Leitor: Olá, tenho 38 anos, casado (união estável) com uma mulher (38 anos) há 15 anos (desde 2003). Fomos morar juntos após um mês de namoro, ela vinha de um relacionamento homossexual abusivo (a ex dela era violenta), fomos nos conhecendo, ela ainda com esse relacionamento, sendo que começamos a nos gostar muito e, com a sinceridade dela, resolvi encarar de frente, e juntos conseguimos superar essa fase difícil.
Fomos morar em outra cidade, alugamos uma casa, e tudo ia se ajeitando, mesmo com a dureza de grana, o amor ia compensando. Depois de 5 anos, entramos em uma crise conjugal, e acabamos nos separando, mas essa separação foi só de casa, pois continuamos a namorar, nos víamos regularmente e nos falávamos todos os dias. Depois de alguns meses separados, mas namorando, ela acabou engravidando e resolvemos que realmente nos gostávamos e voltaríamos a morar juntos, construir uma família, e assim foi.
Tivemos nosso primeiro filho, uma das maiores felicidades da minha vida, várias coisas (mudança de emprego, cidade, perrengues e acertos, normal), até que esse ano, senti que algo estava um pouco diferente, idas ao banheiro regulares, por parte dela, enfim, uma atitude um pouco suspeita. Sou meio paranoico e acabei pareando o whatsapp dela com meu notebook, e em uma dessas idas ao banheiro, fui verificar e tinha uma mensagem “delicia” de um tal fulaninho, sem nenhum outro histórico (ela havia apagado), tentei manter o sangue frio, para descobrir mais alguma coisa, mas não consegui, chamei ela e perguntei quem era fulaninho, ela ficou branca, tentou desconversar, mas mostrei o print, ela me disse que era um “caso” dela de antes de nos conhecermos e que ela estava trocando algumas mensagens, fiquei p…, falei um monte, e no calor da discussão ,ela foi até a casa de uma amiga, e eu que já sou meio doido, acabei começando a fuçar em tudo. Consegui encontrar fotos íntimas (peito, vagina e etc) na conta google dela (que ela já tinha apagado da celular, mas acabou upando na conta). Não suficiente, olhando o histórico dela, ela regularmente procurava pelo nome dele nas redes sociais e no google.
Pressionando ela, acabei descobrindo que ela saiu com o fulaninho (ele tinha outro nome, verdadeiro) no período em que estávamos em casas separadas, porém namorando, e pior, tenho a desconfiança de que meu filho mais velho pode não ser meu. Ela jura de pé junto que é, mas tenho fortes indícios que mais uma vez ela não fala a verdade. Acabei relevando, pelo que sinto primeiramente pelos meus filhos e também pelo que sinto por ela, mas sinto que as coisas não estão como antes e essa dúvida da paternidade me assola diariamente. O que fazer…
Caro leitor, o seu relato assombra o pensamento de muitas pessoas e, às vezes, torna-se a principal desculpa que alguns dão para não se relacionar. “Para não me frustrar, não sofrer, não sentir esse desespero do não saber o que fazer eu desisto de me relacionar, jogo a toalha”.
Queria eu dar um tapa nas suas costas e dizer “puxa cara, que merda por estar passando por isso”. Difícil resolver uma questão como a sua e, quem disser diferente ou trazer simplicidade nos comentários, desconfie, pois não há uma resposta simples para o seu problema.
No decorrer dos anos você acreditou que foi um bom companheiro e esperou sinceramente que ela correspondia à lealdade, MAS todos nós temos o poder tão somente sobre os nossos atos, nossas escolhas e decisões diárias, sendo assim, o assombro está nas coisas que fogem das mãos. É difícil até para mim imaginar que um dia eu possa ser você, chegar no auge de um relacionamento duradouro e pensar que vivi uma mentira, que a ilusão permeou todas as minhas escolhas e que o outro agiu de má fé, deturpando meus melhores sentidos, quero dizer, pensar que a pessoa ao lado possa não ser aquilo que afirma ser, e pior, trair os planos mútuos para o futuro. Esse é um risco que qualquer pessoa corre ao se relacionar.
Relatos como o seu bombam no site e acredito que isso é diretamente relacionado ao medo de estar na posição que você está agora, e aí bisbilhotamos a dor do outro para sentir uma pontinha desse sofrimento, para quem sabe, haver um certo preparo para o dia que a pergunta bater a porta. O QUE FAZER?
