O que faz alguém permanecer virgem até os 28 anos? Será que são questões religiosas, traumas de infância, abuso sexual, romantização do ato ou qualquer fator que leve uma pessoa a resguardar-se por tanto tempo?
Não se surpreendam, mas esse é um texto cujo personagem principal é o TALVEZ.
Hoje estou me abrindo a todos. Aceito críticas, perguntas e dúvidas, pois não tenho tabus ou segredos com nada disso.
Cresci num lar amoroso, porém, confuso. Meu pai era rico (muito rico) e perdeu tudo por ingerência, maus negócios, prostitutas e falsos amigos. A minha mãe era pobre, típica menina linda da cidade grande, mas que vinha de um lar turbulento. Ela encontrou nele alguém com coragem para enfrentar sua mãe louca. Ele encontrou nela a mulher troféu para exibir para os amigos.
Até hoje não sei se rolou amor ou só interesse de ambos, mas quem sou eu para julgar sentimentos!
Quando a pobreza bateu à nossa porta, fomos morar de favor numa casa de fundos, meia água e bem humilde. Meu pai engoliu o orgulho, foi trabalhar e sustentar a família. Contudo, nunca foi exemplo de nada, pois gastava seu salário em bebidas, jogos de azar e prostitutas.
Pra mim ele foi pai herói. Amava demais ele! Até descobrir as tantas cagadas e deslizes, mas fora isso, até que tive um pai presente: carinhoso, protetor e amoroso.
Não percebia o quão errado ele era, pois só tinha 3 anos, mas meu irmão sim! Mulheres da vida vinham em nosso portão efetuar cobranças: o coitado que as recebia e por isso desenvolveu um trilhão de problemas que o titio psiquiatra e a titia psicóloga tentam resolver até hoje.
Moramos quase nove anos assim, até que a casa foi vendida e meu pai foi obrigado a crescer.
Estudamos à duras penas (como muitos brasileiros). Entramos no curso de Direito, estudando em casa e dando o sangue, sem apoio financeiro algum.
Meu irmão foi embora na metade do 4º ano, pois ele e meu pai nunca se deram bem. Não sei explicar como um pai pode não gostar ou não ter nenhuma empatia com seu próprio filho, sendo este primogênito e único filho homem. Posso citar aqui um episódio que deixou marcas profundas no meu irmão: ele “aprendeu” a andar de bicicleta levando cintadas de um pai bêbado que aos berros dizia “aprende seu viado!” e tudo isso numa rua de terra com cascalhos. Ele aprendeu a pedalar lá pelos seus 11 anos com a vizinha que cuidava de mim.
Meu irmão é meu orgulho e sempre me espelhei nele. Ele sempre me orientou, foi e ainda é um modelo de homem pra mim. Lutou sozinho e está vencendo. Hoje tem 32 anos, dono de uma franquia, Workaholic e tem um desprezo enorme pelo pai, apesar de respeitá-lo.
Hoje meu pai faz de tudo para recuperar o que foi perdido, voltar no tempo e retirar os atos e palavras ditas, mas por enquanto posso dizer que e ele perdeu um filho maravilhoso!
Quanto a mim, fui vivendo uma vida muito atribulada, entre trabalho para me sustentar mais a minha mãe, mais os estudos e demais gastos estudantis. Nesse período, fiz muitas amizades legais e ia em algumas festas universitárias, mas não todas, até porque faltava tempo, dinheiro e roupas!
As mulheres me entenderão!
Sempre fui assediada por rapazes, mas honestamente eu não sentia NADA. Nenhuma vontade de ficar, beijar ou curtir com os meninos.
Importante observar aqui um episódio. Na oitava série, fui compelida por minhas amigas a beijar um rapazinho, lindinho por sinal. Não gostava dele… mas fui. Assim que a ficada acabou (foi boa), prometi a mim mesma que nunca mais faria nada que eu não quisesse de coração.
Esse foi meu primeiro e último beijo.
