Leitor: Olá, tenho 23 anos e namorei durante um ano com uma menina que eu terminei por não concordar com a religião que ela seguia, Igreja Messiânica Mundial do Brasil, porém, após terminar, vi que havia tomado uma atitude equivocada e que eu deveria respeitar ela e a religião dela independente de qualquer coisa. Decidi ir falar com ela para voltarmos, ela falou que poderíamos voltar desde que eu a acompanhasse na igreja, ela não quer que eu me converta nem nada, apenas que eu a acompanhe, porém, eu não concordo com a religião dela e não gosto de igrejas num modo geral, mas ela colocou essa condição para a continuidade do nosso namoro e está irredutível. Eu a amo muito e nesse um ano mudei minha vida pra viver com ela (exceto a religião), mas agora ela está intolerante e eu não quero acompanhá-la na igreja, o que eu faço? Nesse um ano, mesmo sem a acompanhar na igreja ela sempre me falou que eu sou/era o melhor namorado que ela já teve, mas acredito que o fato de eu ter terminado por causa da religião dela acabou fazendo com que ela tenha essa atitude agora.
Avisa para ela que intolerância e religião são definitivamente coisas que não combinam, muito menos “vingança com religião”. Se você terminou com ela por conta da religião dela você está errado, porém, se ela só volta se você for à igreja dela e quer usar a “mesma ideia ao contrário”, ela está igualmente errada. Não importa qual é a religião: todas tem o amor em comum. Se é assim, porque brigar quando esse sentimento nobre existe? É a fé que move montanhas, não uma igreja em específico. Eu também não tenho religião, mas particularmente gosto de algumas igrejas pela paz que elas transmitem. Não sei se você acredita em energia, mas eu acredito e acho que como muita gente fica mais tranquila, em paz, e inclusive fica mais humilde no momento em que está na igreja, essa energia boa acaba passando para os visitantes, independente da religião deles, sabe? Assim, em caso de você também acreditar nisso, você até poderia acompanhá-la independente da sua religião, por ser um ambiente que te faria sentir coisas boas, porém, se você não quer e essa atitude acontecer só porque foi forçada, é claro que isso anularia os efeitos positivos do ato.
Acredito que vocês devem conversar, que um deve respeitar não só a religião, como o tempo do outro. Fale que ela está tendo a mesma intolerância que você teve com ela, e que por sinal você parou de ter porque se tocou que não faz sentido. Logo, por que ela teria que continuar com uma intolerância que ela mesma sofreu em relação a você? Um erro não justifica o outro, e se ela ficou magoada por você ter terminado por causa de religião, por que ela pensaria que você não teria igual desconforto?
Se você não está afim de fazer, não faça. Porém, é claro que vocês não precisam brigar por causa disso. Fale que da mesma maneira que você achou injusto “forçá-la” – mesmo que indiretamente por ter terminado com ela por conta de religião – a mudar de opinião, você não gostaria de passar por isso também. Fale que você pode até pensar no caso, mas que não pode dar garantias de que irá, visto que fé é algo que tem que vir do coração, não da imposição. Eu no seu lugar falaria inclusive que pressão demais pode acabar mais afastando do que aproximando, visto que você poderia acabar associando a religião como algo que gerou conflito entre vocês, entende? E se ela te pedir para ir mesmo sem acreditar, pergunte para ela que sentido faria e se ela gostaria de não ir para a Igreja só porque você gostaria da companhia dela para fazer outra coisa contigo, pois teoricamente, da mesma forma que ela quer que você a acompanhe em algo, você poderia pedir o mesmo para fazer outras coisas, né?
Se mesmo assim ela não aceitar, pense bem antes de assumir uma pessoa tão diferente de você, porque veja bem, você pode até ir à Igreja dela um dia ou outro para fazê-la feliz, porém, se isso não te faria feliz, que graça teria esse namoro? Depois que uma coisa é ir à Igreja dela uma vez ou outra, outra coisa completamente diferente é ir para o resto da vida na “livre e espontânea pressão”. Você suportaria? Explique também que mesmo quando um casal se ama, ambos teêm direito à sua vida e seus gostos particulares. O amor é livre, não é uma corrente que ambos colocam nos braços e que diz que onde um irá, o outro irá atrás. Assim como ela tem a vida privada, os amigos, e até mesmo os gostos dela, você também tem os seus. Se ela mesma disse que você é o melhor namorado que ela já teve, o que mais ela quer que não seja ser feliz e te fazer feliz? Diga que ela tem que observar o seu caráter e se você faz bem para ela, não se você é “Joãozinho vai com os outros” que tem que fazer algo só porque ela quer assim. Ou será que ela te mandará passar batom só porque ela passa e acha bonito?
Cada um tem a sua vida, sua crença e isso inclusive deveria ser algo enriquecedor nos relacionamentos: aprender, respeitar e tolerar as diferenças. A propósito: não é a Igreja que prega o respeito ao próximo? Que graça teria viver com uma pessoa que é exatamente como você? O que você aprenderia com isso? Vocês tem que admirar o coração do outro, ter química e se dar bem na conversa. O resto serve como lição de vida e até mesmo para nos deixar mais humildes ao sabermos que o mundo não gira apenas em torno das nossas vontades, mas sim do amor em comum.