Finanças, dinheiro, dívidas, boletos, despesas, orçamento são as palavras mais perigosas dentro de um casamento, mais perigosas ainda do que perguntar se você está de TPM.
Vou dar dicas e tentar passar um pouco da minha experiência de classe média endividada, recém-casada e que está no meio do aprendizado de lidar com outra pessoa, outra cabeça e outro bolso.
Dica 1: DIÁLOGO
O diálogo é a ferramenta mais importante para um relacionamento em TODOS os aspectos, ainda mais se tratando de finanças, é primordial honestidade, clareza e objetividade desde o início.
Enquanto éramos somente namorados, eu já sabia dos problemas financeiros que o mozão enfrentava e tentava ajudá-lo o máximo que podia, desde renegociar dívidas com o banco até mesmo ser somente um ombro amigo, escutá-lo, acalmá-lo ou pagar as saídas que dávamos, porque eu morava com meus pais e tinha condições para tanto.
Há dois anos decidimos morar juntos e, a partir daí, todas as despesas foram divididas igualitariamente. Morávamos de aluguel numa casa cara, nada confortável, num bairro bem bosta e não tínhamos dinheiro pra nada e aí, amiguinho, você descobre que “amor numa cabana” NÃO EXISTE e se não houver cumplicidade, já era.
O que quero dizer é: seja o apoio e o porto seguro do seu companheiro e tenha nele o suporte necessário para enfrentar as problemáticas do dia a dia. Sendo assim, JAMAIS compartilhe seus problemas com terceiros (até mesmo familiares), pois são pouquíssimas as pessoas que realmente se preocupam com o bem estar alheio: a grande maioria gosta mesmo de ver o circo pegar fogo.
O sigilo é a chave para o sucesso.
DICA 2: OBJETIVOS
Uma das maiores incidências de brigas entre os casais é não saber quanto o outro ganha/gasta e dívidas que não foram debatidas..
Tenha em mente que o casamento é quase uma SOCIEDADE empresária. Sendo assim, os sócios devem registrar no livro caixa as rendas e despesas com a finalidade máxima de fazer prosperar a empresa.
Sentem, conversem e tenham OBJETIVOS EM COMUM a serem alcançados, sendo desde viagens nas férias, filhos, compra de imóveis, carros, ou até mesmo a plástica que sua mulher sempre sonhou em fazer ou a moto que seu marido sempre quis ter.
No meu caso, queríamos sair do aluguel. Vendi o carro, juntamos dinheiro e conseguimos. Passamos meses sem dar as caras nos barzinhos da cidade e, quando sobrava algum dinheiro, comprávamos uma cervejinha no mercado e tomávamos sentados num sofá velho, sonhando com a nossa casa nova e jogando conversa fora.
Foi também nessa fase de extrema expectativa, ansiedade, frustrações e nervosismos que passamos com banco, corretor de imóveis e familiares palpiteiros que o nosso relacionamento fortaleceu e nos tornamos amigos, cúmplices e confidentes. Nesse momento, percebemos que era eu por ele e ele por mim.
Nessa fase, MUITOS amigos sumiram e recebíamos pouquíssimos convites para sair em programas zero custo. Aí eu pude ver quem gostava MESMO da minha companhia e quem gostava da piscina, churrasco e cerveja grátis.
DICA 3: IGUALDADE
Equilíbrio. Ter equilíbrio e bom senso é tão importante quanto o diálogo. As falsas feministas de plantão que me perdoem por esse tópico, mas o que vou dizer é algo que percebo em muitos casais.
O homem trabalha e paga as contas da casa. A mulher trabalha e paga roupas, sapatos e salão e ainda reclama e faz textão no Facebook sobre igualdade.
Se você ganha 2.000,00 e o outro 1.000,00, tenha o bom senso de dividir as contas de forma igualitária e de acordo com as condições de cada um. Assim ambos estarão comprometidos e estimulados a fazer parte do crescimento financeiro do casal, podendo um puxar a orelha do outro nos momentos de gastança ou acomodamento.