O que eu faria? Faria o exame de DNA?
Para mim essa é a questão central, pois ela vai definir as próximas decisões que EU tomaria, pois não conseguiria conviver com essa faca na cabeça e a sua esposa perdeu o benefício da dúvida no momento em que traiu e mentiu, então o “jurar de pés juntos” não tá valendo grande coisa. Até porque vocês decidiram ficar juntos e construir uma família APÓS a gravidez. Sendo assim, faça um exame de DNA no seu filho e deixe claro para sua esposa que, se der negativo, tudo estará acabado. Por isso, cabe a ela ser sincera e se antecipar ao exame.
Acredito que ela não irá dizer nada diferente e que vai continuar a afirmar que você é o pai biológico do seu filho.
Independente do resultado, ele é seu filho e ponto, o que é imprescindível definir é o nível de sacanagem e mau caratismo da sua esposa.
Não temos como saber se ela diz a verdade ou não e só o exame pode colocar um fim nisso.
Vamos acreditar que ele é seu filho, o que fazer em seguida? Seguir fingindo que nada aconteceu e que as conversas picantes nas escapadas do banheiro não foram nada? É claro que não!
Entretanto, você já sinalizou que quer manter a família e o casamento, assim sendo, o que tem que fazer é viver bem e conseguir ser feliz com ela novamente, mas para isso é imprescindível que os dois tenham uma conversa calma, somente os dois, olho no olho, e colocando todas as piores verdades na mesa. Sinceridade ao extremo. Cada um dizendo aquilo que está preso na garganta com uma serenidade assustadora.
Pergunte todas as perguntas, não fique com dúvidas e esgote o tema. Não adianta dizer para ela e para si mesmo que perdoou se a cada momento você recordar desse episódio terrível e sentir ódio/frustração/tristeza/dúvida.
Se o seu objetivo é continuar casado, continuar com a família unida, então terão que CONVERSAR e encontrar um entendimento. Talvez buscar ajuda profissional seja muito importante.
Após essa conversa, parta para a segunda fase do plano: Descobrir o que passou na cabeça dela para se arriscar assim. Para colocar por terra todos os 15 anos que viveram juntos e pra quê, pra ter o ego massageado por um estranho?
Crise da meia idade? Não se sente mais desejada? Qualquer desculpa, das mais esfarrapadas, ESCUTE. É óbvio que nada justifica o que ela fez há 10 anos e muito menos o que vem fazendo em relação aos nudes. Foi muita sacanagem! Tenha sangue frio e dê a ela esse espaço para dizer os próprios motivos e faça também uma autocrítica:
“Como sou como marido? Me tornei somente provedor e pai? Sou um bom homem para a minha mulher ou nos tornamos estranhos que transam de vez em quando?”
É muito importante que vocês dois analisem friamente se são felizes ou se estão acostumados com o mais ou menos e onde podem melhorar o relacionamento.
E, por fim, é muito importante que daqui para frente você passe a se cuidar mais, entre numa academia, comece a fazer caminhadas, a cuidar da aparência e deixar a sua autoestima ok, pois um episódio desses pode abalar a estrutura emocional de qualquer um e sentir-se bem consigo mesmo é o primeiro passo para estar seguro e levar adiante um relacionamento saudável.
É bom também que ela veja essa mudança, se sinta ameaçada e que veja que o jogo não está ganho. Assim, ela sentirá que terá trabalho para reconquistar sua confiança, seu afeto e zerar a conta contigo.
Aos juízes de plantão que te julgarão como “corno” e vão dizer para largar da sua esposa, espere viver uma situação dessas para opinar sem margem de dúvidas. O cara tem muito a perder e são sentimentos que não mudam de um dia para o outro. Ele amava a esposa ontem e continua amando hoje, isso não é pecado algum. É dificílimo mudar o que sentimos e, embaixo de toda revolta, todo ódio e todo sofrimento, há amor. Desapegar desse amor em nome da honra e do orgulho não é fácil. Querer perdoar e seguir em frente é a escolha mais difícil que alguém poderia tomar para si, então pensem nisso antes de formarem juízo de valor.
A partir do momento que você diz que quer ficar com ela, temos a obrigação de respeitar a sua posição e buscar te ajudar nesse caminho.
Por isso, muita boa sorte e que a luz do universo ilumine seus próximos passos!