Leitor: Olá, boa tarde.
Gostava muito de uma colega do trabalho faz uns anos. Na época, eu tinha 30, e ela, 25. Levei dois foras, quando tentei alguma coisa. Ela quis ser minha amiga (palavras dela), mas acabou me bloqueando depois em todas as redes sociais e quando perguntei o que estava acontecendo, não respondeu.
Ela foi a pessoa de quem eu mais gostei em toda a vida. Meus relacionamentos depois disso foram todos horríveis. Já faz 5 anos que isso aconteceu, e ainda me sinto horrível. Parece que nada vai pra frente.
Enfim, sinto que perdi o grande amor da minha vida (que não foi amor porra nenhuma), e não consigo achar um caminho. O que eu poderia fazer pra deixar isso pra trás?
Obrigado, bjs.
Olá caro leitor.
Você, como muitos, não foi educado nas artes da frustração e por isso acredita ter perdido a oportunidade da sua vida, enquanto na verdade foi tudo fruto da sua imaginação criativa.
Contudo, há novos caminhos que você poderá percorrer e que irão te ajudar a entender e deixar para trás esse episódio, além de compreender mais sobre si mesmo, podendo se libertar de atitudes tóxicas e, quem sabe, ter um futuro com relacionamentos menos horríveis.
Primeiro passo: entenda a era em que você nasceu
Nós, trintões, somos parte da famigerada geração Y, e essa geração foi uma das primeiras com proteções que nossos papais e mamães não tiveram.
Nascemos na era da informática, dos games, da democratização, da Constituição Federal de 1988 que previa proteção à infância e à juventude.
Pudemos estudar e brincar (mais uma vez, em tese).
Genericamente falando, nossos pais tentaram nos prover aquilo que não tiveram e isso vai da liberdade à bicicletinha que ganhamos no natal.
Tudo isso foi magnífico, pois possibilitou milhões de possibilidades tanto na área afetiva quanto na profissional.
Basta observarmos quantas profissões nasceram e quantas pessoas puderam e saíram dos seus armários.
São TANTAS oportunidades que ficamos meio que sem saber o que fazer com um menu tão grande de variações.
Nos deram muita liberdade de escolha, mas não nos ensinaram a escolher e, pior ainda, não nos ensinaram a aceitar bem o não.
Segundo passo: faça uma autoanálise
Você sabe frustrar-se?
Como você reage a um não?
Como reage quando tem que fazer alguma coisa que lhe desagrada?
Explico as perguntas: muitas pessoas não foram educadas a esperar, ter paciência e a receber NÃOS. Geralmente são pessoas acostumadas a pedir e terem o que querem nas mãos.
Não gostou do jeito que a chefia te abordou? Eu me demito!
Não gostou quando a namorada pediu mais atenção e menos futebol com os amigos? Tô solteiro!
Não me respondeu na hora? Te bloqueio!
O que quero dizer é que a menina pelo qual você nutre essa paixão era bonita, o papo bacana e a amizade legal, aí você foi lá e pá, cantou! Ela, provavelmente, disse aquele não educadinho, sem graça e melindroso. Típico “não” de quem não quer perder a amizade.
Você não entendeu o recado e achou que o “não” educadinho foi um “talvez” e pá, foi se fazer de sonso e tomou outro toco.
Para a guria ter te bloqueado de todas as redes sociais e ter parado de falar contigo, é porque o constrangimento foi grande.
Repense a abordagem e responda agora mentalmente: forcei a amizade na segunda tentativa?
Se ela tivesse te mantido nas redes sociais e continuado a conversar contigo, haveria uma terceira tentativa da sua parte? Pelo jeito sim né kkkkk
Passo três: entenda seus sentimentos
Será que era paixão ou foi só birra?
Tem criança que nem gosta tanto de determinado doce, mas se joga no chão do supermercado e faz escândalo quando os pais negam comprar só para ter saciado o desejo pelo pronto atendimento de suas necessidades.
Ela falou não e você gamou.
Aí você projetou nos relacionamentos futuros o famoso “só estou contigo por não ter coisa melhor” e não se dedicou de verdade, a consequência disso está na sua frase “Meus relacionamentos depois disso foram todos horríveis”.
Enfim, te faço a última pergunta: será que ela foi mesmo a pessoa que você mais gostou ou a que mais te ignorou?
Aprenda a amar quem te ama, a dar atenção a quem te busca e nutrir sentimentos somente para as pessoas que realmente querem, e só assim o pretérito imperfeito será relegado ao seu devido lugar: na caixinha das coisas que só você imaginou.
Portanto, reflita sobre as suas liberdades de escolha, reflita sobre as situações que estão fora do seu alcance e que nem sempre ganhamos o que queremos ou quem desejamos.
Boa sorte.