Encontrei a J. em uma segunda-feira em um bar movimentado. A entrevista foi interrompida diversas vezes por homens tentando oferecer um drink, chamar pra dançar e alguns convites mais ousados. Com seu vestido curtíssimo, um salto enorme que daria inveja a 90% das mulheres, J. dispensava todos com um belo sorriso e um gesto delicado. “Hoje não, meu amor, hoje eu vim só pra me divertir”. Segunda e terça feira ao contrário da maioria das pessoas, são os dias de folga da morena com roupas caras e maquiagem impecável.
Quando cheguei, ela já estava no terceiro campari, disse que é ruim, mas é bonito e chama atenção, que aprendeu a beber por causa da profissão e hoje em dia se acostumou com o sabor amargo (quem é que nunca se forçou a beber?!). E é nesse clima de descontração que pedi uma vodka e depois de uma introdução sobre o blog (e mais uma vodka), começamos a entrevista.
PAM: Primeiramente, muito obrigada por estar cedendo essa entrevista de forma gratuita para o blog. Ela com certeza responderá algumas curiosidades de muita gente, bem como fará com que a gente saiba um pouco mais sobre a vida de uma garota de programa (GP).
J: Não por isso. É bom ter voz em um espaço sério, mostrar o lado B do trabalho da garota de programa, se mais pessoas nos dessem ouvidos talvez o preconceito fosse menor.
PAM: Você poderia fazer uma breve apresentação da sua pessoa, falando como é o seu trabalho, etc.
J: É um trabalho como a maioria dos trabalhos autônomos, cobro em média 200 reais o programa. Não tenho horário pra cumprir, ponto pra bater, mas se não trabalho não como. Exige sacrifícios como qualquer outro emprego, mas também tem um lado gratificante. Eu só atendo de quarta a domingo, quando preciso de uma grana extra pra algum luxo eu abro exceções.
PAM: Como você começou na profissão? Ou melhor, o que te fez entrar nela?
J: Quando saía com as minhas amigas, era muito paquerada, principalmente por caras mais velhos. Eles me pagavam bebidas, jantares, alguns me davam presentes, mas isso não botava comida na mesa, às vezes ganhava lingeries tamanho G, que era o que eles eram acostumados em casa (risos), então resolvi começar a sair com eles, mas cobrando em cash, assim escolheria o que queria. Saía, viajava…
PAM: Como foi o seu primeiro programa? Foi algo “fácil” de se fazer?
J: Foi horrível. Eu me sentia suja, vi a minha vida inteira passando pela minha cabeça, os conselhos da minha mãe, o que minha irmã mais nova iria pensar se soubesse, se ela ainda me admiraria. Lembrei de tudo que tinha planejado pra minha vida, e não era nada daquilo. Eu já era acostumada a sair com homens que eu não tinha a menor química, mas a situação foi muito diferente, foi num muquifo, por uma mixaria. Me senti muito mal. Mas depois conversei com outras amigas que faziam programa há mais tempo e me falaram que é muito normal essa sensação. Depois passa.
PAM: Qual é o tipo de cliente que mais te procura? Como você traçaria o perfil mais comum dos seus clientes? (aqui você poderia dizer media de idade, classe social, se são solteiros ou casados etc).
J: Quando eu atendia na rua, a maioria eram playboys novinhos, caras bonitos, sarados, que provavelmente tem uma namorada pudica esperando em casa, mas gostam de uma sacanagem e de variar o cardápio. Também tinha muito trabalhador, que a gente via que tinha economizado o mês inteiro pra poder me pagar. Hoje em dia eu ponho anúncio no jornal, cobro mais caro, quem me procura está querendo discrição, muitos homens casados me procuram, homens com uma situação financeira estável. A procura de mulheres também é grande, mais por curiosidade, sabe? Mas não atendo mulher sozinha, só casal. Primeiro que não gosto de xota, e depois, elas nunca fazem propaganda boca a boca, morrem de vergonha, e essa é a alma do negócio (risos).
