Leitora: Tenho 20 anos e estou fazendo faculdade de administração. Para pagar a faculdade, aluguel e tudo o mais, eu recebo auxílio de três senhores amigos meus com uma situação muito boa que me pagam uma mesada em troca de minha companhia. Eu fico com cada um duas vezes por semana e acho ótimo esse arranjo, pois me permite dedicar aos estudos sem ter maiores preocupações financeiras. Bem, ocorre que eu sou lésbica, estou perdidamente apaixonada pela minha namorada e moramos juntas, mas ela nunca aceitou o fato de eu sair com homens e não quer essas minhas amizades. Nós estamos brigando muito por causa do preconceito e da insegurança dela que não tem uma cabeça aberta o suficiente para entender minha situação. Ela se beneficia das minhas mesadas já que sou eu quem paga tudo em casa, inclusive sua faculdade, mas não aceita me ver com homens. Eu amo minha namorada e quero muito casar com ela, mas preciso dos meus amigos até terminar a faculdade, o que vai ocorrer em dois anos.
Faço sexo com eles? Sim, faço sexo sim. Tenho um acordo com cada “sugar daddy” que lista o que um quer do outro, e tudo é previamente discutido e acertado. Então com dois deles eu faço sexo digamos “normal”, a gente vai pra cama e rola tudo, e com o terceiro além do sexo normal também vou com ele para clubes de swing e praias de nudismo. Então aí vem aquela pergunta: isso é prostituição? Não, na minha visão isso não é prostituição. Eu simplesmente tenho um relacionamento a longo prazo com homens e recebo uma espécie de mesada deles que permite que eu estude e tenha uma vida normal.
Eu sinceramente não vejo nada de errado no que eu faço e não vejo razão nenhuma para os ciúmes da minha namorada. Eu acho que ela tem uma espécie de birra por eu gostar também de homens, mas é por ela que eu estou apaixonada e só ela tem meu coração. O meu corpo é dela e dos meus “sugar dadies”, mas o meu coração e minha alma são só dela. O problema é que ela não pensa assim. Ela briga comigo, me acusa de ser puta, de fazer sexo por dinheiro, mas ela bem que gosta do dinheiro que eu dou pra ela e aí não reclama, pega e bota na carteira.
Não sei mais o que dizer para convencê-la de que essa é uma situação temporária que vai acabar logo. O que devo fazer?
Você escreveu: “Isso é prostituição? Não, na minha visão isso não é prostituição. Eu simplesmente tenho um relacionamento a longo prazo com homens e recebo uma espécie de mesada deles (em troca de sexo).“
Garota de programa faz o quê, amiga? A mesma coisa que você, oras! kkkk.
Não acho que exista problemas em querer se prostituir, porém, se enganar que isso não é prostituição é ingenuidade demais da sua parte. Se você fizesse um outro tipo de trabalho, seria um outro tipo de trabalho, porém, se os seus “investidores” já falaram que o seu “dever” seria dar sexo, frequentar casas de swing e afins, chamar de outro nome (amigos?) seria apenas pura e simples ilusão da sua parte. E ó, ser lésbica não te faz ser “menos puta” (leia puta como profissão mesmo, ok? kkkk). Tampouco chamar sua parceira de preconceituosa te ajudará em algo, visto que não é porque ela não pensa como você gostaria que ela pensasse que ela é o que você diz.
Agora voltando um pouco atrás no seu texto: você é lésbica ou também gosta de homens? Você percebe como você tenta se justificar tanto, que chega até a mentir para você mesma?
Acho que o primeiro passo para tentar conversar com a sua namorada é deixar de ser tão contraditória. Do contrário, ela poderá te achar não só egoísta, como bem falsa e mentirosa – que é o que, com todo respeito, às vezes encontrei nas palavras que você estava escrevendo, sabe?
Ao mesmo tempo, concordo totalmente que é bem feio ela reclamar, colocar a grana na carteira e aceitar ser sustentada. Só que assim, será que ela também não aceita essa grana como uma espécie de pagamento “pelos danos morais que você causa nela”? Não tô defendendo, mas tente pensar um pouco sobre o prisma dela.
De qualquer forma, coloque todos os prós e contras na mesa e questione-a se ela acha que essa grana tem valido a pena inclusive PARA ELA. Se vocês conseguirem se respeitar verbalmente, seria legal conversar sobre algo que também está rolando entre as duas: HIPOCRISIA! Você, por achar que só porque não tá na rua rodando bolsinha que sua profissão é outra, e ela por aceitar um dinheiro que ela considera sujo.
Ambas precisam ser muito sinceras consigo mesmas e com a situação pelo simples fato de que, se tudo tem um ganho e uma perda, só conversando em equipe para decidir o que também perderão JUNTAS!
Só entenda que, se depois dessa conversa honesta ela preferir ficar sem o dinheiro OU você com os caras, isso não significará que “uma esteja mais certa do que a outra”, mas sim que ambas estão em momentos diferentes da vida. E aí é se afastar para não se machucar(em) e rezar para que a vide encaminhe algo que seja bom para ambas. Também dá pra fazer terapia de casal. Pensem aí.
Beijos,
Lu