Devido a quantidade de meninas que vi que gostam de outras meninas e que não se sentem bem com isso, não conseguem aceitar, ou que apenas gostariam de saber algo a mais bolamos essa entrevista com um casal gay que eu particularmente adorei, espero que vocês também gostem!!!!
Primeiramente, é correto utilizar o termo “Lésbicas” ou é pejorativo? Tem gente que diz que sim e gente que diz que não e nisso aproveitei o momento para tirar essa dúvida, que se for o caso já conserto essa parte na entrevista (risos).
ALYNE – Bem, eu gosto de usar o termo ‘gay’. Porque gay é tanto homem ou mulher homossexual. Vejo a gente como um casal gay.
DUANNY – Talvez não seja o termo adequado, mas também não acredito que seja pejorativo. Casal homoafetivo soa mais bonitinho (risos) e pejorativo mesmo é ser chamada de machorra. Na verdade, esse papo de ofender, depende de quem a gente ouve né? Porque nossos amigos, os gays principalmente, vivem nos chamando de sapatão, e não machuca, porque é com certo carinho (risos).
Como vocês se descobriram com tal posição sexual? Seria possível dizer que já se nasce assim? Pergunto isso porque já ouvi histórias de pessoas que descobriram gostar do mesmo sexo depois de muitos anos, quando já eram inclusive adultas. Como foi o caso de vocês?
ALYNE – Eu me lembro de brincar com minha prima ou vizinhas de “casinha” quando eu tinha 4 anos, e nessa brincadeira, incrivelmente eu sempre eu sempre era o ‘marido que chegava do trabalho’ (risos). E nessa a gente sempre se encostava demais em certos lugares uma da outra, e a gente sabia que estava “errado”, porque a gente fazia sempre escondido e trancávamos a porta e ficávamos atentas com barulhos de passos ou algo assim. Mas eu sentia que era errado não no sentido de ser duas meninas fazendo aquilo (de pegar uma na outra), mas no fato de ser duas crianças fazendo algo que era somente para adultos. Acho que se nasce gay. Vamos adquirindo certa malícia, e aí está o fato de alguns não se aceitarem gays ou se descobrirem com mais facilidade. Aos meus 11 anos eu olhava bastante pras meninas da minha turma, mas olhava pra meninos também, porque eu achava que esse meu ‘olhar pras meninas’ era mais pra querer ser igual a elas: o cabelo, ou a maneira de se vestir, o jeito de ser, mas com o tempo fui percebendo que não (risos). A primeira vez que me apaixonei por uma menina foi quando eu tinha 13 anos, quando eu já sabia diferenciar o ‘quero ser igual a ela’ e ‘quero ela pra mim’ (risos).
DUANNY – Ai que difícil (risos). Bom, na minha opinião a gente nasce assim, é uma característica como qualquer outra. Sempre fui diferente das minhas amiguinhas, não tinha aquela vaidade louca, era mais ‘tanto faz’ (risos). Não posso dizer que me descobri super nova, mas fico com meninas desde os meus 14 anos, e achava que era tranquilo, pois beijava minhas amigas, era mais uma demonstração de carinho. Com o passar dos anos beijar meninas ficou mais interessante, e eu tinha um desejo de tato que antes não percebia. Comecei meu primeiro relacionamento com uma menina quando eu tinha uns 17 anos, e era muito gostoso, pois tinha essa entrega feminina, esse contato diferente e suave, mas mesmo assim, nem eu, nem ela deixávamos de ‘tentar’ algo diferente. Continuávamos ficando com homens, mas sabíamos que lá no fundo, gostar mesmo, aquela química, era uma pela outra. Esse relacionamento ‘aberto’ durou bastante tempo, e foi durante esse período que a voz gay gritou dentro de mim (risos), pois não suportava mais me sentir presa a uma coisa que não me satisfazia, nem sexualmente, muito menos emocionalmente. Era como ter de comer couve e detestar qualquer tipo de verdura (risos), sei lá, como demorar a experimentar uma coisa nova, e se achar estúpida por não ter experimentado logo de cara.
Como vocês se conheceram? Vocês acreditam ser difícil conhecer gente do mesmo sexo que tenha a mesma pretensão que vocês? Porque já é difícil arrumar um hetero, que dizem que é a maioria, então, acredito que um homossexual pode ser mais difícil de encontrar, não só pela questão de quantidade, mas também porque não raramente rola um medinho de chegar perto e ‘’vai que ele não é” (risos).
ALYNE – Nossa história começa no final de 2008, quando adicionei a Du no ‘Leskut’ – que é uma rede de relacionamento para meninas que gostam ou tem curiosidades em meninas. Na época eu namorava outra menina..
DUANNY – Não sei porque me adicionou então né. (risos)
ALYNE – (risos) mas era só pra conversar e conhecer.. vai que né. Conversávamos muito pouco, por causa do meu namoro e da rotina da faculdade da Du. Foi em Janeiro de 2011, agora no facebook, que comecei a puxar mais papo.. sempre convidava pra sair, mas ela morando em outra cidade – 10 horas de distância –, dificultava bastante. Vamos lembrar que agora, nessa época, eu estava solteira (risos).
DUANNY – A gente começou a se falar todo dia, contar da rotina e dos amigos. A partir de Abril já sabíamos o que uma e outra gostava, desde filmes, musica, chocolate (risos). Foi quando em Junho a Alyne cometeu a loucura de ir me visitar, aí a porra ficou séria! (risos). Achei bonitinho, porque em nenhum namoro enquanto morava fora, recebi alguma namorada em casa. E sei lá, que atrevimento né, a gente nem se conhecia.
ALYNE – Na viagem toda eu não consegui dormir, fiquei só pensando em coisas do tipo, “vai que ela não é nada daquilo que as fotos mostram”, “e se ela não for com a minha cara?!”.. estava ao mesmo tempo apavorada e ansiosa. Mas foi bem lindo quando a gente se “conheceu” pela primeira vez, eu senti que já conhecia ela há anos e não parava de sorrir e encarar ela (risos).
DUANNY – A Alyne estava gelada feito pedra, e não parava de me olhar. Nem se beijar a gente conseguiu logo de cara (risos). Naquela época a gente não sabia muito o que queria, eu não imaginava que ia querer ter casa, filho, cachorro com a Alyne, mas hoje eu quero. Acredito que cada um tem seu tempo, de firmar e planejar alguma coisa com alguém.
E como vocês pretendem fazer para ter o filho ?! Porque opção no mercado é o que não falta!
DUANNY – Temos alguns amigos super afim de contribuir e participar dessa experiência linda. É lógico, tudo muito pensado, planejado… mas o sonho ta aqui.
Existe alguma forma de descobrir, ou pelo menos minimizar a chance de erro na hora de reconhecer uma menina gay? (risos). Se der, conte um “macete” aí pra gente!!!
ALYNE – Existem as redes de relacionamento gay (Leskut e Leslove) que são mais específicas e ajudam a encontrar gurias na sua cidade, que gostam das mesmas coisas que você, e quase todas deixam claro que são, tipo “bissexual”, “curiosa”, “lésbica” e tem também a opção “hétero”, mas sei lá né.. (risos). Acho que nas baladas GLBT aqui de Curitiba também não é tão difícil encontrar gurias, mas vai encontrar as que só querem se divertir. Ao meu ver, não se casa na balada; nunca fui pra balada com a ideia de encontrar alguém pra namorar (risos). Eu tenho um “macete” que sempre funcionou! Você esta lá dançando com seus amigos e vê a guria mais bonita, a que te despertou interesse. Mas não tem muita certeza se ela “é” ou não, fica olhando de longe, mas não sabe se ela tá olhando pra você ou pro seu amigo (risos), o que você tem que fazer é chegar nela bem blasé (risos) e falar algo tipo “seu sorriso é lindo”, “seus olhos são lindos”..algum elogio simples, mas sincero. Falado isso, você simplesmente sai. Não voltando de imediato pro lugar onde você estava, mas vá pegar uma bebida, ou dar uma passeada pelo banheiro, pra depois de um tempo voltar perto de seus amigos. PRONTO! ELA VAI PRESTAR MAIS ATENÇÃO EM VOCÊ AGORA, vai ficar te encarando mais, vai ficar de sorrisinhos, vai dar “a chance” que todo mundo procura pra chegar (risos)
DUANNY – Antigamente eu achava que tinha esse esquema de olhar pra menina e ter certeza que podia chegar, que ia rolar alguma coisa, ou que ao menos lésbica ela era. Acho que de uns tempos pra cá esse estereotipo “lésbica = pochete, jeito macho, cueca aparecendo” caiu por terra. O que mais vejo são meninas que jamais imaginaria se mostrando safadas na balada (risos). Não vejo macete, mas tem umas que na tentativa de disfarçar não me enganam (risos). Acho que o grande segredo para conhecer alguém, com uma margem de erro pequena, é frequentar as baladas, redes sociais que são de gosto e predileção de pessoas como nós. Mas peraí, não é só entrar numa boate e ver a menina dançando feito diva (risos), sabemos que heterossexuais frequentam esses ambientes também, atrás de descontração, bom som…é preciso analisar mesmo, conversar. Acho que um bom teste é falar que a menina é linda e ver a reação dela, desse jeito ela pode perceber o real intuito da sua aproximação, porque dificilmente uma menina elogia a outra na balada senão por interesse físico, ou coisa assim. O que percebia quando era solteira (risos), é que com esse tipo de abordagem, as que queriam algo comigo, normalmente sorriam e faziam uma cara de “eu curto” (risos), do contrário já mandavam a real logo de cara “ obrigada pelo elogio e tudo, mas eu jogo em outro time” (risos). Parece besta, mas é verdade.