PAM: No seu ponto de vista, qual é o maior motivo que faz os homens te procurarem? O que eles mais te pedem para fazer?
J: Anal, boquete e pra comer a bunda deles. Muitos homens tem vergonha de pedir, alguns pedem fio terra, outros pra usar os meus brinquedinhos. A gente sente, sabe? Quando vai lamber o saco eles dão uma inclinada, a gente vai testando e na maioria das vezes eles deixam. Anal é um tabu, principalmente pra homens mais velhos, as esposas não dão. E o boquete é um clássico. Mulher não sabe chupar direito, é meio automático, tem que fazer com vontade, eles adoram.
PAM: Algumas pessoas consideram a sua profissão como algo pesado, tal como ter que encarar homens mal educados, outros que você não sente a mínima atração, e assim por diante. Você considera a sua profissão pesada até que ponto?
J: É muito arriscado. A gente nunca sabe com quem tá lidando. Tem muitas meninas que apanham dos clientes que não querem pagar, muitas são mortas, principalmente as que fazem ponto na rua. O agente (famoso cafetão) muitas vezes é uma segurança, apesar de levar parte do lucro. Mas ele sempre fica por ali. Eu trabalho sozinha, então às vezes tenho medo, se percebo alguma coisa estranha ou se o cara marca num lugar suspeito eu dou uma desculpa e não vou. Prefiro fazer programa em motel. Casas afastadas não vou de jeito nenhum.
PAM: Como você lida com a constante possibilidade de contrair alguma doença sexualmente transmissível? Não que esse problema esteja apenas nesse meio, mas sim porque você estaria mais constantemente exposta a ele.
J: Tem a camisinha, mas ela também estoura né, meu amor… Tem muito cara babaca que tira também. Eu já tive DST, perdi as contas, mas sempre vou ao gineco pra ficar limpinha, tenho que cuidar do meu instrumento de trabalho. Meu medo mesmo é AIDS. Eu tenho HPV. Ai será que alguém ouviu? (diz ela olhando pros lados). Mas sempre cuido pra não passar nem pegar nada, sempre me cuido muito, me alimento bem pra ficar com o corpo em forma e pro sistema imunológico não falhar. Não posso ficar doente né? Senão não viajo fim do ano, não compro meus sapatos e tenho que cuidar do físico de uma forma geral.
PAM: Você já levou muitos calotes? Existe uma maneira eficaz de reduzir a probabilidade deles acontecerem? Você tem alguém que trabalha contigo para ir atrás de quem não paga?
J: Já levei no começo, era meio boba ainda, hoje em dia só com dinheiro adiantado. Claro que ainda se corre o risco do cara te bater pra roubar o dinheiro que ele deu, mais o que você tem na bolsa. Infelizmente não há muito que fazer. Só ser mais cautelosa e confiar nos próprios instintos, o instinto feminino nunca falha. O que falta é confiar mais na intuição. Como eu já disse, eu trabalho sozinha, mas a gente sempre tem um amigo do babado que quebra o galho. Evito ao máximo, mas se trabalhei quero receber por isso, é o justo né? Mas fazer programa pra receber depois nunca mais. Tem uns que dizem que não gostaram, então não vão pagar, outros que não vão pagar e que se eu quiser que chame a polícia. Sempre aparece isso na televisão, já vi acontecer até com atores da Globo. Lembra daquele vídeo do velhinho que ia dar cinco reais de caridade pra profissional do sexo? (risos).
PAM: E a segurança, como você faz para se manter segura nesse meio no qual nem sempre se conhece as pessoas que te contratam?
