O que fazer quando você sai do armário sem estar preparado?
Leitor: “Eu não sei se considero que me assumi, porque meio que me assumiram pra mim.
Minha mãe me puxou pra conversar depois de descobrir o meu perfil de poesia do instagram, um perfil onde eu era 100% sincero pois queria mostrar apoio e empatia às pessoas.
E lá eu me assumi transgênero, não-binário, gênero-fluido, pansexual e falei sobre minha relação abusiva familiar por lá.
Então quando minha família descobriu esse perfil, eles descobriram muita coisa sobre mim, coisas que eu não queria que eles soubessem, não por medo, mas porque eu nunca tive essa necessidade de aceitação da família e não fazia questão dessa dependência, eu só queria ser eu tranquilo na minha e nunca tive muita confiança neles.
Minha mãe não falou nada sobre minha sexualidade, provavelmente porque não entendeu, até porque ela não entendeu bem nem minha identidade de gênero, me tratou quase como uma nova espécie, mas entendo a parte dela porque na época dela não existia isso tudo.
Ela não reagiu mal, mas eu não me assumi por mim… Entende?
Eu não me assumi por confiar na minha família, eu me assumi porque jogaram tudo na minha cara e eu não tinha como negar.
Eu to muito desconfortável por isso, meio que tiraram tudo de mim, não me assumi por confiança.
Pediram para eu deletar o destaque do perfil que eu falava sobre relacionamento abusivo, falando que eu distorcia as coisas.
No passado eles fizeram eu acreditar que eu fui assediada por um professor por minha culpa, porque me engraçava pra ele, então agora eu também estou pensando pra ver se não era tudo um drama.
Mas eu lembro de certas agressões e choro, meus amigos também sabem que não é drama, mas ainda assim isso mexe com a minha cabeça.
E eu me sinto julgado agora, parece que se eu me vestir de forma mais característica do sexo oposto eles vão ficar tipo “então é isso que você quer” e eu não consigo imaginar essa cena sem um desprezo da parte deles.
Eles já desprezam parentes trans da família, então não espero muito respeito deles.”