um sentimento de incapacidade absoluta. Estava lavando louça e, ao me deparar com a faca de cozinha, quis me matar. A sorte é que meu próprio choro fez com que meu marido (agora ex) ouvisse e evitasse o pior!
Também tive vontade de bater no recém-nascido por causa do choro. Nesta ocasião, eu estava sozinha em casa e então deixei meu bebê no berço e fui para o quarto de hóspedes: rasguei uma rede na mão e joguei uma sandália na janela de vidro. Ela quebrou e, já aliviada, voltei ao quarto, beijei meu filho e fui para a casa da minha mãe. E apesar de tudo, sempre tive um excelente controle emocional!
Uma amiga psicóloga não pode me atender devido a nossa proximidade, porém, me deu um conselho que poderá salvar também você ou seu bebê:
“Se estiver sentindo cansaço, pare tudo, descanse, relaxe e depois retome as atividades com mais energia. Elas não vão sair dali…”
Entender isso é fundamental para que as mudanças internas e externas possam ter espaço para acontecerem naturalmente e nunca, jamais, fique sozinha. Peça ajuda, não tenha vergonha, não somos supermulheres.
Não existe um período determinado para a depressão pós-parto, nem a sua frequência, porém, uma depressão não tratada desde o início pode durar anos e tornar-se outro caso (ainda pior?) de depressão.
Mas a boa notícia é que a depressão pós-parto tem tratamento, além do acompanhamento psicológico, que pode ser conseguido na própria rede SUS através do programa PASCRIN – que acompanha a criança e a mãe nos primeiros anos de vida – também existem medicamentos para casos mais agravados.
Recomenda-se também:
- A realização de exercícios físicos.
- Conversas saudáveis.
- Estar junto de pessoas que você gosta.
- Manter uma visão positiva sobre a situação.
- Compartilhar seus sentimentos com pessoas que confia.
O tratamento não envolve apenas a mãe, mas todos ao redor: em especial o parceiro.
Se você é o parceiro ou familiar e perceber esses sintomas em sua companheira, a ajude:
Incentive a prática de exercícios, auxilie nas tarefas domésticas, seja compreensivo e tolerante, sua parceira está passando por um momento difícil. Não pressione, nem a culpe, o ambiente tranquilo é bom para ela, para o bebê e para todos ao seu redor. E mais, dê muito carinho… Muitos relacionamentos terminam nessa fase e eu lhes garanto: é triste ter um parceiro que te deixa nessas condições… Isso piora as coisas… Além dos traumas para uma criança…
A presença do parceiro na terapia, seja no dia a dia ou nas sessões, é fundamental para que a mãe sinta-se apoiada e isso auxilia no processo da recuperação, permitindo que o nascimento do filho seja uma experiência prazerosa para o casal e para o bebê, com histórias para rir no futuro… Porque as crianças crescem, a vida vai se adaptando e nós teremos muitos sorrisos no rosto.
E lembre-se: a automedicação é proibida, consulte SEMPRE um especialista, e muita paz e felicidade…
Próximo capitulo?
Um filho de 1 ano para criar e um casamento acabado. Ter respostas, ter que trabalhar para ser “pãe” e ter que voltar para a casa dos pais. Brigou com o ex? Não passe essas coisas para o filho.
As crises foram muitas, hoje meu filho tem 6 anos e ainda temos muitas situações para superar e são essas mesmas que nos fazem amadurecer. Espero poder compartilhar muitas delas com vocês, porque assim como eu, muitas mulheres vivem nesse mundo moderno onde as relações entre o casal são instáveis, mas a ligação é eternizada pela presença de uma criança. E precisamos nos ajudar a conviver sem transparecer aos inocentes tantos problemas e diferenças.
Até a próxima, seus lindos… :*
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20 Comentários
Depressão seja de qualquer tipo é sempre complicado e requer muita paciência e empatia da própria pessoa e das pessoas próximas.
O que é mais chato nisso, são as pessoas falando você tem tudo, tem saúde por que voce está com depressão? As danadas querem porque querem saber o motivo que você está em depressão. E nunca é um motivo é uma sucessão um conjunto de motivos fora o lado hormonal, muda a bioquímica do cérebro.
O mais empatado e honesto por parte do outro não é querer investigar os motivos e as causas mas sim começar, perguntando se pode ajudar, deixar a pessoa confortável, livre de cobranças e pressões, para ela ir se soltando e se liberando de toda pressão.
Muitas vezes quando a pessoa está assim é uma verdadeira luta até mesmo para fazer coisas simples como comer, cuidar da casa, trabalhar estudar, respirar porque tudo dói e encomodar a todo instante.
