Leitor: Nosso relacionamento tem quase quatro anos. Eu estou com 27 e ela com 23. Acontece que, no início do relacionamento, eu transava com outras mulheres, mas parei com tudo quando resolvi assumir o relacionamento a sério, há cerca de três anos.
Tentando não ser injusto, eu contei pra ela que transei com outras, mas não contei detalhes de tudo que aconteceu. Só que toda hora ela insiste em tocar no assunto, fala sobre as meninas que eu tive e também admite que sente tesão e se masturba pensando em mim com elas na cama. Ela também gosta que eu conte as transas detalhe por detalhe pra ela durante o sexo, ocasionalmente. Dá muito tesão para os dois e o sexo fica muuuito mais intenso.
Na maioria das vezes, fico com a sensação de que ela acha monótono esse namorado que agora é fiel e tem vontade de me ver com outras, só não tem coragem de tocar no assunto. Eu não tenho vontade de submeter ela a esse tipo de coisa, mas fica a dúvida – como trabalhar essa curiosidade dela de uma forma saudável e que faça bem para a relação? Vale a pena trabalhar o assunto?
Obrigado pela atenção. Adoro o teu trabalho! Beijão!
Amigo, alguns pontos: primeiro, se você conta e ela deixa, não é traição. Podemos chamar de fetiche, mas traição, não. Traição é quando existe um ato fora do combinado: uma facadinha nas costas, o falar uma coisa, mas fazer outra e demais coisinhas escondidinhas, rs. O caso dela é escancarado, e se ambos concordarem, ninguém é corno.
Porémmm, isso não significa que ninguém sofrerá. Só relaxa que prometo deixar essa parte clara até o final do texto, rs.
Ela gostar de fantasiar em palavras na hora do sexo é uma coisa, te ver transando na vida real pode dar resultado adverso. Apesar do fetiche em enfiar terceiros no relacionamento ser relativamente comum, partir pra prática – e aguentar possíveis consequências – é pra poucos. E olha que engraçado: nesses dias mesmo recebi um email de um leitor desesperado porque depois de ter cedido “à suruba”, ficou extremamente enciumado por causa do tamanho do biroba de um, porque ela liberou a retaguarda pra outro (e nunca pra ele, rs), e por aí vai! O bichinho ficou tão doido, mas tão doido, que quase me deixou doida junto, rs. Ele não queria tentar nem a consulta gratuita, nem a particular: só queria que eu respondesse tudo por email e operasse um milagre em 30 segundos na vida dele kkk. E olha que resolver problema por email eu não faço nem pagando kkkk.
Enfim: não faça nada que qualquer um dos dois possa ficar inseguro depois. E tão importante quanto isso: não pense que é porque ela acha uma coisa, que você tem que achar o mesmo. Não se preocupe em ser descolado. Se preocupe em ser feliz. Ou seja, ainda que culturalmente muitas pessoas pirem nessa ideia de surubão, pode ser que você simplesmente não pire. E aí tá tudo bem, vai fazer o quê? Forçar e se arrepender depois que não vai, né?
Tente saber o que talvez nem ela saiba sobre si mesma. Isso é complexo, eu sei. Mas a lógica é mais ou menos a mesma da pessoa que pensa que só precisa ganhar na loto pra ser feliz, mas depois que ganha descobre que continua depressiva. Ou da mulher que fala que é super modernosa, que adora transar de primeira, mas depois chora porque o cara não ligou, rs. E claro, a mesma regra vale para você! Com isso quero dizer que, muitas vezes, nem as pessoas sabem direito o que querem da vida e o que realmente precisam pra serem felizes. E aí entra a boa e velha frase que diz pra reparar mais no que elas fazem do que no que elas dizem. E ao mesmo tempo reparar mais no que você quer, não (apenas) no que elas querem.
Por fim e na minha humilde opinião, só de você usar o termo não quero “submetê-la” já significa que você não está preparado pra isso. Ou seja, que não concorda com a lógica dela. Logo, se seu cérebro não conseguir entender a situação de outra forma, não force-o, porque o trauma pode ser muito pior.
“Ahh Luiza, mas ter medo de se jogar no surubão é algo cultural.”
Sim, mas o que somos se não seres culturais? Lembrando que é exatamente a cultura que leva muita gente pro psiquiatra, rs. Somos muito mais o que pensamos do que qualquer outra coisa: se as pessoas soubessem um décimo do rombo que traumas psicológicos causam, parariam de fazer tantas coisas no desespero e investiriam muito mais na hora de saberem o básico sobre si mesmas.
Assista ao vídeo sobre o passado sexual da mulher.
E leia o texto: Vale a pena realizar seus fetiches?
Boa sorte!
Atualização agora em 2021 sobre a esposa que acabou se apaixonando pelo amigo do marido fetichista: