Leitora: Comecei um relacionamento com meu primo, porém somos de estados diferentes, ele veio morar comigo em SP, e depois de um ano de relacionamento começou querer voltar para sua terra natal (Bahia), pois sua mãe estava sozinha e se lamentava todos dias pra ele por telefone. Diz que gosta de mim, quer ficar comigo, montar família, porém largou seu emprego aqui e foi embora dizendo que iria voltar. Mas quando chegou lá, surgiu a indecisão, pois sua mãe não quer vir e ele não quer deixá-la. Me liga dizendo que não sabe o que fazer, mas quer ficar comigo também só que lá, porque a mãe não vem. Eu não posso ir, tenho emprego fixo, tenho filhos pequenos (de outro relacionamento) e ele lá nem tem trabalho, fica na barra da mãe dele. Tenho dúvidas porque eu o amo muito mas tá difícil demais assim. Gostaria de uma sugestão.
Sei que não foi bem a sua pergunta, mas só para dizer brevemente: se a religião de vocês, se é que vocês têm religião, não é contra casamento entre primos e se vocês estão totalmente “ok” em se relacionarem mesmo com esse parentesco, caso vocês queiram ter um filho em comum, recomendo a consulta a um médico para fazer exames genéricos e sanguíneos para saber a compatibilidade entre vocês. Isso ajudará a saber as probabilidades de ter um filho com problemas de saúde, etc. Ok?
Agora indo direto para a sua pergunta: vou te falar algumas possibilidades que cabe a você usar qual se adéqua mais ao seu caso:
1- Ela é a típica “mãezona”
Tudo bem que “mãe é mãe”, porém, essa é uma mãe especialmente legal, ou que ao menos mima muito. Se for isso minha amiga, se prepare! Pode reparar: filhos que tiveram mães muito legais e presentes, daquelas que davam até mimos extras fora casa, comida e roupa lavada, costumam ter muita dificuldade em largar a barra da saia da mãinha. E eu até entendo sabe? Fora mãe ser sempre mãe, quando a pessoa é muito bem tratada, na cabeça dela não tem nem por que querer sair de casa. Sem contar que esse tipo de homem também tende a ser um marido mais exigente, daquele tipo que espera que a esposa seja tão presente, paciente (entendeu, né?!) e prestativa quanto a mãe.
2- “Mãe coitadinha”
Uma outra opção é a mãe dele ser do tipo que eu pessoalmente mais abomino: daquelas que não se esforçam em nada para ter o filho sempre por perto e que muitas vezes a esposa faz até muito mais do que elas, mas como elas (as mães) não conseguem as coisas “pelo merecimento”, tentam conseguir na chantagem emocional mesmo. Note que ela ligar triste com saudades do filho é uma coisa até previsível, porém, outra coisa completamente diferente é “forçar a barra na chantagem emocional” para que ele fique com ela.
3- O problema está nele que se sente constantemente em débito, não necessariamente na mãe
Uma outra possibilidade pode estar relacionada a ele mesmo. Tem filhos que se sentem em eterna dívida com os pais: não só para “pagar o leite que mamou”, mas também por ter sido criados por eles, etc. Nisso vai da maturidade do seu marido em saber separar as coisas: saber que uma coisa é ter agradecimento, outra coisa é sacrificar a própria vida e ser infeliz só para satisfazer a vontade da mãe. E cá para nós? Na minha humilde opinião uma mãe pode até sentir falta do filho, mas acima de tudo ela quer é vê-lo feliz!! Ou seja, se ele se sente mais feliz contigo, caberia à mãe dele deixar ele ir, bem como ter ciência de que isso não tem relação com o amor entre eles. Porém, convenhamos que essa opção também exige maturidade e muita compreensão vinda da parte da mãe.
Uma posição tem que ser tomada
Eu no seu lugar conversaria com ele a respeito de todas essas alternativas. Se eu sentisse que ele só se sente em dívida com a mãe, eu explicaria que infelizmente não posso morar na mesma cidade que ela, mas me comprometeria a deixá-lo e até mesmo a ajudá-lo a visitar a mãe quantas vezes desse por ano. Também tentaria tratar a sogrinha da melhor maneira possível para que ela começasse a gostar de ir na minha casa e passasse a ir cada vez mais, até quem sabe um dia não se decidisse a mudar de cidade de vez? Mas para uma casa só para ela, claro rs. Só torço para a sua sogra ser gente boa, já que você teria que ter tanto contato com ela! (oremos!).
Também é importante lembrar que pessoas mais velhas tendem a ter a cabeça um pouco mais fechada em relação a mudanças. Quem convive com pessoas de mais idade sabe que elas costumam ter muito apego com a casa e com as coisinhas pessoais (quarto, cama, etc): é por essas e outras que elas costuma odiar tanto a ideia de se mudarem de casa! Assim, seria legal que você entendesse essa parte também.
Uma outra sugestão que dou é você tentar fazer um esforço real para arrumar um emprego por lá. Será que realmente não tem como? E os seus filhos também não poderiam ir em hipótese alguma junto contigo? Sinceramente acho que emprego a gente arruma. Claro que não é fácil, mas com esforço e se realmente quisermos a gente arruma. Já se o seu (maior) problema for os filhos, é mais um ponto para você entender seu parceiro: da mesma forma que você não quer se afastar dos filhos, ele não quer se afastar da mãe. Laços sanguíneos… sabe como é né?
É claro que todas as ideias e sugestões que eu dei também precisam do esforço dele, pois de nada adianta você ficar se matando e ele só esperando “você se virar”, né? Sendo assim, acredito que não tem muita saída: ou vocês se esforçam juntos para entender o lado um do outro e assim decidem quem vai para a cidade de quem – ou até mesmo na possibilidade de um namoro a distância, ou então é cada um pro seu lado. O lado bom é que se vocês se amarem muito e tiverem solidariedade entre si, não será difícil chegar a uma conclusão em comum. O essencial é saber que, nessa situação específica, não tem como nenhum dos dois ficar com 100% de vantagens e benefícios. Ou seja, não é nada que seja impossível caso vocês decidam que ficar um sem o outro é a pior opção, né? Bora abrir mão de certas coisas aí!
Boa sorte!