Aí eu pensei, será que gosto de meninas??? Também não! Nunca senti atração por mulheres e isso virou uma confusão na minha cabeça. Por um tempo cheguei a pensar que talvez eu faria parte da pequena porcentagem de pessoas assexuadas, ou que a decepção que senti ao ver o homem que meu pai era me fez não querer um para mim. Até hoje isso não é claro e talvez a Luiza e os comentaristas possam dar uma luz.
Na tentativa de desvendar os mistérios da minha vida, encontrei o budismo. Com os ensinamentos, meditações e autoconhecimento aceitei os defeitos e qualidades dos meus pais.
Foquei novamente nos estudos + trabalho e, sem esperar, conheci um rapaz.
Vocês devem estar imaginando um cara certinho né?
Pelo contrário, mais errado que ele eu desconheço.
Rapaz sofrido, pobre, magrelo, maltratado pela vida, vindo de dois relacionamentos furados… psicologicamente tão fudido quanto eu.
Mas me apaixonei. Fazer o quê?
Vou pular a parte em que meus pais fizeram de tudo para atrapalhar e nos separar. Só digo que hoje eles o têm como filho e se arrependem por tamanha ignorância, preconceito e futilidade para com ele.
Foi uma luta interna dizer “sou virgem!!”, mas fui sincera desde o início sobre tudo.
E assim foi. Fui me descobrindo, testando meus limites, aprendendo sobre o que gostava e o que não gostava e ele acabou me ensinando tudo que sabia também. Fiz questão, recentemente, de conhecer como é uma zona, aí visitei dois puteiros porque tinha muita curiosidade e numa noite chuvosa ele teve coragem de me levar (claro que ele tinha bebido umas e outras). Enfim, conversei com umas oito putas e aprendi um pouco sobre como é uma bosta a vida delas.
Fiz amizade com a gerente do puteiro e realmente é um negócio mega lucrativo, porém, o lucro fica preso com a dona do recinto. As meninas vivem numa ilusão romântica de saírem dessa vida sendo resgatadas por um príncipe. São pegas na armadilha de uma aranha, pela ilusão do dinheiro fácil, caem na vida e não conseguem sair.
A “A”, uma loirinha super bonita e que foi mais aberta comigo, disse que entrou nessa vida por realmente gostar de rola e que em época de pagamento das fábricas, chega a tirar três mil reais por semana. Rimos muito, por que me propus a ser sócia dela e entrar pra vida fácil.
Quando disse vida fácil ela me deu uma lição. Disse “menina, eu gosto de sexo, mas fazer com homens suados, fedidos ou qualquer um que não seja o seu tipo é difícil. Você tem que pensar que está transando com o Caio Castro!”.
Fiquei pensando, ela é mais nova que eu em uns cinco anos e pra ela sou uma menina!
Vi alguns senhores lá, procurando atenção e carinho e pude visualizar meu pai. Cara, que tristeza!
A maioria das meninas estavam em seus celulares e outras com olhares perdidos olhando para a porta e isso me fez pensar muito na minha vida, no meu trabalho, na minha profissão e agradeci aos céus por não ter que depender desse comércio pra sobreviver.
Até então, eu tinha dúvidas sobre até onde a minha coragem iria para fazer um ménage. Realmente não tenho. Pior ainda, não tenho tesão em mulheres! E jamais conseguiria ver meu noivo comendo outra.
A própria gerente do clube me aconselhou a nunca fazer, pois isso não leva a nada. Ela fez e perdeu o companheiro dela, pois ele se apaixonou pela outra e quis manter um relacionamento a três. Veja só! Ela deu um pé na bunda do cara e disse que nunca mais há de fazer isso na vida!
Aos curiosos, ficamos só na conversa e amizades. Não pretendo voltar, fiquei meio depressiva e achei a energia do ambiente meio dark.
Quanto à minha mentalidade sexual… sou muito aberta. Sexo pra mim nunca foi tabu, eu sei que é confuso, pois perdi a virgindade aos 28 anos, portanto, quando digo “aberta” quero dizer que sempre falei abertamente sobre sexo, sobre a minha sexualidade e nunca tive problemas em explorar meu próprio corpo.
A Luiza ficou confusa quanto ao tema sexo/tabu/trauma. Eu não sei se há algum trauma. Na realidade eu não sei MESMO o que me fez esperar por tanto tempo, talvez os rapazes que conheci não tinham o que o atual tem.
A questão sempre vai girar em torno do talvez. Pensando na vivência da minha adolescência, tenho a tendência a pensar que as mentiras, falta de parceria e companheirismo do meu pai me fizeram forjar mentalmente o homem que eu queria. Só que quando conheci meu atual namorado, a primeira coisa que aconteceu foi um bombardeio de honestidade. Ele me contou toda a sua vida, seus traumas, suas cagadas, erros e acertos. Eu contei todos os problemas e o quão complicada era.
Hoje tenho uma vida sexual muito ativa e completa. Sem reclamações! E acho bobagem as mulheres com experiência sexual maior que a minha terem vergonha de admitir coisas simples, coisas que gostam e ajudar pessoas como eu ou você leitor.
Porém, se eu dependesse apenas da pornografia ou da troca de experiências, jamais saberia o quão bom é a prática do sexo anal… ou que eu não curto muito receber oral. Prefiro mil vezes a boca dele na minha e ele trabalhar com as mãos. Então o que aprendi no decorrer de quase dois anos foi através do autoconhecimento corporal, da autoanálise do que gostava no sexo.
Cabe ainda dizer que as mulheres que conversei (salvo as GP) taxam o sexo anal como algo pervertido, que somente mulheres “vadias” fazem. É uma repressão sexual enorme! Talvez seja por isso que muitos homens têm em mente que suas mulheres só podem fazer aquele pai/mamãe quase santificado e é na rua que ele pode extravasar suas putarias.
O conselho que posso dar às mulheres: sejam santas na rua e putas na sua casa. Libertem-se das amarras que prendem todo o potencial que você pode desenvolver entre quatro paredes. Quanto aos homens: deem espaço, confiança e fodam com paixão as suas mulheres.
Ah, um fato meio engraçado: eu estava apaixonada por ele e sabia que transaríamos mais cedo ou mais tarde, contudo, ele era tão respeitoso que não dava AQUELES PEGAS. E aí eu ficava naquela… “como será que é o pinto dele?” Pois as amigas ficavam me zuando e falando que eu iria me decepcionar e tals (bobagem). Aí pedi nudes.
Ele ficou consternado… mas mandou… até hoje manda. Tenho umas 100 fotos do pinto dele no meu celular ou na nuvem. Ele fala que gosto mais do pênis do que dele ¬¬
Só posso dizer que ele é normal, carinhoso e faz de tudo para me satisfazer. Ele diz que tento “repor” 28 anos em 1 e que acabarei matando ele! Duvido!
No mais, espero que vocês acreditem, mas acho que encontrei a tampa da minha panela. Estamos morando juntos há um tempo e, como disse, sou budista, creio em carma, em destino e em coisas que devemos passar. Talvez eu estivesse esperando por ele. Ou queria ser tudo aquilo que a minha mãe não era (forte, independente e autossuficiente) antes de me abrir pra alguém. Talvez eu não quisesse ser tão vulnerável, pois o amor que ela sentiu pelo meu pai só trouxe sofrimento. Até que, depois de ter descoberto meu magrelo, descobri como o amor realmente deveria ser. Ao menos pra mim.
Não me vejo sem ele, mas se algum dia ele pisar na bola comigo, não hesitarei em marcar o rabo dele com meu pé. Odiaria olhar no espelho e ver a minha mãe (passiva) no reflexo.
E sim, não demoraria a encontrar outro pra continuar transando loucamente. Tomara que isso não ocorra, porque até agora acho que sou Rogériossexual.
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