J: Primeiro passo é conhecer o lugar onde você mora. Se é num bairro que não conheço pergunto pras amigas onde fica, como é o clima de lá. Se for muito afastado e ermo não vou. Se o cara for muito grosseiro também evito, só se tiver precisando muito de dinheiro, mas vou morta de medo. Se só percebo isso quando cheguei lá, dou um jeito de acabar logo ou de ir embora na mesma hora. Sei que é um nome feio, mas o cafetão ajuda muito nessas horas… eles protegem, cuidam das meninas deles… Trabalhar em puteiros ou em boates também é mais tranquilo, porque tem identificação na entrada das boates e nos puteiros a gente dá lá mesmo. Nas ruas é muito perigoso, por isso as meninas e as bonecas* andam em bando pra se protegerem… E sempre tem alguém escondido de olho.
*Travestis.
PAM: Você também faz programas com mulheres? Se sim, nos conte o que você mais faz que envolve elas (programas a 3, etc), bem como a sua visão disso.
J: Já fiz com mulher sim, mas não gosto. É interessante, elas vão a loucura, parece que descarregam anos de tesão enrustido. Só que não gosto da cara de culpa que elas fazem no final, parece que sentir prazer é algo sujo e pagar por isso pior ainda. Quando eu compro um sapato caro a minha calcinha molha, paguei por ele, porque não pagar por sexo? É prazer do mesmo jeito, mas de formas diferentes. E o homem costuma contar pros amigos, recomendar, mulher não. É tipo quando a gente tá de dieta e come um bolo escondido. E não dá pra fantasiar com o seu namorado, com o Brad Pitt. Mas eu faço com casais, no começo elas estão acanhadas, mas quando dou atenção a elas, elas se soltam, depois até gostam de ver o marido comendo outra, afinal ela continua tendo atenção, sempre estou em contato com elas, nem que seja visual, pra elas não se sentirem de fora da transa. Algumas já tentaram voltar sozinhas, mas eu não quis. Elas gostam que as chupem, maridos não fazem isso né? Acho que só no aniversário de casamento e olhe lá (risos).
PAM: Acredito que às vezes você acaba tendo uma função parecida com a de psicóloga. Do que os homens mais se queixam para você no que diz respeito às mulheres (sejam elas companheiras deles ou não). Acontece de as vezes pagarem seu serviço para apenas conversar? Como uma sessão na psicóloga mesmo? Ou de companhia para festas e/ou eventos sociais.
J: Ah sim. Já tive clientes que só conversaram, outros não funcionaram e quiseram aproveitar o dinheiro e o tempo e ficar conversando. Outros dão uma rapidinha e passam o resto do tempo batendo um papo. A grande maioria das vezes o papo gira em torno da mulher deles ou da ex ou da mãe. Meio Édipo né? Tinha um cara muito legal que conversou comigo das viagens dele, dos museus, de filosofia, de filmes, mas é raro. A maioria só desabafa. E é mais comum do que se imagina virar psicóloga. Depois da Bruna Surfistinha parece que isso piorou. Eu tenho um lado mãezona, nessas horas encarno ele e às vezes até ponho no colo e faço cafuné. Já to meio bêbada, você se importa se eu ficar mais? Vou pedir outro desses, depois do sexto você nem sente mais o gosto.
Nunca me chamaram pra eventos sociais, geralmente quem pede esses serviços são executivos de outras cidades e os hotéis geralmente tem a famosa pasta rosa, que é um catálogo que oferece o serviço das acompanhantes. Se o hotel não tem, geralmente o recepcionista conhece uma e indica, pra eles é lucro indicar porque é garantido que a moça não vai fazer escândalo no hotel mesmo que o cara não pague. Hotel é um vai e vem de putas a noite toda. De tanto ir, a gente acaba fazendo amizade com quem trabalha lá, geralmente homens, as mulheres não gostam muito…
PAM: Qual foi a coisa mais inusitada que você já teve que fazer dentro da profissão? Nos conte alguma coisa que você adorou fazer.
J: Difícil responder essa… A gente tem que fazer cada coisa que você nem imagina. Mas acho que foi ficar com dois irmãos. Não eram gêmeos, mas eram parecidíssimos. Não é uma coisa rara de acontecer, mas eu penso na minha irmã. Eu nem consigo imaginar minha irmã me vendo fazer sexo, imagina dividir a cama com ela? E o mais novo tinha fetiche com o dedo mindinho do pé, o mais velho com axilas. Nojento né? A coisa que eu mais gostei de fazer foi tirar a virgindade de um cara de mais de 30 anos. Ele disse que tinha se guardado esperando uma mulher legal. Ele era muito tímido, tadinho. Como não tinha conseguido ele passou a procurar garotas de programa, mas nunca tinha dado um click. Ele sempre pagava e ia pra casa ver TV sem fazer nada. Mas disse que comigo tinha dado uma química. No começo achei que era papinho pra barganhar um desconto, mas depois vi que era verdade, ele era todo desajeitado, meio afobado. Mas foi legal, consegui guiar e acabou tendo carinho, cumplicidade, hoje em dia acho que ele deve ser bom de cama, ele aprende rápido (risos).
PAM: E alguma coisa que você detestou fazer?
J: Golden Shower, é quando o cara quer mijar em você. Achei nojento, mas topei experimentar, to na vida pra isso, né, meu amor. Mas achei que ele ia mijar na minha barriga, nas coxas, mas ele me pegou pelo cabelo e queria mijar na minha boca! Dei um grito, mandei parar. Falei que tinha acabado ali. Ele pediu desculpas… Tomamos um banho e continuamos, mas no meio da transa ele começou a mijar de novo, parecia um velho com incontinência urinária. Mandei por a roupa mijado mesmo e ir embora. Antes de ir ele perguntou – E uma cagadinha, tu curte? Quase vomitei ali, só não vomitei pq talvez ele gostasse e quisesse continuar (risos).
PAM: Você já passou por algum apuro? Nos conte algum!
J: Acho que esse do xixi, achei que não fosse conseguir me soltar e acabar fazendo urinoterapia a força. Passei por vários, nessa profissão a gente tá sujeita a tudo. Eu volto pra casa sempre de taxi, não acho muito seguro andar com meu carro por aí por causa dessa coisa de sequestro né? Mas já peguei uma carona com um cliente que passei maus bocados. Fui conseguir sair do carro do cara quase na divisa de São Paulo, mesmo esperneando e ameaçando parar o primeiro carro de polícia que aparecesse. Ele dizia que ia me levar pra Bahia pra apresentar pra mãe dele. E queria porque queria. Depois disse que ok, já que ele fazia questão, demonstrava que era um cara sério e eu tava mesmo precisando de um desses. Fui conversando com ele, pedi pra ele parar pra comprar uma cerveja e pedi ajuda pro rapaz do posto da estrada. Ele tinha ido ao banheiro, quando voltou viu o atendente do posto no telefone, achei que ele fosse me bater, mas correu pro carro e saiu correndo. Sabe lá o que esse doido queria fazer comigo.
PAM: Como você lida com as paixões? pois certamente você já se apaixonou por alguém…
J: Já. Muito. Sou bem carente, me apaixono com frequência, daquelas de querer casar de branco e ter filhos, mas desapego com a mesma facilidade. Meus relacionamentos são baseados na verdade, todos eles sabiam da minha profissão, alguns não gostavam, me pediam pra parar, eu disse que pararia por um salário mensal, mas nunca achei nenhum que me fizesse isso, nunca vou largar minha profissão pra ser dona de casa, pra depois separar e sair com uma mão na frente e outra atrás porque sou puta. Claro que não quero ficar nessa profissão a vida toda, mas to juntando meu pé de meia. Aqui é interior né? Todo mundo me conhece, até te avisaram que eu estaria aqui hoje. Quando for largar essa vida vou pra outra cidade, casar e pretendo não comentar meu passado. Não que seja vergonhoso, mas sei como as pessoas são, primeira briga isso vai ser usado contra mim. Eu sempre deixo claro que o sexo com meus namorados é diferente dos clientes, mas a minha profissão sempre pesa muito. Pra eles é muito difícil de lidar. Pra mim também, Não posso chegar em casa depois do trabalho e dar um beijo na boca por exemplo porque sei que mesmo que eles retribuam o beijo vai ser por obrigação, com nojo, com ciúmes.
