Leitora: Em minha vida tive alguns namorados e ficantes. Eu me sentia satisfeita sexualmente com a maioria deles. Hoje, sou casada há 16 anos e tenho filhas. Amo muito meu marido, mas ele não me satisfaz no sexo quando o assunto é a penetração.
O pênis dele está bem abaixo da média, nunca me senti preenchida (bem longe disso!). O amor falou mais alto e achei que superaria esta questão sexual e acabei namorando, noivando e casando. Apesar de estar feliz com ele em vários aspectos, a parte sexual me incomodava e este sentimento estava crescendo. Faço academia há algum tempo e há dois anos estou ficando com o professor de Muay Thai. Ele me faz sentir feliz na cama, me sinto preenchida, o encaixe é perfeito! Como estou feliz hoje!
Minha relação com meu marido melhorou, tenho mais paciência com todos e tenho brilho no olhar. Me sinto viva! Amo muito meu marido e minha família. Amo muito também fazer sexo com meu amante. Estou realizada. No meu trabalho dizem que estou radiante. Não sinto culpa por fazer o que estou fazendo e viveria assim pelo resto da minha vida.
Mas o que estou fazendo está correto? A minha religião diz que é pecado. A sociedade diz que é errado, apesar de a prática ser diferente do discurso. “Trair” é uma das piores coisa que alguém pode fazer, gostam de dizer. Mas como abrir mão disso tudo se estou me sentindo tão bem? Por que a sociedade tem que ser assim, cheia de regras? Queria poder continuar fazer o que faço, mas ao mesmo tempo não queria que minha felicidade causasse danos em outras pessoas. Não tem como eu contar para meu marido, ele sofreria e se separaria de mim. Não quero ver ele sofrer e quero o amor dele, que seja meu companheiro até que a morte nos separe. O que faço? Estou confusa.
Olha minha amiga, em tese, se você está feliz e não se sente mal, tem mais é que continuar fazendo mesmo, já que “o importante é ser feliz”, né? Porém, também existe aquela frasezinha que diz que pimenta nos olhos dos outros é refresco, rs. E aí eu te pergunto:
Se você se incomoda tanto com a sociedade ser cheia de regras, por que não começa a dar umas ideias no seu marido de que ele também poderia ficar com outras, visto que é uma chatice ter que passar por esse tanto de limitações bobas e certamente você também não é perfeita e todo mundo merece sentir a sensação de completude que você está sentido?
Se você se sentiu mal quando falei sobre a possibilidade dele também abrir as asinhas, você entende que na prática as coisas são muito diferentes? Entendi que ele não te satisfaz em tudo, mas você acredita mesmo que VOCÊ o satisfaz em tudo? Visto que tal como todo ser humano, o que muda são apenas os defeitos. Sem contar que, se você é tão liberal quanto pareceu ser, certamente ficaria feliz caso ele se libertasse e sentisse a felicidade que você está sentindo, né? Afinal de contas, quando a gente ama, tendemos a desejar o bem estar do outro na mesma proporção que desejamos o nosso.
Você deve estar me achando louca por estar dizendo tudo isso, ou pode até pensar que estou distorcendo as coisas, rs. Porém, só queria te dizer que, ainda que entenda o seu lado, é necessário entender o dele também. Saber o óbvio de que, quando você aceita ter um relacionamento monogâmico (infelizmente?), você terá que pagar o preço por isso ou criar novas regras ao conversar sobre o quanto seria bom caso ele fosse um pouco mais mente aberta também.
E olha, a princípio e apenas para iniciar a conversa, você nem precisa dizer que o trai, mas sim cogitar a hipótese da abertura do relacionamento – nem que seja para se divertir uma vezinha (rara?) aqui e outra acolá kkk.
Se mais uma vez você achou minha ideia absurda (provável kkk), significa que o que você está fazendo pode ser um absurdo também (?!).
Eu realmente acredito nas suas palavras, porém e ao mesmo tempo, também me preocupa essa sua felicidade toda, porque parece que, ou você é muito ingenua ou é mais egoísta do que pensa, porque assim: vamos pensar que, se seu marido pode descobrir a qualquer momento e você prefere não pensar muito nisso, é porque no fim você só se preocupa só com você, né? Ou se acha mais esperta do que realmente é. Sem contar que, se quando seu marido descobrir ele ficará triste, você já pode tirar algumas conclusões.
No fim, também desconfio que no fundo você também se sente mal pelo o que está fazendo, mas procura uma aprovação nossa, ou apenas (se) convencer de que o que você faz é certo (“por que a sociedade é tão cheia de regras”? “Por que a religião pede isso?”, etc). E olha, eu até acredito que tem gente que realmente acredita no que você acredita e é feliz, porém e por outro lado, acho complicado ser feliz sendo desonesta com quem você diz amar por muito tempo.
Sem contar a questão das doenças que me chamam de fresca, mas acho que é o mínimo que quem trai deve exigir.
Você já pediu exames pro gostosão da academia? Porque pior do que descobrir que é corno, é descobrir isso + uma couve flor no pinto. Eu te mataria, rs!
Lembre-se que seu marido confia plenamente em você e caso você queira continuar mentindo pra ele, que ao menos tenha uma preocupação mínima com a saúde e bem estar do mesmo.
Quanto a sua pergunta sobre se o que você está fazendo é certo ou errado, pergunte-se o que foi combinado entre vocês dois. Depois pergunte-se sobre o que você está fazendo, e finalize pensando sobre o que você acharia caso você combinasse “X” e a pessoa fizesse “Y”. Aí estará a sua resposta final.
“Não somos perfeitos, mas sempre dá pra melhorar”.
Beijos