Defeitos: quem não os tem? Se você não quer terminar os últimos dias da sua vida sozinho, é fundamental que você aprenda a lidar com certos “erros de fábrica” de quem você ama, e claro, pensar no óbvio que diz que, tal como você, todo ser humano está muito longe da perfeição.
Muita gente termina um relacionamento por supostos defeitos que o parceiro(a) tem:
-“Ele era muito desorganizado“.
-“Falava demais“.
– “Era calmo demais“.
– “Estressado demais“.
E demais características que, muitas vezes, a gente até perdoaria se tivéssemos outra cabeça e pensássemos em outras coisas (que pretendo abordar nesse texto), porém, como não pensamos, simplesmente mandamos pastar e tudo fica assim: cada um no próprio mundo, reclamando que “não dá certo com ninguém” ou que é “exigente demais“.
Sabemos que suas questões podem até ser verdadeiras, porém, também não dá pra negar que sempre existirão chances de haver uma enorme falta de bom senso em você – que pode estar vendo apenas o que deseja ver em resultados diretamente proporcionais à sua delicadeza em ver, ou não, o contexto das coisas.
Explico melhor:
Concordamos que existem defeitos que “são imperdoáveis”, não bem em si e por si, mas sim devido ao nosso egoísmo. Queremos o perdão, mas raramente estamos dispostos a perdoar coisas que, se fossem com a gente, acharíamos exagero caso o outro não nos perdoasse.
Mas calma lá: apesar de constantemente aplicarmos a lei da tolerância zero a tudo aquilo que não envolve nosso próprio umbigo, também não precisamos relevar tudo, e é justamente aí que começa o texto:
Como saber se o defeito de quem eu convivo é “perdoável” pra minha realidade?
Existem clichês sociais no estilo: “se traiu eu não tolero“, “se olhou para o lado é pé na bunda“, e por aí vai. Porém, será mesmo que você precisa obedecer o que o padrão social diz, ou deveria pensar mais no que VOCÊ é capaz aceitar?
Não existe defeito melhor ou pior do que o outro, mas sim o fato de que o que é pesado para um, nem sempre terá o mesmo peso para o outro. E se é assim, nada mais lógico do que tomar a si mesmo como padrão para tomar decisões capazes mudar drasticamente a vida: seja para melhor, para pior ou em qual sentido for.
Pode soar bizarro (ou não!), mas tem gente que tem talento pra cuidar de gente bêbada e de viciados em drogas, mas jamais perdoaria uma traição. Por outro lado, tem gente que aceitaria numa boa um chifre ou outro, desde que fosse bem tratado(a) e o parceiro comparecesse às necessidades do dia à dia. Também tem gente que se o outro tiver dinheiro, esse é o preço que faz tudo valer a pena. E também tem os fetichistas, que se são complementares, fazem muita gente se perguntar qual problema haveria em um gostar de mijar e o outro de engolir… ou um de bater e o outro de apanhar.
E se cada um é cada um, o jeito é você descobrir quais são os seus pesos e as suas medidas
Não adianta seguir a cabeça da amiga que diz: ”Nossa, ele(a) fez isso contigo? Eu não perdoava!!“.
ELA não perdoava, mas e VOCÊ? Perdoaria?
Perdemos tanto tempo pensando em padrões alheios, que nos esquecemos dos nossos próprios padrões.
Eu pessoalmente nunca achei defeito um homem ser antissocial, ficar enfurnado em casa ou até mesmo gostar de ficar um tempo sem cortar barba e cabelo (desde que tomasse banho direitinho, claro kkk). Porém, se ele fosse muito baladeiro e gostasse de beber, eu me importaria, e muito! Sabe por quê? Porque esse é o meu padrão, que mesmo que os outros achassem ridículo, continuaria existindo.
Já o namorado da Joana não tem criatividade nenhuma. Todo aniversário e toda comemoração é sempre ela quem escolhe onde ir e o que fazer: tem vezes que ela escolhe até as roupas dele! Ele não tem opinião para nada, diz que tem preguiça de pensar. Ela fica triste e esperava que ele fosse um homem “mais atitude”, mas também diz que as qualidades dele já são suficientes pra cobrir todos defeitos do moço. No fundo, ela tem esperança dele mudar, mas sabe que se isso não acontecer, ainda assim se casaria (feliz) com ele.
Já Vanderleia namora um alcoólatra. Com esse ela jamais se casaria! Ela fala que é pesado demais. É triste demais, ainda mais porque o pai dela era alcoólatra e batia na mãe sempre que bebia, o acabou gerando um trauma triplamente maior em relação à bebida. Porém, ainda assim, ela cisma em perder tempo com ele, mesmo sabendo que se arrependerá no futuro e que esse é o preço a ser pago por sua carência. Ao invés de reconhecer seus limites, procurar ajuda e tentar mudar, Vanderleia quer se forçar a ficar em uma situação que ela sabe que seria incapaz de sustentar. E é claro que ela sabe que está errada. No fundo, todo mundo sabe quando está errado: basta saber se está infeliz.
E olha que irônico: Mariana, que é amiga de Vanderleia, passa por situação semelhante, com a diferença de que essa sim pretende se casar com o namorado! Ela sabe que, ainda que sofra, nasceu com o dom para cuidar dele. É como se esse fosse o destino dela – ainda que ela tenha vários outros homens como opções reais e que dariam tudo pra ficar com ela. Sem contar que, na maior parte do tempo, ela milagrosamente consegue separar o problema com as bebidas do resto da vida do casal, e ainda alega que o que ele faz é muito melhor do que o monte de homem traidor, que transa mal e não dá carinho que tem por aí! Ou seja, ele a faz realmente feliz apesar dos 20% de tristeza que dá.
É claro que Mariana ficaria imensamente feliz caso ele mudasse de vida, mas ela também sabe que, caso nada mude, ela não só conseguiria viver bem, como saberia que fez a escolha certa. Além do mais, ele não fica agressivo, nem chato quando bebe: fica só morgadão no canto dele mesmo. Ela também jura que não tá nessa por falta de autoestima, nem por medo de solidão, nem por carência! E isso já significa muita coisa! Se ela não estiver nos enganando e nem se enganando, claro….
E o que dizer sobre tudo isso?
Simples: no fim, o melhor mesmo é saber qual chinelo é realmente adequado pra você. Sem essa de precisar forçar pra que ele sirva, mas também não querer que ele fique 100% adequado. Afinal de contas: se for pra esperar perfeição, ninguém mais fica com ninguém.
Um brinde a todos os humanos do meu Brasil?