É igual quando seu computador tá muito lento é meio que assim o tempo todo. Ainda bem que tem terapia, tem medicamentos que podem ajudar se a pessoa estiver disposta.
Depressão pós-parto é um assunto que deve ser levado a sério.
Parabéns pela coragem de compartilhar, imagino que foi uma barra mas de certo modo serviu para estreitar a ligação com a sua criança.
Uma curiosidade minha, o relacionamento com o ex marido terminou por motivos relativos às situações vividas na fase da depressão pós-parto ou foram outros motivos?
De fato, o meu estado emocional teve a sua parcela de culpa… não como um todo, mas foi onde tudo começou… meu filho estava com 1 ano quando ele resolveu ir embora, mas o fator fundamental foi a interferência da família e a falta de parceria, pois ele decidiu sozinho e eu já não estava bem, piorei… precisei enfrentar a segunda parte da depressão, a de ter um casamento destruído sem um motivo aparente… APARENTE, pois hoje já livre desse período conturbado e com uma vida melhor eu posso entender todas essas coisas, mas luto a cada dia para não permitir que essas coisas voltem para minha vida…Não posso dizer que ele não foi parceiro como pai do meu filho, mas faltou a compreensão como homem…
Entendi, eu tô lêndo um livro chamado melancia em que a mulher tem o bebê e no mesmo dia o marido dela deixa ela porque tem outra não chega nem a ver a criança, ele diz que se ficasse mais tempo não conseguiria sair disso tudo depois muito podre isso.
Eu tenho pensando aqui comigo que as nossas maiores batalhas são contra idéias e pensamentos na nossa cabeça.
Eu também já tive depressão então de certo modo consigo entender e compreender bem.
Obrigado por me responder e contar um pouco mais da sua história o real motivo que eu perguntei é que eu queria saber para ter algumas referências para um dia que eu tiver ou adotar um filho e poder dar suporte para minha companheira.
Te dou uma coxinha sem óleo depois ahahaha
Abraços
Rsrsrs… é muito difícil, pois ficamos meio “impotentes” devido ao lidar com a criança… e as mudanças do corpo, os sentimos feias, gordas, anêmicas e se o parceiro não entende, acabamos frustradas… a auto estima está em baixa… mas a beleza volta… tudo é questão de tempo… Aceito com óleo também e coxurros… abraços
Débora, parabéns pelo maravilhoso relato com tantas dicas que valem ouro…
Considero fundamental todo homem acompanhar o processo de gestação e acompanhar tudo o que for necessário para a mãe e o bebê, afinal ninguém engravida sozinha…
é sim, eu acho importante, pois no mundo moderno em que vivemos, essas situações se tornam tão naturais que algumas mulheres e famílias passam por isso e nem sabem… minha amiga essa semana esteve no médico para fazer uma avaliação por conta de uma estafa física e durante a consulta o médico detectou que esta estafa é decorrente ao processo de uma depressão pós parto não tratada, e ela nem sabia que havia passado por isso.
Perdoe-me a “Isgnorância” o que ser estafa física??
são dores musculares, tonturas, enjoos causados pela correria da rotina e excesso de preocupação sem pausas…
mulher que sofre muitas vezes de jornada dupla, tripla ou quádrupla tem muita tendência pra isso… eu li num livro do Içami Tiba que uma mulher cuidava da casa, dos filhos… dos negócios da família e ainda mal dormia à noite pra não desapontar o marido… ela começou a apresentar uns surtos cada vez mais frequentes e acabou tendo síndrome do pânico…
uau… acho que não cheguei a esse ponto, mas certamente, passei um bocado de tempo sem botar a cara na rua, a não ser para cumprir obrigações.
Parabéns pelo relato honesto e sincero, nos mostrando o endeusamento da maternidade não faz bem para as mulheres, pois as dificuldades são muitas, por isso é muito bom pensar bem antes de ter um bebê e abdicar de várias liberdades e adquirir milhões de novas responsabilidades, que muitas vezes não são compartilhadas com o parceiro.
é sim, ser mãe é uma delicia, é um mar de rosas… lindas, perfumadas, aveludadas e com espinhos dolorosos, mas vale a pena…
Yoga , meditacao , achar a essencia da vida..onde voce esta no universso e sentir porque , nao pensado mas sentido..podem ajudar muito ,existe uma ordem no universso , energias , o mundo nao e o que parece ser, as vezes falo neste blog a respeito da diferença de se aceitar certas tipo de atitudes de mulhes…porque por mais que os direitos sejam iguais a natureza não vê assim , só mulheres engravidam , e ter filho apesar de Natural e uma missão que exigirá e equilíbrio , fibra , determinação ,responsabilidase , e confiança num universo que não parece confialvem… , ou seja a pessoa não se sentir vítima.. .. Sexo não e só prazer..pode acontecer gravidez..e nem sempre a pessoa esta preparada para essa jornada.. O maior dos projetos de uma vida..