PAM: Algum cliente já se apaixonou por você? Você acredita ser difícil para uma GP arrumar um namorado?
J: No começo eu era bem novinha, ficava toda boba imaginando se era aquele cara que ia me tirar dessa vida. A história da Bruna Surfistinha é o conto de fadas das garotas de programa. É muito difícil acontecer, e quando acontece a gente é muito humilhada, parece que o título de puta acompanha pra sempre. Alguns dizem que nunca sentiram algo parecido, mas somem, acho que é o hábito de falar isso pras garotas que eles comem, pra garantir uma segunda transa. Outros falaram, voltaram várias vezes, mas como não dei bola, não foi pra frente. Mas muitos se apaixonaram de verdade. Não é difícil se apaixonar por uma garota de programa se for pensar bem. É uma mulher que te escuta, liberal na cama, não enche o saco por causa do futebol com os amigos, não reclama da empregada, é uma vida diferente, tem gostinho de começo de namoro, encontros as escondidas, amassos, estamos sempre bem arrumadas, cheirosas, prontas pra tudo. A maioria reprime por causa do machismo e do preconceito.
PAM: Você diria que os clientes te tratam bem dentro da profissão? você já ganhou muitos amigos, presentes etc?
J: Amigos nunca fiz. Fiz muitas amigas, companheiras de farra, de profissão, mas clientes amigos nunca. Como vou ser amiga de um cara que não posso ligar na hora do aperto porque a família dele vai achar ruim, ou o chefe vai achar estranho encontrar ele num barzinho badalado com uma garota de programa. Interior, né? Complicado, meu amor. Presentes já ganhei um monte. Nenhum diamante gigantesco, já ganhei um colar que um menino roubou da mãe dele, mas pedi pra devolver, disse que um bilhetinho me deixaria tão feliz quanto. Ele me negou no começo, mas o colar era de velha e caro, sabia que ele não tinha comprado aquilo e coisa roubada atrasa a vida da gente né? Já ganhei lingeries (a maioria do tamanho errado) que o cara me pedia pra usar na hora, ficava horrível, morria de medo de ter sido usada por alguém com doença, mas checava bem o fundo e usava. Mas flores, bombons, ursinho de pelúcia, essas coisas que se dá pra namorada, é difícil… Me trazem muita coisa da mulher. Se for bonito eu não reclamo, se for feio mando devolver e quando já tomei uns drinks a mais digo que aceito o valor em dinheiro. Fico cara de pau.
PAM: Por fim, diga o que você acha que faz de uma mulher boa de cama. Nos dê alguma dica de mulher para mulher!
J: Não adianta ler o kama sutra se você não for segura de si. Mulher boa de cama, mulher gostosa é aquela que gosta de si mesma, que explora o próprio corpo, que faz tudo o que se sente a vontade pra fazer, sem pudores, sem vergonha. Mulher boa de cama é aquela que geme de verdade, que gosta do que tá fazendo. Nada pior que uma chupada sem vontade só pra agradar. Fica mecânico. Tem que fingir que é um Corneto e saborear cada pedacinho, sabe? Tem que se sentir livre, sem pensar se tá sendo ridícula, falar sacanagem se quiser, esquecer celulite, a mulher boa de cama costuma ser quase egoísta. Ela pensa em si, no prazer dela, e em decorrência disso acaba dando prazer pro parceiro. Ela não faz o que não gosta. Ok, de vez em quando um agradinho não faz mal né? Mas se for sempre fica chato, ela para de gostar de fazer aquilo e cai na rotina. Meu conselho é ser ousada, às vezes tomar a iniciativa, nem precisa ser direta, mas uma camisola sem calcinha e um beijo mais quente já dizem tudo. Goste da coisa, goste de si, saiba o que você gosta, seus pontos, guie-o pra isso ou a mulher vira uma boneca inflável. E não me responsabilizo se o marido me procurar (risos). Ué, já acabou a entrevista? Não quer inventar uma última pergunta pra dar tempo da saideira?
