Leitor: Tenho 40 anos e minha esposa 36. Somos casados tem 14 anos já e temos filhos. Vivemos muito bem e nossa família parece comercial de margarina. Somos bem felizes (ou éramos). Minha esposa é professora desde quando a conheci.
Este ano, no primeiro semestre, ela foi trabalhar em uma escola um pouco mais longe aqui de casa. Moramos em uma capital. Foi bem neste período que ela começou com umas histórias que soaram estranhas para mim. Começou a falar de um professor, colega de trabalho da nova escola. Disse, com admiração, que ele era jovem, 23 anos, que se formou em Educação Física com muito esforço, que trabalha bastante na escola, é professor de academia também,… Com o passar do tempo, percebi que minha esposa conversava muito com ele, como dois bons amigos. Percebo que minha esposa quando fala dele muda o olhar, se embaraça nas falas, e, às vezes, baixa a cabeça ou desvia o olhar de mim. Viraram amigos de Facebook, Instagram e WhatsApp. Minha esposa parecia cada vez mais encantada com ele e, ao mesmo tempo, parecia estar com raiva de mim, sem paciência comigo.
Minha esposa, já neste semestre, deixou de trabalhar naquela escola. Parecia que tudo tinha voltado ao normal. Até que esta semana, fui bisbilhotar o WhatsApp dela (nós deixamos mexer no celular um do outro) e vi que ela tinha voltado a conversar com aquele rapaz. Não tinha nada demais na conversa, mas percebi que minha esposa voltou a ficar nervosa comigo e impaciente. Tinha mudado de humor novamente, estava estranha. Ficava, sem motivo aparente, com muita raiva de mim. Não acho que minha esposa seja traidora, ela tem uma moral muito forte. Mas acho, sinceramente, que ela está apaixonada por aquele rapaz e, como não pode fazer nada com ele por ser casada, se frustra, fica irada e desconta tudo em mim, como seu eu fosse culpado de alguma coisa. Como conduzo esta situação? Não quero perder a família, mas também não quero ter sócio ou alguém sempre descontando sua raiva em mim. Obrigado, Luiza e leitores.
Ok, sua esposa não é traidora e tem a moral muito forte, mas VOCÊ se sente bem com ela gostando de outro homem? Tipo, pode gostar, desde que não te traia, “que pra você tudo bem e o que importa é manter a família”? Enfim, vou tentar dividir esse post com conselhos que daria a ela, e outros que daria a você, tá?
Se eu pudesse aconselhá-la, diria que o sentimento nunca é opcional, mas a fidelidade sim. Entendi que isso ela já está fazendo “direitinho” ao não trair. Também perguntaria se, apesar da grande maior parte dos sentimentos “passarem e é só aguentar/ter paciência”, se ela gosta mesmo, de verdade, desse homem. E se ele gosta dela também, claro.
Dependendo da “troca entre as almas”, ainda que obviamente ninguém queira “abandonar uma família”, ela se veria sem saída: teria que terminar contigo. Afinal de contas, por mais que ela se esforce e tente manter “um padrão social”, do que adianta passar dia após dia pensando e desejando outro? E pior ainda, se ele desejá-la também? Me parece uma sensação pior do que terminar um relacionamento que, apesar de ter sido lindo, já deu a validade (é horrível falar assim, porque parece que as pessoas são descartáveis, mas vamos encarar que isso acontece?).
Se a vida é tão curta e ela ver que esse sentimento não irá parar enquanto não for concretizado, que seja honesta com ela mesma e com você. Afinal de contas, você não merece ser casado com uma pessoa que não te ama mais e ainda “vive sem paciência contigo”, enquanto ela também não merece ficar casada estando apaixonada por outro. Os dois perdem vida e alegrias nesse caso, entende? E tenho certeza que você já tem percebido claramente isso aí dentro da casa de vocês.
Como um dos primeiros conselhos que dei/daria a ela é que, na maioria das vezes, isso passa. Pediria para, antes de tudo, tentar se desvincular desse cara, mas tentar MESMO. “Não dar asa a cobra”, como diria minha mãe. Porém, se acontecer a exceção e ela ficar que nem zumbi imaginando como seriam todos os gostos e sabores daquele homem, sentindo saudades, imaginando como seria e o que ela está perdendo ao não estar com ele, etc, que termine e se arrisque a viver um novo amor. Certamente não é o que você – e acredito que inclusive ela – gostaria (quem quer sair do comodismo?). Mas a vida tem dessas peças mesmo. Fases, etapas, superações. Tudo nem sempre tão fácil como gostaríamos que fosse, mas temos que encarar, concorda comigo?
Ela pode se arrepender? Pode.
Pode ver que fez má troca? Pode.
Mas tem saída?
Se ela não conseguir ser, nem te fazer verdadeiramente feliz, me parece algo necessário de se fazer, concorda?
Sem contar que a gente pensa que família é ter “todo mundo em casa”, mas você sabe que não é isso. E mesmo se fosse: ter família ou ser feliz? Vai de cada um.
Agora vou dar meu conselho PARA VOCÊ e dizer o que eu faria no seu lugar.
Deu um prazo e viu que ela não tá se esquecendo desse cara? Falaria que percebi que ela está apaixonada por ele e perguntaria o que ela pretende fazer em relação a isso. Nisso, ela te assumindo ou não, provavelmente entraria “em um choque de reflexão com ela mesma”. Ou seja, pela primeira vez, se veria obrigada a pensar racionalmente sobre esse “problema dela”, não apenas “viver a emoção”, já que agora “foi descoberta”. E aí, quem sabe, ela se toca que pode acabar te perdendo e deixa esse cara de lado OU vê que o sentimento é maior do que ela mesma gostaria de sentir. A gente pensa que sabe, mas a verdade é que ninguém sabe sobre os planos de Deus. E contrariando “todos os clichês sociais”, nem sempre está dentro do nosso casamento. E olha que engraçado, no fundo a gente sabe disso, mas o medo, comodismo, enfim….
Leia esse texto sobre regras para viver um grande amor. Acho que vai te ajudar também.
Deixe as pessoas livres, se elas não voltarem, nunca foram suas. Mas se voltarem…. (lembra dessa frase? kkkk). Pra mim é isso.
E não precisa comer um caminhão de merda não, tá? Você é forte e tá cheio de pessoas incríveis no mundo.
Boa sorte!
Atualização agora em 2021 sobre a esposa que acabou se apaixonando pelo amigo do marido fetichista: