Ser querido, deixar saudades, fazer todo mundo falar bem de você e do tanto que você faz falta. Parece algo difícil, mas não é. O que você precisa é apenas merecer a atenção das pessoas.
Nunca vivemos em uma crise interior tão séria. Somos carentes, ciumentos, queremos receber atenção e fazemos isso da pior maneira possível: damos pouco, esperamos muito, e pensamos que os outros não percebem esses pequenos egoísmos. Pensamos que estamos no lucro, enquanto na verdade só ganhamos naquele momento.. para perder – e muito – depois.
Todo mundo reclama sobre o quão difícil é fazer amigos, namorados ou obter qualquer tipo de relação saudável. Sabe por quê? Porque falta bom senso. Algo que todo mundo acha que tem, só que não tem.
As contas das relações saudáveis não fecham porque é gente demais pensando apenas no lucro pessoal: é alguém que se esquece da carteira em casa ou que se esquece de devolver algo que lhe foi emprestado. O outro sempre se atrasa para chegar em um encontro – como se o tempo dele fosse importante, o dos outros não. E há quem se esqueça de ouvir, enquanto não para de falar. Têm também os que são todos esses juntos, e aí vai querer que o mundo funcione como?
Sendo relação de amor, amizade ou profissional, você bem sabe o que há em comum entre todas essas pessoas: eles falam mal do mundo, enquanto se esquecem de ser exemplo para ele.
Há quem diga que a causa disso é a carência, vinda de pessoas que acham que têm mais problemas que todo mundo e que isso justifica o que fazem. É como se eu sentisse que levo prejuízo e por isso desconto nos outros. Fico de cara porque sou – ou me sinto – agredida e não me toco que, ao agir assim, também me torno agressora.
Não precisa ser muito inteligente para ter certeza absoluta de que a sensação de vazio que essas pessoas sentem acontece porque elas afastaram as pessoas legais. E é claro, né? Gente legal de verdade, que se valoriza, não mexe com gente “de baixo”. E se mexe, mexe só uma vez, até dar o tempo de perceber a merda em que está pisando e cair fora.
Constantemente, gente que se sente injustiçada costuma ser a pessoa mais problemática e egoísta de todas. Ela não percebe que a vida é uma via de mão dupla e que se ela não está recebendo nada, muito provavelmente é porque não está caprichando na doação.
Alguns exemplos para clarear a mente
Como você quer amigos se os que você considera você nunca procura – a não ser quando está com problemas, quando quer ajuda ou terminou com o namorado(a)? Como quer ser bem recebido na casa de alguém se pensa que está em um hotel e não faz nenhum agrado? Se quer comer e beber de graça, enquanto nem um bolo você faz? Como quer ser amado se quando a pessoa que você ama precisa de você, você se faz de doido e de ocupado? Como quer que alguém te olhe em um hospital se você sempre foi daqueles que fugiu de problemas e se orgulha disso?
“Energia ruim e gente problemática? Tô fora!!”.
Só cuidado que o próximo pode ser você e é justamente daí que saem as relações sinceras.
Uma saída para os sensíveis
Você acha que ouvir ou ajudar os outros é pesado para você, que “já tem problemas demais”? Então se encarregue de dar leveza à situação: conte uma piada a respeito do problema, ouça com uma cara decente (sem cara de nádegas, por favor), fale uma frase inspiradora ou dê alguma sugestão sobre o que a pessoa pode tirar (=aprender) daí. Com todo limão dá para fazer limonada: to-do. Se você conseguir aliviar, nem que seja minimamente as costas de uma pessoa, verá que ao contrário do peso que você pensou que fosse ter, todo mundo saiu leve: ela por ter desabafado e você por ter ajudado. E se tem uma coisa que todo mundo gosta é de se sentir útil e importante.
O segredo da parceria (=felicidade) é saber que o que faz o outro feliz também é uma forma de se fazer feliz. Se você não se interessa por nada que não seja o que te traz risos ou satisfações pessoais, é melhor continuar sozinho mesmo. Conviver e merecer ser amado é fazer muito mais do que te convém.
Em geral, se a pessoa não se sentir usada por você – e isso pode ser tanto físico como emocionalmente – ao mesmo tempo em que ela se sentir bem quista, ela irá querer te dar algum retorno, um retorno até mesmo inconsciente, involuntário e natural, refletido na amizade, no amor e em tudo o mais que você merecer.
Não dificulte a lógica natural de um ser humano de bem: quando sentimos que alguém faz algo de bom para a gente, queremos fazer algo de bom para essa pessoa também. Se essa pessoa especial se vai, a gente sente falta. Torce por ela. Não é assim contigo?
Quer chamar atenção de uma pessoa? Pergunte sobre a vida dela, se mostre interessado, sem ser invasivo ou forçador de barra, mas tão somente interessado.
Uma pessoa que você gosta está com problemas? Não se faça de doido, nem dê conselhos vagos de quem tem preguiça de pensar e de se envolver na conversa. Ela vai perceber.
Quer ter pessoas ao seu redor? Divida algo que você gosta – e até mesmo o tempo que você não tem – com elas. Não sempre, senão você vira capacho. Mas você me entendeu, tenho certeza disso.
O contrário também vale…
Por sua vez, se você quiser se desencantar de uma pessoa, repare se ela se folgou na oportunidade de “ser o centro” e não quis mais saber nada sobre você. É tudo muito sutil, mas é do pouco que você percebe o muito.
Você não pode dar esperando receber algo em troca, mas se você nunca recebe nada, você cansa. É complexo, mas é assim que funciona. Você faz a sua parte, se a pessoa não fizer a dela, paciência e interprete como oportunidade de cair fora: o que você não pode é deixar de contribuir com o seu pedaço.