Bem, primeiro vou começar com uma apresentação. Acho que herdei isso do hábito dos programas que frequentei compulsivamente. (Beijo pra galera do Alcóolicos Anônimos).
Prazer, tenho 27 anos recém completados e uma bagagem emocional enorme. Não porque eu sou madura, mas porque já tomei MUITO no meu orifício anal. Oras e quem não tomou? Uma das minhas heroínas no campo de relacionamentos me convidou para escrever aqui. Fiquei honradíssima com a proposta e aceitei, e provavelmente meus textos vão ser muito parecidos com os dela, porque ela me ensinou pelo menos 60% das coisas que sei nesse campo, já me salvou de uma daquelas tentativas de chamar atenção disfarçadas de suicidio por causa de macho que não valia a pena e hoje em dia tô aqui, inteirona, viva e bem feliz no que diz respeito a relação ao sexo oposto (ou não, porque estamos no sec XXI e eu não sou obrigada a ser heterossexual).
Falar sobre o relacionamento pessoal é muito difícil, pois isso envolve dois indivíduos com particularidades, mas há um padrão comportamental comum, por isso é importante que cada leitor envie a sua história, de preferência com detalhes sórdidos (adoro detalhes sordidos), de forma que possamos ter uma visão mais ampla da situação, mas, no geral, nos apegamos com o conselho dado pro próximo, sinal de que a vida do outro não é tão diferente da nossa e um conselho vale pra mil situações.
Quando contei que fui chamada pra esse blog para a minha vizinha, ela me pediu um olhar crítico da situação dela, e como eu estou ébria e ela não está olhando, vou falar aqui tudo aquilo que eu queria ter falado mas não tinha coragem.
A questão: “Vizinha, casei com o meu primeiro namorado, ficamos juntos durante 8 anos, mas terminamos porque achei outro que me completa na cama e me endeusa, o nome dele é Fedegundo (nome fictício, mas o verdadeiro é tão estranho quanto), gosto de ser mimada e após 8 anos de casamento não tinha mais isso. Porém, meu ex começou a namorar, terminei com o Fedegundo porque finalmente percebi que amo o meu primeiro namorado. E agora?
Eu, como boa conselheira que sou, só dei cerveja e disse que ia passar. Pois é, passou. Depois conto o desenrolar da história. Mas o que eu queria ter dito se ela não estivesse tão impressionada seria mais ou menos assim:
“Gata, às vezes a gente acredita em algo eterno, mas tudo nessa vida tem prazo de validade. Venceu? Joga fora. Depois que vim morar sozinha e aprendi o preço de tudo, comecei a comer comida estragada só pra não desperdiçar nada e isso me rendeu uma mega dor de barriga. Com relacionamentos é a mesma coisa, mas ou resulta em dor de cotovelo ou de cabeça”.
Ex é o pesadelo de qualquer pessoa. Minha vontade é que se abra um buraco no meio da terra e sugue todos os ex pra lá. Raça DUZINFERNO. Mas o que você pode fazer? Você tem duas opções. Melhor que prova de vestibular e nem tem pegadinha. Ou sofre por ele ou vai viver. Lembrando que ambas acarretam consequencias e só existe uma resposta certa.
Agora vamos às hipóteses das consequências, que essas sim são muitas:
A) Vou fingir que estou feliz sem ele: Não adianta. Parece afetado, é como aquele album do orkut chamado “SOU FELIS, SUA ENVEGA FAS A MINHA FAMA”, quanto mais você esfrega a sua felicidade na cara da sociedade, mais afetado fica. E homem nasceu com um faro privilegiado pra isso. Dá pra saber que quando você adere ao status “solteira sim, sozinha nunca” é que você chora no travesseiro antes de dormir. Não finja ser feliz. Tente ser feliz.
B) Amo o bofe porque ele está namorando e foi preciso perder pra aprender a valorizar: gacta, isso não é amor, nome disso é ORGULHO FERIDO. Sempre que um relacionamento acaba, uma das partes se machuca… é como brincar de ver quem segura aquele elástico de prender dinheiro mais tempo. O último a soltar sempre é o que se lasca. Bem, se ele terminou com você e ele começa a namorar ele é um filho da puta. Se você termina com ele e começa a namorar, você só está fazendo a vida seguir. Baby, a vida SEGUE ou então eu ainda era apaixonada pelo meu primeiro namorado. E olha que eu só consigo lembrar o nome dele com algum esforço.
Sábio é aquele cantor brega que dizia “Amores vem e vão, são aves de verão”. Quantas vezes você já se desencantou, decepcionou, achou que ia morrer e a vida seguiu? E mesmo que você fale que agora é diferente, oras, das outras vezes também não foi? Não é porque ele está namorando outra que ele melhorou. Você só não quer perder, o sonho de todo mundo é que a gente siga a vida enquanto o ex continua infeliz pra sempre. Pois é, esse também é o sonho do seu ex, sério que você quer fazer o papel da que rasteja?
C) Vou me matar, vou cortar os pulsos e fazer toda a chantagem emocional possível pra ver se ele volta: se ponha no lugar do bofe. Magina você linda na buatchy e chega aquele SMS sofrido falando que tá chorando em casa e todo aquele blablabla de VOLTA COMIGO. O que você pensa? Aff que perdedor. Ou se você tiver coração, sente pena. Mas assim, é pena, tem sentimento pior que esse? E se ele voltar com você por pena, você vai ter que passar o resto da vida se martirizando e nego jogando na sua cara que você que quis voltar e vai ter que aguentar tudo da parte dele, incluindo aquelas coisas que vc detesta, afinal seu namoro virou serviço comunitário pós cadeia. E olha que distribuir cestas básicas e visitar órfãos é legal, tem lá seu cunho social, mas aguentar sem reclamações ele te chifrando e saindo com os amigos solteiros no seu aniversário afinal você deve ser grata por ter ele de volta não é legal.
D) Inclua aqui todas as formas possíveis de depressão e baixa auto estima. Tipo parar de tomar banho pra ficar ligando o tempo todo, ou ficar twittando frases da música de vocês e etc ou ganhar vinte kilos.
E) Vou ser feliz e investir em mim, mudar meu cabelo, aquele dinheiro todo que gastava com presentes ou pra ir vê-lo e agradar o macho vou investir em um curso, aquela blusa que sempre quis comprar mas nunca pude porque sempre comprava meias pra ele porque as dele tavam furadas: Aí você entendeu o espírito da questão. Geralmente quando se chega nesse aspecto você já passou pelos outros 4 anteriores, mas se vier direto pra esse, você é uma mulher esperta.
Termino parafraseando uma grande amiga (aquela mesmo que me chamou pra vir pra cá) que a dor é inevitável, mas o sofrimento e o tempo que ela dura, são opcionais.
E agora? Que posição você escolhe? Ao contrario do kamasutra, não é preciso muito malabarismo e elasticidade, você só precisa entender que não nasceu grudada a ninguém, que você viveu pelo menos 12 anos sem essa pessoa, e não é agora que vai ser diferente. E quando dizem que amor é tipo tatuagem, que gruda e nunca mais sai, eu te digo. Já tatuei nome de namorado, cobri e tô no quinto depois dele, FELIZONA, e todos adoram minha tattoo querida. Não que eu seja volúvel e não ame ninguém, mas aprendi com o tempo que superar e (depois que eu estiver melhor) substituir é a melhor escolha.
Com amor: MadameTPM (colaboradora)