Leitora: Oi Lu, minha dúvida é a seguinte: é possível duas pessoas diferentes darem certo?
Estou me envolvendo com uma pessoa que é diferente de mim, que tem uma história de vida com alguns problemas, diferente da minha vida que é bem tranquila, já vem com uma bagagem de relacionamentos, diferente dos meus que foram poucos e o modo de ver a vida (ex: se liga mais em dinheiro e bem material do que eu), porém, estamos nos entendendo bem e nos gostando.
Pela primeira vez tenho vontade de fazer dar certo e não desistir na primeira pedra que aparece no caminho do relacionamento. Se fosse antigamente, eu já teria desistido diante das diferenças.
O que eu faço? Será q tem chance disso dar certo ou estou sendo movida pelo impulso? Não é carência e nem falta de opção.
Eu tenho 24 e ele 28. Obrigada pela atenção.
A teoria para escolher alguém representa inteligência e até mesmo um pouco de “autocuidado/moderação”. Porém, em exagero vira um pouco de burrice, rs. Sem contar que, cá pra nós: quem é que consegue colocar toda a teoria em prática? E mais, mantê-la ao longo da vida?
Em tese a gente quer:
1- Alguém legal
2- Companheiro
3- Fiel
4- Sem filhos
5 – De idade x
6- Gostos semelhantes aos nossos
7- Bem humorado
8- Morando na mesma cidade
9- Blablablá
Agora na prática, por quem é que a gente se apaixona? Por alguém que tenha metade dessas características e olhe lá! kkkk
A verdade é que, em geral, essas fórmulas só dão certo quando o relacionamento foi arranjado ou movido apenas por interesses. Na prática, quando o amor e a química batem, você até pode querer que a pessoa fosse um pouco diferente “para se ajustar aos seus gostos e expectativas”, só que é o coração (destino? rs) que manda e acabou.
Ao longo do seu texto você citou uma frase mágica:
“Pela primeira vez tenho vontade de fazer dar certo e não desistir na primeira pedra que aparece no caminho do relacionamento”.
Isso significa que você está realmente interessada no rapaz. É claro que tentar fazer dar certo não significa que dará. Porém, a boa notícia é que:
1- Você está fazendo a sua parte (em relação a ele e inclusive ao procurar ajuda). E ainda que isso pareça óbvio, muita gente não faz e já abandona o barco por medo de dar certo (parece piada, mas é verdade kkkk).
2- Você também precisa reconhecer que, por mais que você esteja amando (e tentando), a necessidade da autossabotagem ainda está dentro de você. Então, se policie em relação a isso.
É brega o que vou dizer, mas a verdade é que o ser humano morre de medo de ser feliz. Se é assim, é “normal” que, mesmo que inconscientemente, a gente dê um jeito de “andar pra trás pra fazer a vida ficar como estava”. O medo do novo é real, e até certo ponto, benéfico. Só que é aquilo, né: é confortável/cômodo/seguro, mas também não lhe trará nada de novo ao coração. E se você não quiser viver “pela metade” que nem a maioria das pessoas….
Você pode quebrar a cara? Obviamente que sim, mas se ele não parece ter feito nada para que mereça você desistir dele, por que você desistiria?
Se homem e mulher não é tudo igual, relacionamento também não é tudo igual. Então, mesmo se der errado uma vez, não precisa desistir da vida por causa disso. Agora, se você nem tentar, aí sim é autossabotagem.
Você já pensou em usar as diferenças entre vocês a seu favor? Quem sabe ele pode aprender a ser um pouco mais desapegado contigo, e você aprender a também pensar um pouco no futuro como ele? Nem todo defeito dele será 100% defeito, e vice-versa. Use tudo que você puder a favor de vocês e para um bem maior comum. Só não crie expectativas, nem imponha nada. Afinal de contas, tendemos a pensar que o outro se parecer com a gente será sempre melhor pra ele, nunca o contrário. Somos egoístas.
Vá com medo, mas vá, garota.
Por fim, se vivemos de presente, pense assim: você está feliz? Ele mais te ajuda do que te atrapalha? Ele também está afim de tentar? Então é isso aí minha amiga, ao menos o filho ele não tem. E se tivesse, já te falei sobre a tese do amor, né?
Em último caso, chore um pouco que depois passa ao se lembrar que, querendo ou não, você fez tudo que pode.
Até amanhã!