Quem diria que em um dia de trabalho em uma cidade que nem é a sua você fosse conhecer alguém tão bacana e com uma história tão inspiradora. Foi isso que aconteceu com Caroline Elisa, que mora em Santa Catarina, mas foi fazer um trabalho em Recife. A psicóloga chamou um táxi, mas na verdade estava chamando um futuro amigo e nem sabia disso: ao volante estava Getúlio, um taxista de 60 anos e que a ensinou de forma simples o que muitos de nós precisamos aprender: fazer um relacionamento perdurar mesmo depois de muitos anos de convívio.
Quem responde à pergunta mais recorrente do mundo dos relacionamentos é Getúlio e quem transcreve o texto é a Carol. A encontrei no facebook e pedi autorização para divulgar esse texto com a gente!
Hoje meu dia começou com uma sorte gigante. Conheci Getúlio, um senhor de 60 anos, aposentado, taxista há 7 anos e nas horas vagas, faz perfumes (tem um nome específico para essa profissão, mas não lembro).
Pediu para fazer uma ligação rapidinha antes de sairmos. Ele precisava ligar para a esposa. Eu, dentro do táxi, ouvi: “Amor, só pra te dizer que estou saindo, indo para o lado do Paiva. Te amo!”Ouvi aquilo e não me contive: “Ela é sua namorada?” Ele disse: “Sim. É minha namorada há 35 anos”. E foi a partir daí que tive uma das melhores conversas dos últimos tempos.
Perguntei qual era o segredo de uma vida conjugal tão feliz. Entre uma indagação e outra, ouço as palavras a seguir:
– Vaidade: “Eu me cuido. Minha esposa também. Comemos bem. E somos vaidosos. Eu ando sempre bem cheiroso e minha esposa também. O perfume que eu mais gosto se chama “Marlene”. Foi um perfume que fiz para minha esposa. Misturei 3 essências, ficou um luxo! Quando ela coloca o perfume e eu sinto o cheiro dela chegando, fico todo apaixonado.”
– Renúncia: ele disse “Ex.: Se eu detesto forró, mas a veinha gosta, vou por ela. Então, um dos segredos é a renúncia. Mas é renunciar sem o outro saber. Do contrário, vira cobrança.”
– Senso de Humor: “Pessoa ranzinza não é de Deus. Chega uma hora em que o sexo não é mais tão importante. Então tem que rir. Você deve casar com alguém que gosta de conversar, porque um dia os filhos vão embora e fica você e sua véia. Já pensou ter que conviver todos os dias com alguém sem senso de humor e que você não gosta de conversar?”
– Surpreender: “Quando ela fez 50 anos, organizei uma festa surpresa para ela. Tinha 200 pessoas. Todas as pessoas que ela gostava. Não sei cantar, mas ensaiei dois meses uma música de Roberto Carlos pra cantar para ela. Tinha levado o remédio da pressão porque ela é hipertensa e poderia se emocionar demais. Acabou que eu fiquei tão emocionado, que tomei o remédio dela. Foi uma das expressões mais lindas que vi no rosto dela, porque ela ria sem parar da minha desafinação. Valeu a pena o meu esforço, ao menos fiz ela rir. Agora, a próxima surpresa vai ser um cruzeiro com Roberto Carlos. Será no ano que vem.
– Perdão: “Eu nunca dormi com coisas pendentes. Bunda com bunda. Eu prometi para ela no dia do casamento que nunca dormiríamos de costas um para o outro. Isso já nos salvou de muitas decisões erradas.”
Escutei tudo com muita atenção e entusiasmo e me dei conta, mais uma vez, do quanto preciso evoluir.
Vou parar por aqui, já ganhei meu dia hoje. Obrigada, Sr. Getúlio!
Sr. Getúlio, nós aqui do blog também te agradecemos!!
10 Comentários
PS: Tava aqui pensando, acho que acabamos com a parte da surpresa pro show do Roberto Carlos kkk
Ai,gente…que lindo!Quero uma relação assim para mim,eu e meu namorado estamos nos esforçando para nos aperfeiçoarmos nesses aspectos 🙂 O problema maior dos relacionamentos hoje em dia é que muitos casais querem só o prazer e deleite mas não querem “trabalhar” para desenvolver a relação,que nem sempre é uma atividade facílima,requer muita paciência,pensamento positivo e boa vontade…ah,e trabalhar a nossa capacidade de perdoar acredito que seja imprescindível para uma relação perdurar por anos e anos. ;D
Engraçado perceber que as pessoas consideradas mais “simples”, “humildes” tem essa visão tão encantadora de relacionamentos, enquanto os setores mais high society (não generalizando, apenas falando da maioria), tendem a tratar relacionamentos, parceiros, parceiras como simples mercadoria. Se não der certo, troca, de preferência por uma esteticamente mais bonita e intelectualmente mais atrasada.
Chesterton dizia que o casamento tem que ser igual a um pacto militar, o problema é que as pessoas acham que paixão é amor, e tb tem essa visão encantadora que vc relatou, ninguém quer trabalhar pelo relacionamento, ninguém quer o sofrimento, só o prazer imediato…
Algumas conquistas e evoluções, paradoxalmente, trazem consequências desagradáveis. O exemplo de casamentos que são verdadeiras prisões, muitos deles o dos nossos próprios pais, acredito, traumatizou as gerações mais novas. Se você pensar no modelo clássico de casamento, cada qual com um papel rigidamente definido, e condenados “até que a morte os separe”, nada mais óbvio do que celebrar a liberdade conquistada. Se não tá agradando, separa! A nossa busca incessante pelo próprio prazer, está nos fazendo muito intransigentes. Na matemática dos relacionamentos entramos muito com a adição e esquecemos que a subtração é necessária também para uma boa média.
Esse “condenados” foi muito pessimista =(
Concordo! E acredito que ele teve alguma frustracao na vida afetiva! O tal Carlos!
Essa busca desenfreada, só irá piorar e nunca terá fim, o que nos satisfaria realmente seria uma perfeição que é inalcançável. O verdadeiro amor acontece quando sentimos prazer em fazer algo por alguém, se doar, e da mesma forma, quando sabemos o quanto custou para o outrem gastar-se por nós, só que hoje achamos que tb as relações podem ser consumidas, valem as mesmas leis que usamos para a matéria o que é um erro, pois somos mais que isso.
depois de ler isso, fiquei tão feliz!!! Agora tenho mais certeza ainda que tô no caminho certo.
Adicionei a minha vida todos estes ensinamentos.