Leitora: Olá, eu e meu namorado estamos juntos há seis anos, não temos filhos e estamos planejando o casamento. Nosso relacionamento sempre foi saudável e raramente há brigas, mas de uns meses pra cá, estamos discutindo muito, hoje mesmo já nos desentendemos. Quando chega no assunto do regime de bens, ele fala que só se casa comigo no regime de separação total de bens, mas eu prefiro o regime de comunhão parcial, mas ele pediu para eu decidir: ou casa no regime que ele quer, de separação de bens, ou nem casa. Estou muito chateada pela atitude dele, me sinto mal, acho que ele pensa que sou interesseira e não confia em mim, em tanto tempo de relacionamento. A justificativa dele é que assim o único motivo pelo qual estaríamos casados era o fato de existir amor, e não bens materiais ou dependência financeira e que se quiséssemos nos separar, seria mais fácil. Acho isso um absurdo, como é que alguém se casa pensando nessa forma, já pensando numa possível separação. Conversamos e ele pediu para eu pensar e decidir se queria casar com ele nessas condições. Agora estou naquela dúvida imensa se devo casar ou não, minha família acha que eu deveria casar desse jeito sem problemas, mas eu não sei o que fazer, tenho 28 anos, sou cabeleireira e ele 46 anos, empresário, cada um mora na sua casa, ele sozinho e eu com meus pais. Amo muito ele e sei que ele também me ama, mas agora preciso de conselho, me ajude Luiza.
Olha, eu no seu lugar não me casaria ainda não. Não porque ele te ama ou deixa de te amar, mas sim porque, se ainda existem dúvidas e desacordo, essa se torna a prova concreta de que esse ainda não é o momento de tomar uma decisão maior. Você pensa que ele só se casar com separação de bens é porque ele não confia em você. Já ele acha que se você não aceita que seja assim, é porque você é interesseira. É muito racionalismo para algo que seria baseado acima de tudo no amor, né? Não que racionalizar não seja bom, mas no caso de vocês, só está deixando ambos neuróticos.
Sem contar que estou achando ele meio autoritário também, não se preocupando muito com o seu lado, do tipo: “ou casa ou não casa”, “ou divide ou vaza”, “pensa aí e se não quiser se casar assim, beleza”. Sei lá, ainda que seja um pensamento racional, o amor não combina com essa praticidade toda não. Vocês nem se casaram e não chegaram a um consenso com coisas básicas, não quero nem ver daqui há alguns anos.
Cada um tem os seus motivos e ambos os pontos de vista são compreensíveis, porém, como atualmente eles estão incompatíveis, é melhor que vocês fiquem esquentando a marmita por mais um tempo. Siga a dica da vovó: na dúvida, não faça nada. Sem contar que complica ainda mais pro seu lado o fato de você ser cabeleireira e pelo visto ganhar pouco, aliado ao fato dele ser empresário que já mora sozinho e ganha bem. Com essa realidade, concorda que, por mais que você seja a pessoa mais honesta e apaixonada do mundo, fica mais delicado ainda falar em dinheiro quando você é o lado “pobre e frágil” da história?
Não adianta: tem coisa que é só o tempo mesmo para dizer. Se você ficar elétrica demais, pegue sua maracujina e só tome uma decisão quando tiver certeza, e essa decisão virá independente do que eu ou a sua família te disser, ok? Se a Igreja não vai sair voando e vocês vão continuar juntos, esse se torna mais um motivo para relaxar, beijar mais na boca e usar menos ela pra falar sobre uma papelada que nenhum dos dois está disposto a ceder. E se alguém cedesse, ao menos nesse momento seria apenas para evitar brigas, não porque de fato concordou e entendeu a lógica da coisa.
Por fim, não sei se você tem tantaaaa certeza de que ele te ama não. Senão, você não estaria me mandando um email. Eu penso assim, se o problema dele fosse SÓ algo prático, você se casaria, do tipo: “ah, tá bom, eu sei que ele me ama, vou casar com ele mesmo com essa neura dele”, “é só dinheiro, nada em vista do nosso amor”. Porém, a partir do momento que você começa a desconfiar que podem haver significados embutidos que vão além do lado prático que ele está dizendo, aí complica, entende? Nisso você acaba pensando que, fora a falta de confiança, ele já começou achando que o relacionamento de vocês é frágil, o que por sua vez sugere que talvez ele não te ame o suficiente para imaginar uma vida inteira contigo e se jogar de cabeça. Tem gente que se casa amando muito, outros acham que só gostar “muito” é o suficiente. Você saberia dizer qual é o caso dele?
Boa sorte!