Nunca fui muito fã da parte de entretenimento do BBB: sempre achei o que 90% do povo brasileiro acha. Porém, uma coisa que sempre me fascinou é a questão do comportamento humano, e no limite.
Não tem como negar, mesmo que você seja daqueles metidos a cult que só lê Dostoiévski e assiste a documentários, é fascinante saber que você pode ver aqueles ratinhos na perspectiva que você bem entender e, a partir de tudo quanto é tipo de prova, tirar muitas conclusões humanas e para a vida real dali. Tudo bem que eles estão em condições extremas, mas a essência permanece e é ela que me fascina.
Para quem não conhece – e para quem conhece também, Cezar é aquela pessoa com quem muito brasileiro se identifica: humilde, batalhador, mas que só toma no orifício anal. Dá-lhe arroz com ovo, dá-lhe perder prova atrás de prova que a vida – ops, o jogo – impõe. Mulheres? Toco atrás de toco! Sexo? Mais na seca do que capim do agreste: geral correndo dele.
Na casa ninguém gostou dele de verdade – de verdade mesmo, com coração e tudo, nem como amigo. Achavam ele no máximo “legalzinho”. A ideia que sempre predominou é que ele é fake, se faz de coitadinho ou qualquer outra coisa em um nível mais baixo. Não sei se as considerações são ou não justas, e também não importa, o que importa é que “Ô bichinho azarado!! Não tirava agrado e sorte de parte alguma!!!”.
Não sei se você entende, mas eu estou, só que não estou, falando de Big Brother. Estou falando de vida, do tanto que a gente se engana e do tanto que me senti “Deus” assistindo a tudo aquilo.
Calma que eu te explico:
Eu – assim como todos os outros telespectadores – pude ver claramente que o que ele pensou e viveu como azar, e pode de fato ter sido naquele momento, se reverteria em sorte. E triplicada!
Nisso entra a pergunta:
“Será que ele realmente se sentiria tão azarado se soubesse o que estaria por vir nas próximas páginas do livro?”
E a consequente lição para a vida real:
“Ah se a gente soubesse que a nossa felicidade estaria no nosso próximo passo, com certeza não perderíamos tanto tempo de vida com medo e lamentação…”
Hoje o “azarado” vai ganhar um milhão e meio, altas gatinhas e uma admiração que ele nem imagina. E você aí, que não tá no Big Brother, muito menos vai ganhar um milhão e meio de reais, se esquecendo que, apesar disso tudo, essa lógica serve, e muito, para a sua vida.
E se ele não ganhasse o prêmio maior, também não importa. O que importa é que, entre trancos e barrancos, ele foi muito mais longe do que pensou que pudesse ir, e isso já basta como lição para pensarmos se, de fato, existe uma repetição de azares, ou apenas um caminho para algo que, tal como dizem os indianos, no fim sempre dará certo e é a gente que se desespera à toa.