Leitora: tenho 37 anos sou junta com um homem a 20 anos e tenho 2 filhos ja rapazes. conheci uma mulher de 42 anos q se diz lesbica desde sempre, ela se apaixonou por mim e ai começamos uma amizade, pelo menos de minha parte, ela me eleva , me da auto estima e confiança, me diz coisas q nunca ouvi de nenhum homem, acho q estou apaixonada por ela, gosto dela, apesar de jamais te-la encontrado pessoalmente, ñ sei o q faria se a encontrasse, apenas sei q gosto de te-la em minha vida, mais ñ sei o q realmente sou. Quero saber, eu sou bi, lésbica, ou sou só uma mulher num casamento falido em busca de carinho seja de quem for? Por favor me ajude.
Você está sim carente, e nessa condição é natural que confunda necessidade afetiva com amor, o que impede que as coisas possam ser vistas com mais clareza. Você está próxima à meia-idade, um período da vida em que ainda não se é tão velho, mas também não se está tão jovem, e onde o tempo já começa a deixar seus primeiros sinais, trazendo mudanças físicas ao corpo e algumas inseguranças; tem um longo relacionamento desgastado e filhos já crescidos que estão dando os primeiros passos rumo à vida adulta, e que por isso já não dependem tanto assim de você .
Nesse contexto, qualquer elogio causa um impacto emocional muito maior do que o que provocaria se você não estivesse vivenciando tudo isso. Provavelmente o que você gosta nessa moça que conheceu pela internet é da atenção que ela lhe dispensa e dos galanteios dela, coisa que ultimamente parece que tem lhe feito muita falta, e que eu ouso dizer que é uma necessidade emocional básica do ser humano. Aproveitando o ensejo, nunca é demais relembrar que pessoas que se conhece através da internet inspiram um certo cuidado, sobretudo quando se está emocionalmente fragilizada como você, condição que pode impedi-la de enxergar quem está do outro lado de maneira mais sóbria e nítida. Se quiser saber mais sobre isso, dirija-se ao post intitulado “Dicas e Precauções na Hora de Encontrar Alguém da Internet”, que te dará algumas dicas relevantes sobre o assunto.
Vou falar uma coisa aqui que certamente atrairá a discordância de algumas pessoas, ou até mesmo sua: acredito piamente que alguém possa se envolver numa relação homossexual apenas por carência afetiva e/ou falta de segurança com o sexo oposto e sucessivas desilusões com o mesmo, e não por ser propriamente gay. Em minha experiência de vida, já vi isso ocorrer três vezes. Claro que a esmagadora maioria das pessoas que se relacionam com outra do mesmo sexo o faz por uma questão puramente de orientação sexual. No entanto, nem sempre é assim, e noto que essa permuta sexual decorrente desses três fatores é mais comum entre mulheres. Ao menos os três casos que conheço aconteceram com pessoas desse gênero.
Para dar um exemplo mais palpável disso que eu afirmei acima, existe uma atriz da Globo, a qual sempre fora gordinha, e por isso sentia dificuldade em se aproximar dos homens e ser escolhida por eles, que viveu mais de 15 anos com outra mulher. Quando ela chegou na meia-idade, separou-se de sua companheira para começar a ter experiências com homens, tendo sua primeira vez com um depois dos 40 anos de idade, e segundo ela mesma diz não pensa em voltar a se relacionar com mulheres. Então fica muito claro para mim que ela se relacionou com alguém do mesmo sexo durante vários anos apenas com intuito de suprir suas necessidades afetivas.
Quando ela amadureceu e se sentiu mais segura para ficar com pessoas do sexo oposto, que é do que ela realmente gosta, ela foi buscar isso. Agora óbvio que nem todo mundo que tem suas dificuldades com o outro gênero irá adotar a mesma postura, mas partir para essa alternativa não é algo incomum como grosseiramente a gente costuma imaginar. Te digo isso porque caso você venha a se encontrar com ela, poderá sim, acabar se envolvendo sexualmente, ainda que talvez não seja realmente homossexual.
Existe um filme que aborda essa temática dentro de uma situação análoga à sua. Ele se chama “O Preço da Traição” (com Amanda Sayfield). Recomendo caso não tenha assistido ainda que veja. Talvez ele possa ajudá-la a visualizar e compreender melhor essa questão da homossexualidade feminina em casos como o seu.
Você fala que está em um relacionamento falido. Será mesmo que não dá para reacender a chama entre vocês? Por que não tenta reativar o seu casamento, se é que ainda é possível, ao invés de simplesmente ficar conversando com uma estranha cujas intenções você nem mesma tem certeza, e de quebra ainda está causando confusão em sua mente acerca de sua própria sexualidade? É que às vezes a gente quer ir pelo caminho mais fácil, pois reacender uma chama pode dar trabalho. Em casos assim parece ser mais acertado ou até mesmo tentador pegar a que já está acesa, ainda que ela possa vir a se apagar logo e nos deixar novamente às escuras. Eu penso que você deveria lutar mais pelo seu casamento porque só vence quem luta. Pense nisso e um filme interessante sobre casamento em crise é “Divã Para Dois”, o qual aborda o assunto de forma muito realista, e que certamente criou uma sentimento de identificação em muitos telespectadores que passam por situação semelhante a nele descrita. Eu assisti e adorei. Espero que goste também.
Boa sorte!