Leitora: Tenho 20 anos e ele 29, nos conhecemos há três anos pela internet. Por causa de uma cicatriz grande no rosto, que o rendeu 28 anos virgem e sem nunca ter beijado alguém, a sua autoestima é realmente baixa. Quando comprei o meu apartamento, convidei-o para morar comigo. Ele sempre morou com a mãe e nunca trabalhou. Começamos a namorar, mas dei a condição de que ele teria de ser submisso a mim (na cama, é claro!) pois sempre pratiquei BDSM e sempre fui a dominadora. Ele gostou da ideia.. mas parece que a levou ao pé da letra. Eu trabalho e faço faculdade de medicina veterinária, o que me rende muito tempo fora de casa e me faz querer pegar um emprego que use menos horas.. A questão é que se eu fizer isso, o salário será muito mais baixo (eu ganho na faixa dos mil). Sempre que peço para que ele arrume um emprego para me ajudar (ele mora comigo!) ele diz que não tem autoestima para isso e não saberia lidar com um emprego. Gosto muito dele, ele passa o dia todo no computador jogando RPG… O que eu faço? 🙁
Caraca, você consegue sustentar uma casa ganhando na faixa dos mil e ele fica “de boa?”. Você é doida mesmo, mas vamos mudar isso aí!
Primeiramente, acredito que no fundo, no fundo, você sabe que a culpa também foi sua. Como boa dominadora que você é, acredito que não só ele, como você mesma encararam a situação de uma forma mais extrema do que deveria: você mais “super mulher moderna – faz tudo – E BDSM”, e ele como “nerd de baixa autoestima e traumatizado social”. É claro que isso não significa que você tenha que arcar eternamente com as consequências, mas sim que ainda dá tempo de sair e mudar o rumo do trem. Agora que você já entendeu que não dá pra ficar por cima sempre, bora tirar o rango aos poucos do moço que ele já está se alimentando demais.
Se o problema dele tem como causa a cicatriz, porque ele não procura um médico – nem que seja pelo SUS – para se tratar? Hoje em dia, existem tratamentos e remédios extremamente modernos que vão desde cirurgia plástica, até pomadas que estimulam a produção de colágeno, entre outras coisas. E se ele falar que a tristeza não deixa, manda ele se imaginar lindo, feliz e sem cicatriz que ele já pula do sofá rapidinho! Pegue o telefone agora e bora marcar uma consulta pra ele!
Depois que, cá pra nós, se ele for meio nerd viciado em games, pode não ser só a cicatriz, mas sim o fato dele já estar em um nível de “vício nerd”, inclusive mais comum do que a gente pensa, tão grande que o sonho dele é ficar comendo, dormindo e jogando. Ou melhor, dormindo e comendo pouco que é pra dar tempo de jogar kkkkk. Converse com ele que ninguém gosta 100% da vida que leva, nem 100% do corpo que tem ou de tudo que faz, porém, não é por isso que as pessoas deixam de trabalhar e ficam em casa fugindo do mundo, né? Agora ele pensa que o que ele faz é confortável e suficiente, porém, depois que ele se abrir pro mundo, verá o tanto de tempo que perdeu fugindo de tudo e todos.
Tão importante quanto tudo que disse acima, é ele procurar ajuda psicológica. Sem essa de pensar que terapia é coisa de maluco e ficar com vergonha de pedir ajuda: todo mundo deveria procurar análise para se entender melhor, até porque, na pior das hipóteses, ao final do tratamento, até o ser mais evoluído de todos terá aprendido algo. Concorda?
Se em último dos últimos casos ele não conseguir, não quiser ou ainda não se sentir preparado para arrumar um emprego, isso não significa que ele tenha que fugir das responsabilidades da vida. Por que ele não abre uma loja online pra vender coisas pela internet? Ou faz qualquer outro tipo de trabalho que dê pra ficar mais em casa? Ou ele não pode sair de casa nem para ir aos correios deixar as encomendas? Ou ele não vai nem à padaria? Veja inclusive se ele não está com problema de depressão. Em qualquer um dos casos, ele precisa saber que ficar assim não dá.
Boa sorte!