Como foi para vocês se firmarem como homossexuais, e depois se firmarem como um casal do gênero??
ALYNE – Acho que quando eu tinha duvida, era sempre “quero ser como ela ou quero ela pra mim?”, como eu já tinha comentado. Mas depois que ficou bem claro que eu gostava de meninas, me parecia bem normal ser assim. Eu nunca tive medo de mostrar meu afeto por outra pessoa em publico, independente da sua orientação sexual. Nunca me importei tanto com olhares das pessoas que veem a gente andando de mãos dadas na rua. Pra mim foi meio que ser o que sou. Não tem porque mudar quem sou ou do que gosto apenas por desaprovação em casa ou por pessoas que nem sequer me conhecem.
DUANNY – Acho que o que mais demora é essa auto aceitação, porque de algum modo, você sabe que vai sofrer. Eu particularmente sofri mais sozinha, tentando fazer algo que as outras pessoas aprovassem, e me machucando com as tentativas de ser “normal”, do que depois que resolvi sair do armário. Acho que o que amedronta mesmo é o medo de decepcionar os pais, é difícil, algumas famílias ainda fazem disso uma doença, um mal sem cura. Felizmente meus pais sempre foram mais que isso, sempre estiveram no topo entre os meus melhores amigos. Desde pequena pude contar segredos, esclarecer as dúvidas, e me arrepender chorando de algumas escolhas. Quando eles souberam não foi uma festa, dificilmente é, afinal são sonhos e mais sonhos, planos que talvez não sejam realizados. No meu caso meu pai levou na esportiva, num esquema meio “ você gosta de mulher, e eu também, pega lá uma cerveja” (risos), já a minha mãe que planejava desde sempre meu enxoval de casamento (risos) demorou a compreender que não se trava de uma fase, moda, ou bebedeira. Depois de assumida, recebi o carinho de muitos amigos, familiares, que viram isso como um ato de coragem, de assumir e ser o que eu sou realmente, por mim, e pela minha felicidade. Acho que todo esse apoio de família e amigos me ajudou, fez com que eu confiasse mais em mim, e até me aceitasse mais. A afirmação como casal foi crucial para o meu amadurecimento mesmo, pra crescer e superar as dificuldades juntas. Parece que cada dia crescemos um pouco, fortalecendo o que a gente tem, e esperando um futuro melhor, mais calmo e menos tenso. Mas isso é dia a dia, é acordar e aceitar essa diferença, e de certo modo, achar que esse diferencial pode ser uma qualidade, pois tudo que demanda mais esforço, mais responsabilidade também parece mais valorizado. Lutamos muito para chegar até aqui, com família, amigos, tudo a favor, não é uma coisa que podemos jogar pra cima e fim. Foi como uma árvore, a gente preparou o solo, pensou muito em o que plantar, e agora a gente cuida e rega sempre. Ai que gay (risos).
Atualmente, vocês acham que é mais fácil ser um casal gay solteiro ou comprometido? Por quê?
ALYNE – Acho que independente de estar solteira(o) ou comprometida(o) a gente sempre vai sofrer algum tipo de preconceito. É mais fácil lidar com esse preconceito quando se esta com alguém, mas esse alguém não precisa necessariamente ser uma namorada(o), pode muito bem ser um amigo, amiga ou familiares que te apoiam.
DUANNY – Eu concordo com a Alyne nesse ponto, o preconceito existe, independente se você tem ou não alguém, mas facilita muito ter um apoio, uma pessoa pra conversar, desabafar, torna a situação toda mais leve e saudável. Sinceramente se eu tivesse que guardar tudo pra mim, desde o início, eu estaria perdida.
Vocês acham que a sociedade já aceita melhor essa opção sexual, ou vocês diriam ser daquelas que ainda se escondem socialmente por medo do preconceito social, do tipo evitar andar de mãos dadas, etc.?
ALYNE – A gente se relaciona na rua como qualquer outro casal, a gente se dá beijinhos, abraços, andamos de mãos dadas. Eu acho que “aceita-se” melhor a homossexualidade por estar em quase todo lugar, na TV, em músicas, na rua; se tornou algo tipo, se alguém virar a cabeça pro outro lado pra não olhar pra nós duas de mãos dadas, desse outro lado vai ver algo similar com outro casal homoafetivo, entende? Acho que uma aceitação realmente nunca vai ter, podemos até ter um número maior de pessoas do nosso lado, mas ainda vai haver pessoas que não aceitam. As pessoas não aceitam as outras por serem ignorantes, por já terem um conceito formado sobre qualquer homossexual.
DUANNY – Nos tratamos como queremos, se quero um beijo eu dou, se to afim de abraçar, eu abraço, não me privo de nada em relação a isso. Eu não busco aceitação, cada um faz o que bem entende, eu busco mesmo é respeito, por mim e pela minha companheira e só.
Alguma das duas já ficou com um homem? Como foi essa experiência?
ALYNE – Eu já. Ahh sei lá, é muito estranho.
DUANNY – Já sim, não achava estranho até ficar com mulheres, aí eu vi o que eu estava perdendo (risos). Não acho o fim do mundo, nada “oh que nojo de homens”, mas não me satisfaz, não agrada.
Estranho por que? Tipo que não dá tesão? (risos!)
ALYNE – Não sei explicar porque achei estranho das vezes que transei com homem. Pode ter sido essa parada de não ter tido muito tesão.
Como foi a primeira relação sexual de vocês? Vocês diriam que é muito diferente do que com um homem – caso alguma já tenha tido essa experiência com o sexo oposto.
DUANNY – Eu tive muito medo (risos), eu não sabia muito o que fazer, foi aí que me dei conta que podia fazer pra ela, o que eu gostaria que ela fizesse comigo, aí não tem mistério, a coisa flui. Ah, eu considero diferente sim, por ser mais passional, menos participativo. No sexo entre mulheres a interação dos corpos é melhor, por sabermos exatamente, ou termos um boa idéia do que satisfaz. Com a Alyne foi essa loucura, de começar e querer perder o dia junto, foi mais UAU ( risos.)
ALYNE – A minha primeira relação com a Du? Eu realmente senti, pela primeira vez, como dizem “borboletas no estômago”. É como se eu nunca tivesse sido feliz até então, em 21 anos (risos). Daí pra frente, tudo mostrava que era pra gente estar juntas mesmo.
Aquela “coisinha masculina” faz falta ou isso é lenda (risos)?! E os artigos de sex shop, tem vez?
DUANNY – Lenda, pra mim no caso né? Me viro bem com o que Deus me deu. Artigos de sex shop tem vez sim, sempre (risos), um gel comestível, uma calcinha bem elaborada, é um relacionamento como qualquer outro, temos os nossos fetiches também (risos).
ALYNE – Não faz falta. Antes de conhecer e gostar de uma mulher, a gente se sente atraída por ela. Então, num primeiro momento, é muito físico. Acho que se você gosta mesmo de mulher, e principalmente, da sua mulher, não tem o que substitua. Lógico que sempre pode ter espaço para coisas diferentes que vão estimular a relação.
Perguntei da “coisinha masculina” porque acho que com ela fica mais fácil gozar pelo ponto G, não apenas pelo clítoris. Então vocês usam mais o clítoris mesmo né (risos)? Porque para ter orgasmos que não sejam apenas clitorianos, muitas mulheres optam por vibradores, pênis de borracha, etc. Se bem que tem dedinhos né, enfim, me conte como vocês fazem (risos)!
DUANNY – Não usamos nada disso, de borracha e tudo mais, por hora o que Deus nos deu ta muito bom, obrigada (risos).
ALYNE – Acho que resposta mais clara que a da Du não vai ter (risos).
Quando me irrito muito com os homens, as vezes penso que queria me casar com uma mulher, porque elas tendem a ser mais amigas, fiéis, e diminuiria a chance de decepção (risos). Eu sei que não dá para generalizar, mas vocês acreditam que, em geral, a mulher tende a ser mais fiel do que o homem, e por esse motivo o casal lésbico poderia usufruir de uma maior cumplicidade entre si?
ALYNE – Infidelidade não tem cara nem coração, acho que a probabilidade de um homem trair é a mesma do que a de uma mulher, independente se o casal é hétero ou homo. Em qualquer relacionamento tem que gostar da pessoa, senão é bem propício à traição. Todo mundo fala “uma mulher namorando outra mulher deve ser bem mais fácil, porque as duas se entendem, e bla bla bla”, acho que não é bem assim.
DUANNY – Minha mulher é linda né? (risos). Olha, falar de infidelidade e não pensar nos meus outros relacionamentos é impossível (risos), sou a prova que dá pra ser corna SIM, independente se namorar homem ou mulher. Não adianta, são seres humanos, independente do gênero, vão ter carência, vão ser egoístas, e vão trair.
Duanny, então você acha que ninguém é fiel?
DUANNY – Não, não é assim. Acredito sim na fidelidade. Sobre a resposta anterior, só quis dizer que independente da sexualidade de cada um, isso tem chance de ocorrer igualmente.
Hoje em dia vocês diriam que se sentem orgulhosas por serem gays? Pergunto isso porque ainda vejo muitos gays afirmando que se pudessem seriam hetero, não porque não gostam de ser gays, mas porque de acordo com alguns deles sofreriam menos, teriam que dar menos explicações para a sociedade, etc. O que vocês nos dizem sobre isso?
DUANNY – Tenho orgulho sim, de quem eu sou hoje, mas não de ser gay necessariamente. Sou bem mais que isso, entende? Gosto do caminho que trilhei e segui, e sim, escolheria isso novamente, mas não acordei um dia e pensei “hoje eu já decidi, sou gay”, eu assumi sim, assumi ser feliz e me apaixonar por quem eu bem entendesse.
ALYNE – Concordo com a Du, tenho orgulho de ser o que sou hoje quando olho para trás e vejo tudo o que passei. Acho que não escolheria ser gay ou hétero, eu simplesmente amaria. E então minha orientação sexual seria etiquetada pela sociedade da maneira que elas entenderem o que sou. Bissexual, provavelmente (risos), brincadeira.
Por fim, gostaria que vocês deixassem uma mensagem para aquelas mulheres que estão se descobrindo agora com tal posição sexual e ainda não conseguem aceitar e ser plenamente felizes com isso.
DUANNY– Gata, não se desespere, as coisas fluem, você não precisa abrir a janela e gritar ao mundo que é gay, e nem mesmo raspar o cabelo pra se encaixar em determinado grupo. Você é o que quiser ser, não se limite. Se hoje você beijou mulher e gostou, e amanhã já não gosta mais, não se cobre, ninguém precisa ser assim limitado. A ordem é ser feliz e deixar seguir, no fim das contas voce descobre o seu próprio jeito de lidar com o seu “eu gay”, com o seu corpo, com a sua intimidade. Àquelas que não se aceitam, opte por ser feliz, converse com alguém de confiança, e mais importante : não se cobre.
ALYNE – Todos nós, independente da sexualidade, somos diferentes uns dos outros. E é isso que nos torna únicos como indivíduos, o que gostamos de fazer, o que não gostamos, nossos defeitos, qualidades, a maneira que tratamos as pessoas independente de qualquer coisa. As “panelinhas”, os grupos, são formados por afinidades, e se você acha que não se encaixa em um desses grupos por ser fisicamente diferente que os outros, não se sinta excluído/excluída, com certeza deve haver algum interesse em comum. Para relacionar, eu penso em faculdade: imagina qualquer curso, Direito, por exemplo. São pessoas totalmente diferentes umas das outras, que se interessam por algo em comum. Nessa turma pode haver gays jovens, héteros com mais de 50 anos, pessoas super religiosas, punks, onde todos se conectam com algo. Meio ruim esse exemplo né? Tenho que atualizar isso (risos). Pra resumir é, não deixe de ser o indivíduo (individual) que você é.
Muito obrigada meninas!! Fiz essa entrevista pensando na quantidade de meninas gays que nos procuram e que com certeza verão nessa entrevista um algo a mais, que está acima da sexualidade, que é ser feliz do jeito que é. Isso é brega e batido, mas não deixa de ser a verdade. Super obrigada mesmo, vi que vocês não optaram por ser anônimas como muita gente que assim preferiu, mas se quiserem ainda tenho tempo de editar essa parte (risos). Super obrigava novamente e grande beijo!
DUANNY – Obrigada pela oportunidade, beijo (:
ALYNE – Obrigada pela oportunidade. Não precisa ser anônimo..