Eu ficaria pistola de raiva se estivesse ralando e pagando tudo, enquanto o bonito está gastando com bobagens. Afinal, meu dinheiro vale tanto quanto o dele.
DICA 4: FOCO
Não se acomodem quando atingirem seus objetivos. Um carro sem motorista desce ladeira abaixo e se fode todo. Tenham metas e sejam o contrapeso ou a voz da razão sempre que necessário.
Depois que mudamos para nossa casa nova, ficamos tão extasiados com a conquista que nos esquecemos de algumas metas, gastando MUITO com móveis novos (até aí necessário e compreensível), saídas e coisas supérfluas.
Fiz a cagada de comprometer 1/3 do meu salário comprando um bangalô de um clube (já era sócia remida), mesmo com o mozão falando “você vai se arrepender”… pois é, me arrependi. Desisti do negócio, estou passando nervoso com advogado e perdendo o dinheiro investido, mas o pior mesmo foi dizer “você estava certo” kkkkkkkk. Admitir que estava errada dói pra caraio.
É difícil admitir os próprios erros, mas mais difícil ainda é quando o outro aponta os dedos e julga. Assim, não apontem o dedo e jamais digam “o dinheiro é meu e gasto como eu quiser”, ou “se você gasta eu posso gastar também”, UM ERRO NÃO JUSTIFICA OUTRO, além do que, isso não leva a nada e só desgasta a relação.
O correto é dizer “ambos erramos” e ter a humildade para ceder e admitir quando também pisar na bola.
De qualquer forma, toda cagada TEM A SUA FUNÇÃO DE ENSINAR e essa nos mostrou que nada deve ser feito por impulso, ainda mais quando seu companheiro está dizendo “não faça isso”.
Esse episódio nos fez refletir o quanto estávamos gastando com futilidades, tais como mensalidades de coisas que não agregavam em nada (clube), emprestando dinheiro para familiares e amigos, comprando jogos de PS4 que estão se acumulando e não sendo jogados. Assim, botamos os nossos pezinhos no chão, cortamos os gastos com bobagens e colocamos os objetivos em primeiro plano.
Abdicar de certas regalias tem lá as suas vantagens. Troquei o plano do meu celular, dispensei a faxineira, abri mão do bangalô, reduzi as nossas saídas de final de semana. Ele deixou de ser sócio em outro clube, suspendeu nossas atividades em outra organização (AMORC), não vai comprar nenhum jogo novo e não vamos mais emprestar dinheiro para ninguém. Só com isso economizamos cerca de mil e quinhentos reais por mês.
Portanto, escutem quem toma as pingas e leva os tombos contigo!
Dica bônus: Débito ou crédito
Obviamente que cada um investe naquilo que quer e acha prioridade para o momento, mas quantas pessoas vocês conhecem que ostentam uma vida ilusória? Bancam um estilo de vida que não cabe no bolso, vivendo no estresse de estar no vermelho? Conheço pessoas que preferem andar num carro velho importado a um novo popular (mesmo completo). Conheço gente que comprou carrão, mas não tem dinheiro para colocar combustível. É piada, só pode.
Dinheiro não é tudo, mas é MUITO importante e sua falta pode causar o fim de um casamento próspero. Ser feliz na pobreza é legal, mas mais legal ainda é não ser pobre e ter condições de se fazer aquilo que quer, mesmo que demore ou demande muito esforço.
Negociar as compras à vista tem muitas vantagens e a melhor é não ter dívidas e conseguir trabalhar seu orçamento familiar com paz de espírito! Trabalhe a sua paciência e imediatismo.
Tenho orgulho em dizer: vivo com aquilo que ganho. Aprendi a duras penas a ter paciência e a guardar, poupar, economizar e comprar à vista. Temos cartões de crédito, mas são usados em extrema urgência ou necessidade e nunca entramos no vermelho. Temos uma poupança gordinha e temos um lema: melhor ser do que ter.
É isso, se alguém puder compartilhar outras dicas, estamos aí.