Leitora: Oi Luiza, meu namorado e eu estamos juntos há quase dois anos e quando o conheci, eu havia terminado recentemente um casamento de muitos conflitos e ciúmes. Ele, por outro lado, estava na época vivendo um relacionamento com um casal, eles viviam um amor a três, e comigo ele iniciou um relacionamento paralelo, aberto, me contando de antemão esse relacionamento dele. Eu me apaixonei por ele instantaneamente e comecei o namoro achando-o um homem extremamente interessante que vivia relacionamentos livres, sem impor condições ou exigir fidelidade absoluta.
Pouco tempo depois fomos morar juntos, mas passados poucos meses comecei a mudar um pouquinho de opinião. Eu passei a relacionar-me com outros homens, mas não gostei, achei tudo fútil e superficial, pois eram relacionamentos baseados apenas no sexo. Meu namorado entretanto, continuava a relacionar-se com mulheres e homens sem dar a devida importância ao aspecto emocional. Ele sempre envolvia-me nesses relacionamentos achando que eu estava a fim e eu participava pois sabia que ele curtia minha presença. Uma coisa que me chocou muito no inicio foi vê-lo relacionando-se com homens na minha frente sem o menor constrangimento, mas depois acostumei.
Agora essa questão de poliamorismo me incomoda, pois gostaria de tê-lo só para mim. Estou grávida e o fato dele sempre relacionar-se com mulheres e homens fora da nossa relação tem me afetado de uma maneira ainda mais profunda agora nessa fase de gravidez. Amo meu namorado de forma intensa e sonho em ter uma família, mas a falta de sensibilidade dele está atrapalhando tudo.
Gostaria muito, Luiza, de uma opinião sua, pois acho que você estando de fora me daria uma perspectiva bem realista. Muito obrigada.
Seu namorado foi sincero com ele mesmo. E mais do que isso, ele foi muito honesto, coisa que pouca gente hoje em dia é. Ao invés de fazer como muitos caras que apenas traem e não querem ser traídos, ele abriu o relacionamento e pah: assim ninguém trai e todo mundo curte e fica feliz sem enganar ninguém. Massa, né? SEEEE você pensasse como ele, e foi aí o seu primeiro equívoco: não ser sincera com as suas limitações e acusá-lo de ser insensível, sendo que de certa forma, a insensível foi você, que não viu logo de cara a emboscada que estava se metendo, enquanto quis esperar dele algo que nem você mesma estava conseguindo se dar. Amor?
Mas calma que tem conserto, fique até o final do texto, rs.
Cá pra nós que, desde o começo você já sabia que não aguentaria, que aquilo não era o seu perfil, e tal como você mesma disse, você só fez para agradá-lo. Como esperado, o passar do tempo só fez o erro pesar mais, mais e mais. E o engraçado é que não sei se você não contou no relato (espero de verdade que tenha sido omitido), mas você não explicou direito o motivo de amá-lo tanto, visto que mesmo sem perceber, você o pintou como um cara que só pensa em sexo, só pensa nele e não se envolve emocionalmente com ninguém. Será que nem com você, visto que até você mesma disse que a falta de sensibilidade está atrapalhando? Eu só li que VOCÊ ama demais, que VOCÊ esperava mais dele, mas em momento algum li onde ele te ”prometeu” algo que te fizesse criar toda essa expetativa.
Eu no seu lugar aprenderia uma coisa muito importante com ele agora: a ser mais honesta com você mesma, bem como a pensar apenas no que é bom pra ti e sua felicidade. Isso para sempre, mas principalmente até o bebê nascer.
Pare de ficar olhando as surubas dele. Fale que não quer ir, porque estar grávida te deixou mais caseira, enfim, se vire, mas não vá e nem procure saber o que aconteceu. Pare de mendigar amor e atenção dele também: se ele não quer dar, se dê. Enquanto isso, pegue livros com histórias belas, medite, ouça músicas e tudo o que for positivo e que te leve para outro mundo (melhor, claro!). Você até pode me achar louca, mas eu acredito piamente que o filho sente o que você sente. Sendo assim, faça de tudo para fazer o pequeno feliz, não o pai dele.
Saia também para comprar roupinhas. Curta apenas o que para você fizer parte das melhores partes, não importa o que seja. E claro, no dia que o pai se tocar e quiser participar também, fica sendo mais um pra curtir, mas não crie expectativas e nem espere por isso. Afinal de contas, o que foi que ele já te prometeu? Agora é você se prometer a ser mais feliz e independente, e dane-se ele.
No fim, necessariamente seu filho nascerá muito mais saudável do que se ficar sentindo você chorar por macho que só quer saber em quantas vai meter a rola. E depois que, quem sabe esse ”macho” (rs) não passe a te admirar mais como mulher? Não que você precise da admiração dele (talvez um pouco, já que o ama kkk), mas quando a gente começa a se achar poderosa e independente de alguma forma, os outras pessoas (não apenas ele) sentem isso e passam a sentir isso na gente também. Agora com você nessa posição fraca, só falando o quanto o ama demais e se esquecendo completamente do quanto você deveria se amar e se cuidar mais, fica chato até pra gente que lê, quem dirá pra ele que vive isso.
Descubra todo o seu valor, minha amiga, Depois que isso acontecer, ou ele passa a te amar junto, ou você vai pra outra vida com esse bebê que não tem culpa de nada e com certeza te fará muito feliz. E ah, antes de se apaixonar da próxima, pergunte se ele é do relacionamento livre também. Se for você correee, porque você já deve ter aprendido que só o seu amor não é suficiente para mudar ninguém. E claro, use sempre camisinha se você não tiver certeza que ele te ama, que você quer ser mãe e que ele será um ótimo pai.
Boa sorte!