Conforme sugerido pela criadora do blog, cá estou relatando um pouco da minha vida, a parte menos sacra dela e que me causa problemas há muitos anos.
Como todo filho de pais católicos tradicionais, fui desde muito cedo empurrado para toda e qualquer atividade dentro da igreja. Não que a igreja em si seja ruim ou tais atividades sejam um problema, mas ser obrigado a frequentá-las não é das coisas mais agradáveis.
Minha mãe relata ter tido a vontade de se tornar irmã de caridade, mas por proibição de meus avós não pôde realizar seu desejo. Então, involuntariamente ela transferiu esse desejo a mim e minha irmã. Eu, como mais submisso e preocupado com a opinião dela, estive mais suscetível a esta vontade e à sua linha de pensamento.
Quero destacar que nada tem de demérito da igreja, não culpo qualquer denominação religiosa pelo que aconteceu anteriormente.
Prosseguindo, tive uma adolescência meio conturbada, cobranças por notas, cobrança por comportamentos exemplares na escola e punições em casos contrários. A questão sexual então, muito pior. Me lembro de ter doze anos e ao perguntar sobre sexo, ganhar um “livro”, o qual dizia: “Quando se amam, papai e mamãe fazem carinhos, e papai introduz a sementinha do amor na mamãe, dando origem à você.”
Dá pra imaginar o que isso causa em uma cabeça já cheia de confusões e dúvidas da idade. Acrescente-se a isso o fato de toda e qualquer revista, Veja ou Istoé, que apresentasse fotos de mulheres de biquíni ou outras situações (algo mais velado na década de 90), era rasgada e sem motivo atirada às chamas. Nem preciso imaginar o sentimento de culpa que já possuía por algo que sequer conhecia.
O primeiro filme “pornográfico”, um clássico Emanuelle passado às 2 da madruga e descoberto por engano, me causou uma crise de risos que recordo com nostalgia nos dias atuais. Aqueles gestos, aquelas feições, seios, sentadas mesmo que em off, me causaram uma crise de gargalhada e um certo espanto, não conseguia imaginar como aquilo seria sexo, onde teriam buracos ali.
Daí, a curiosidade foi se expandindo e, estando no ensino fundamental, tinham aquelas revistinhas vendidas em bancas (sempre compradas por aquele aluno repetente), e nelas apareciam mulheres com vários parceiros, algumas como animais, engolindo esperma, sendo penetradas por todos os buracos possíveis e imagináveis.
Até então, eu só sentia curiosidade e um pouco de excitação ao ver tais imagens. Mas na sala de aula, alguns alunos comentavam sobre a “punheta”. No começo eu achava um termo engraçado, e diante do espanto ao dizer que nunca tinha praticado, fui orientado que, fazendo com o pênis pra cima e pra baixo, eu sentiria algo muito bom e no final, ainda sairia uma “surpresa”.
Diante de alguns vídeos baixados com dificuldade (quem já usou internet discada IG após as 14:00 horas de sábado consegue me entender), eu comecei a tentar a tal prática. Parecia um leiteiro inexperiente tentando descobrir que a vaca possuía leite, e foram várias tentativas frustradas.
Até que um dia, consegui engatar um controle de embreagem. A sensação durante era algo até então novo, sangue correndo depressa, respiração ofegante, mãos trêmulas. Não gozei de primeira, e não fazia ideia do que seria gozar também. Então, após alguns dias brincando, finalmente “foi”. Para um adolescente de 12 anos, era como ir ao céu e voltar. Não há palavras para a sensação que sentia e a empolgação de ter descoberto essa “magia”.
O problema foi controlar. Nos dias, meses, seguintes, a rotina se tornou extremamente desgastante. Até conseguir conciliar estudos e a masturbação, se seguiram notas perdidas, noites em claro. E com severa punição em decorrência das notas (no entanto sem desconfiança dos pais), a culpa já começava. Mas, se seguiram dias em que a frequência chegava a 10, 11 vezes ao dia. Nem preciso dizer que precisei ir ao médico várias vezes com membro esfolado, entre outros.
E não me importava a hora, o momento. Eu me trancava no quarto por semanas, e só conseguia pensar e fazer aquilo. Nem preciso mencionar que o fato de ser muito magro, usar óculos, aparelho e ser eleito por 6 anos seguidos o estudante mais feio da escola (e estando meu nome nos 3 primeiros) ajudou a aumentar a proporção. Para cada humilhação sofrida, eu descabelava o palhaço até não conseguir pensar mais naquilo. O que gerava um ciclo infinito, pois só pensando nisso, meus assuntos, inclusive com colegas de sala do sexo feminino, eram os mais escrotos e sexuais possíveis.
Nessa época, com as locadoras fazendo vista grossa, era possível alugar fitas cassetes e passar dias com elas escondidas debaixo do colchão. Foi quando o processo de culpa se intensificou. Coloquei meu “arsenal” de fitas, revistas (época em que não se encontrava playboys e afins na internet e se economizava meses de merenda para aquisição das mesmas) embaixo do colchão. Um dia, ao limpar meu quarto, minha mãe descobriu o meu aparato onanístico e ao chegar da aula ouvi 2, 3 horas de xingamentos. Frases como “você tem uma irmã, gostaria que ela estivesse sendo tratada deste jeito?”, “consegue ver sua mãe dessa maneira?”, dominaram meus pesadelos por meses, até hoje não consigo ver filmes com atrizes de nomes parecidos aos delas nem ver filmes ou me relacionar com mulheres de cabelos curtos.
A frequência da masturbação e acesso à pornografia não diminuíram, mas a culpa aumentou e muito.
Passaram-se alguns anos, e a feiura não. Eu acabava de fazer 18 anos, e nunca tinha despertado interesse em qualquer menina, não havia chegado sequer perto do primeiro beijo, o que dirá sexo.
Decidi então entrar para o seminário, realizando assim um desejo maternal e podendo justificar para mim mesmo minha total inabilidade com o sexo feminino. Foram 10 meses me empenhando, estudando, fazendo encontros. Comecei então, no Orkut, a fazer contato com uma garota de salvador.
Incrivelmente, ela se interessara por mim (não esteticamente, claro), e estava sendo muito bacana. Nunca tinha tido esse tipo de atenção, mas estava determinado a concluir o seminário e me engajar na vida religiosa. Mas, não pude resistir, e acabei iniciando um relacionamento virtual com esta garota de Salvador, Bahia. Larguei o seminário, mas ainda reprimia meus desejos sexuais.
Não quero entrar em detalhes, pois estou falando de outra pessoa, mas tive com ela meu primeiro beijo e minha primeira relação sexual. Devo admitir que de primeira, sendo ela também virgem, não vi tanta graça no sexo, parecia algo dolorido e desconfortável para ela. Mas, a chama que eu nutria em mim, a partir deste momento encontrava-se descontrolada.
O relacionamento acabou, entrei em depressão, emagreci quilos que já eram poucos e fiquei um bom tempo sem me envolver com ninguém. Mas, chegava a ter 50, 60 DVDs cada um com 8 GBs de vídeos, fotos, e materiais de pornografia diversa. O vício se instalava com uso capião, e eu começava a ficar refém de tudo aquilo.
Todos os meus relacionamentos a partir daí passaram a ser baseados no sexo e na busca infreável dele. Não conseguia pensar em qualquer relacionamento, em qualquer garota sem pensar em fazer sexo com ela das formas mais selvagens possíveis e quantas vezes ao dia pudesse.
Cheguei a ter uma namoradinha que me levou à desidratação severa depois de uma jornada de 3 dias no motel…
E eu não conseguindo parar. E me sentindo um monstro escroto por pensar assim. Fiz terapia, aconselhamento com padres, para me livrar desta “maldição”que possuía. Consegui então equilibrar o desejo e o afeto, não querendo apenas o sexo, mas aliando o mesmo ao relacionamento. Mas o desejo, a vontade incontroláveis não passaram.
Comecei a me aceitar assim, mas continuei tendo dificuldades de relacionamento. Permanece sendo difícil convencer uma mulher de que o fato de querer sexo além do normal, e com puxões de cabelo, xingamentos, entre outros, não o torna uma pessoa imoral e sem caráter.
Ainda me considero viciado, e não pretendo a cura, mas minha visão sobre relacionamentos mudou bastante. Não consigo me imaginar namorando ou até mesmo casando sem poder brincar de “brasileirinhas” 3, 4, 5 vezes ao dia.
Texto por: Colaborador Anônimo
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