Então pergunto a ela que mensagem ela passa pras mulheres que lêem o blog (e pros rapazes também), deixando de lado a profissão, como mulher experiente, vivida, livre. Simplesmente mulher.
J: Bem, gente, foi um prazer. Adorei o nível das perguntas, não conhecia o blog, achei muito de bom gosto. Quando soube que era um blog com dicas pras meninas, que ajudava a solucionar nossa vida que tantas vezes é confusa, já virei fã. As mulheres que tantas vezes são práticas no dia a dia, no campo amoroso se deixam levar pelo coração e tudo vira um caos. Mas com uma visão feminina de fora, sem dica mentirosa daquela amiga falsa que diz que você fica linda naquela roupa que te deixa gorda, urucubaca da cunhada, conselho parcial da sogra, tudo fica mais fácil. Escutem, garotas! Vocês só tem a ganhar.
Agradeço o convite para a entrevista, foi um espaço pra mostrar um pouquinho de humanidade, que não somos só pedaços de carne. Que a vida de uma garota de programa não é um mar de rosas, mas também não é só marginalidade como pintam. Mas você se enganou. Essa entrevista não vai sair de graça, o próximo Campari é por sua conta, é a saideira, porque quero ir pra casa, colocar meu pijaminha, e ler o blog, porque mesmo sendo experiente ainda tenho muito o que aprender.
E pros rapazes, só tenho a dizer que não nos subestimem!
Abraços!
ADENDO DE MADAME TPM, NOSSA ENTREVISTADORA:
Depois de fazer a entrevista com a J. cheguei em casa e fiquei pensando enquanto ouvia o audio (a entrevista foi gravada e chegando em casa transcrevi, tirando apenas algumas gírias e coisas que saiam do foco da entrevista) novamente. Enquanto estava no bar, cercada de pessoas, as coisas pareciam diferentes. Agora sinto um certo tom triste na sua voz e me lembrei de quando nos conhecemos, há pouco mais de um ano atrás quando eu trabalhava em um bar. Lembrei de todas as histórias que ouvi, das pessoas da noite que conheci e me toquei que nenhuma traça isso como uma carreira. O sonho de todas é colocar um tailleur e ter carteira assinada. Ter uma vida de propaganda de margarina. Só nesse meio tempo 3 garotas de programa morreram na minha cidade, isso porque moro no interior.
O que chamam de “vida fácil” é duro, é uma profissão árdua, por isso muitas delas se drogam, estão sempre altas e com uma dose de alguma bebida forte na mão, elas precisam se afastar do próprio corpo que está fazendo algo que elas não gostam, não naquela situação. Eu estudo pedagogia, eu sei que vou me formar pra ganhar R$1.300 e fazer um mestrado pra conseguir ganhar R$2.000, e sei que muitas delas mesmo ganhando mais dariam tudo pra estar na minha pele. Pra fazer com que aquele sorriso seja sincero, e não parte da produção pra uma noite de trabalho.
OBS: Entrevista feita por Madame TPM, mandamos as perguntas e lá foi ela no interior de SP entrevistar nossa primeira GP. Com isso damos o nosso pontapé inicial a essa nova sessão do blog, a de entrevistas para saber melhor da vida de algumas pessoas que sempre tivemos curiosidade em saber sobre, mas não sabíamos onde encontrar as respostas para as nossas perguntas!!
Se você é um “homem garoto de programa”, gosta de escrever e quiser dar uma entrevista para o blog, entre em contato comigo: [email protected]