Mas todos nos podemos superar quase tudo , e ser mais forte , através da sabedoria..todos temos dois lados o fraco e o forte , podemos buscar ser forte , aprender ..a ser..
Busque as energias positivas do univeresso , alguns chamamam essa energia e além da imaginação humana ..
Ela rege o Universo , você seu filho e tudo a sua volta , mas existe um poder em você..
De escolher , escolher sentir essas energia e também transmitir essa energia , também chamada de o bem , ela ensina captar energias como do Céu das estrelas , das plantas , animais , e de pessoas , e também isolar as negativas , medo , raiva , ambições , ansiedade e muitas outras negativas..
Isolar pessoas , como as perversas , ou as muito promíscuas , ou as manipuladoras , e atrair as pessoas do bem..
Não adianta passar o pano em certas pessoas com energias pensamentos negativos , o certo e bloquear ações e pessoas..Procure estar com pessoas com essa visão.. Te ajudaram e muito entender que voce escolhe …
Tenha força e Fé….e busque seu equibrio e os valores certos ..busque a Paz interior mesmo meio as Guerras……
Quanto ao Homem ao seu lado deveria fazer mesmo …
Isso faz bem para todas as pessoas, até mesmo para prevenir depressões e similares
na minha familia,a a parada é meio retrograda,se um homem do meu “clã” abandona a mulher com filho pequeno nos braços(menos de dez anos),ele tem que sair da cidade,senão acontece que nem fizeram com o meu primo,nós caçamos ele na rua e fizemos ele voltar pra casa dele debaixo de porrada,tiramo ele de dentro de um puteiro no soco,o vagabundo queria que a mulher saisse de casa com o filho dele pequeno,vê se pode???o filho dele tinha dois anos,então fizemos ele entregar a chave da casa e do carro dele pra mãe do filho dele na nossa frente,além de deixar 1500 reais pra criança na mão dela,no mesmo dia ele comprou uma passagem de onibus e foi pra Bahia,com a cara toda roxa de soco que o meu tio,pai dele,deu nele….
aqui são mais de 30 parentes,tudo evangelico,e tudo morando perto um do outro,tipo bairros vizinhos,na minha familia a regra é a seguinte:o individualismo acaba quando o sofrimento começa,até parece que a gente ia deixar o nosso parente de dois anos,sangue do nosso sangue, sem um teto pra morar,passando necessidade,do meu primo vagabundo,só sei que ele paga pensão em dia,porque se atrasar a gente vai lá na Bahia cobrar,e ele sabe que agente vai mesmo…
esse negocio de separar da mulher com filho pequeno é uma das maiores filhadaputagens que existe!!! como assim voce engravida alguem que voce não ama??? seja homem o suficiente pra apoiar a mãe do seu filho mesmo que voce não goste dela!!!! nem que tenha que dormir em quartos separados!!!mesmo que já sejam divorciados,o cara tem sim que ir lá ajudar a criar a criança,nem que seja só visita de final de semana,mas já ajuda!!!! mulher nenhuma consegue tomar conta de bebê 100% sozinha!!!! essas uniões instaveis de hoje em dia só me matam de raiva….
Poxa… mas existem casos em que a permanência só piora, eu por exemplo, me senti mais aliviada depois que nos separamos… pois ele não queria me ouvir e só a opinião dele importava e dizia que a mulher DEVE seguir o marido e ponto…
então esse seu ex. faz o mesmo estilo do meu primo,só paga pensão porque tem medo de ser preso,na hora que voce tava mais fragil,mais precisava do apoio dele como homem,ele fica de molecagem??? já foi tarde!!!! sem contar que ele mentiu pra voce né?? ele disse que te amava e tals,mas quem ama não magoa né???
pois é… ele é até um bom pai… apesar de só passar um mês do ano com o filho, mas porque mora em outro estado… como pai não tenho queixas… pelo meu filho procuro pensar que ele é uma boa pessoa, mas que não combinava comigo… deve ser isso
adorei sua família rsrsrs
Tive um filho com 20 anos e tive agora uma filha com 32. Independente da idade ou qualquer outra circunstância, é um enorme desafio e não existe planejamento perfeito. No meu primeiro eu ainda estudava e não tinha dinheiro, mas tinha a juventude ao meu favor. Nessa segunda foi tudo planejado, melhor médico, melhor berçário, tudo que o dinheiro poderia pagar e para minha surpresa foi mais difícil. A vida surpreende, mas o que não ti mata realmente ti deixa mais forte. Depressão hoje em dia afeta a todos, e me afetou também como pai.