Você queria um relacionamento duradouro, mas nunca consegue? Ou até consegue, mas não dura o tempo que você queria, ou da forma que você gostaria, até que você começa a achar que ou é porque você está fazendo algo de errado, ou estão fazendo alguma macumba para você? Sem contar as vezes que você mal consegue engatar um relacionamento, quem dirá fazê-lo perdurar!! Acredito que muitas vezes nós mesmos somos os grandes vilões dessa história quando recorremos a algumas máximas como “eu sou perfeito e não tenho tempo a perder: se alguém fizer algo que eu não gosto a fila anda“, e do “só os outros que erram, eu sou no máximo mal compreendido“. Sem contar aqueles que acham que tudo é perda de tempo, inclusive no que diz respeito a praticar a atitude que serve de base para qualquer bom relacionamento, que é ter uma conversa franca sempre que a ocasião pedir isso.
Sei que muita gente já se encheu de preguiça só de pensar “ihhh… lá vem DR”, e acho que esse é o primeiro ponto que deve ser pensado diferente: por que a DR tem que ser vista como algo ruim? Por que não podemos pensar nela como a grande heroína da relação? É preciso entender que o ser humano expressa muito dos seus sentimentos falando e é graças à comunicação que não só melhoramos o que está ruim, como também podemos preservar o que está bom. Ou você acha que elogiar uma atitude que você adorou não é uma espécie de diálogo que ajuda a manter um bom relacionamento? Sem contar que conversar, seja lá sobre o que for, acaba criando um maior laço de amizade, companheirismo e cumplicidade entre o casal que acaba se sentindo cada vez mais à vontade para fazer dar certo.
Muita gente diz que prefere se calar do que falar para não ter problemas, mas nisso eu pergunto: o que você ganha com isso?! E eu mesma respondo: ganha dois problemas, que seria não só o que você já tem, com o acréscimo de um problema interno. Interno porque se você não fala o que te afeta, você continua não gostando e chateado do mesmo jeito, e a única diferença será que você ficará se matando e desmotivado por dentro, enquanto a outra pessoa continuará fazendo as mesmas coisas, porque afinal de contas ela nem sabe o que está acontecendo! No fim você não diz nada, ela não muda nada, e continua todo mundo no caminho errado. Além do mais, em se tratando de relacionamento, quem cala consente.
Sempre digo que a maior parte das pessoas são mais fáceis de lidar do que parece, e que basta saber qual é o ponto fraco para conseguir o que queremos (levem isso pelo lado positivo, e não pelo lado da manipulação negativa, ok?! haha). Eu mesma me cedo como exemplo e digo que para conseguir conversar comigo basta assumir algumas falhas, e talvez me trazer um café que a conversa já começa bem. As chances de eu admitir os meus erros só aumentam, porque se a pessoa admite os erros dela e está desarmada, qual motivo eu teria para me armar? Parece uma dica boba, né? Mas na prática ela é mais do que eficiente, e se duvidar basta gritar com uma pessoa que está falando baixo contigo para ver o que acontece..
Quantas vezes você deu um pé na bunda de alguém que fez algo que você não gostou, mas que você preferiu não falar nada “para não se estressar”, ou até mesmo para “não perder o seu tempo”? Quantas vezes você também não deixou de falar algo que você não gostou por achar que o acontecido não tinha conserto? Pois é, o que acontece é que nessas horas nos esquecemos de algo fundamental, que é o fato de que muitas vezes o outro continua errando por falta de noção e de “um toque amigo”, e não por falta de caráter ou má vontade, e que essa noção ele poderia ter resgatado facilmente caso você(s) tivesse(m) se manifestado um pouco mais.
E sabe aquela outra pessoa que você largou “porque ela era fria demais”? As vezes se você tivesse esperado um tempo a mais para ela se soltar, e mais do que isso, se tivesse falado para ela que frieza demais te assusta, ou até mesmo tivesse se mostrado uma pessoa mais “quente” e acessível, talvez ela tivesse feito um esforço para mudar, MASSS como você não disse nada e ela não pode adivinhar tudo, acabou que foi cada um para o seu canto, rumo a quem sabe um “solteiros para sempre”. Tá bom, você pode pensar que ela também podia ter te dito algo, ou que o fato de você ter se manisfestado não significaria que ela teria mudado. Até pode ser, mas pelo menos você teria feito a sua parte, percebe a diferença? Acredito que se as pessoas buscassem se entender mais, talvez hoje pudessem ser mais felizes juntas buscando entender os seus “desacordos” do que separadas em comum acordo e comodismo por terem ido pelo lado mais fácil, que sabemos que raramente é o mais feliz.
Maldita ideia dos fast foods, do controle remoto e de tudo aquilo que nos facilita e nos faz pensar que basta um chamado para que tudo seja resolvido. Mesmo que não paremos para pensar nisso e não tenhamos essa ideia de forma consciente, a realidade é que queremos que os relacionamentos venham igualmente prontos feito receita de bolo, tal como prescrito em nosso cardápio favorito, que você pede, come, não se decepciona e é só alegria. Sem contar nossa mania de perfeição em achar que existe aquela pessoa ideal, comparando esse ser que mal vimos nos filmes da Disney (ou da Playboy? hehe) com a pessoa que estamos atualmente, e pensamos que por não ter tudo o que a gente espera, ela não é a pessoa ideal para ficar com a gente, e que por isso não vale a pena investir nela.
A grande verdade é que o ser humano não nasce pré-programado: somos produtos de nossas vivências e experiências, as quais são responsáveis pela formação da nossa personalidade psicológica e emocional. Talvez um dos grandes baratos de se relacionar esteja justamente em descobrir o outro e ajudá-lo a se melhorar. Claro que, para isso, é necessário que o outro também esteja aberto a essas mudanças, uma vez que ninguém possui poder de mudar o outro se ele mesmo não adquirir a consciência de que necessita empreender algumas mudanças em si.
Sendo assim, já parou para pensar que as vezes perdemos mais tempo por não termos falado do que por termos falado? É que às vezes, se ocupar com a melhoria do outro dá efeito direto na nossa própria felicidade e economiza nosso tempo ocioso e triste, não só pelo clichê de que ajudar faz bem, como também porque se fazemos algo bom, temos mais chances de receber algo bom em troca, consequência que agrada nosso lado egoísta em querer ser sempre feliz, e se possível 24 horas por dia, por favor.
Não quero dizer que temos que brincar de jogo do contente e ignorarmos determinadas deformidades de caráter, mas sim que precisamos enxergar as pessoas como seres tão imperfeitos quanto nós, mas que com nossa ajuda podem se tornar um pouco mais próximas do que queremos. Não, isso não é obra de caridade, mas sim uma ajuda a você mesmo: ou você prefere ficar sozinho com apenas a sua parte podre da laranja? Se hoje em dia o amor é muito pouco para fazer dar certo, nos resta amar na cumplicidade do diálogo. Agora, se perceber que o outro está fazendo daquilo que para você era um diálogo, uma discussão, é porque essa pessoa realmente não dá para você.
Também indico a leitura do post: Por quê os relacionamentos não dão certo?
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