Um leitor perguntou algo que sempre me pergunto: Por que temos tanto medo de perder quando o assunto é relacionamento?!
É incrível o fato de que quanto mais medo temos de perder, mais perdemos. Quando a gente tem medo de perder tendemos a ficar chatos, pegajosos, queremos explicação de tudo o tempo inteiro, vigiamos, choramingamos, e quando menos esperamos, já está perdido!! O mais estranho disso tudo é que parece que a gente não se coloca no lugar do outro. Quem é que gosta de ser sufocado? Você gostaria de alguém no seu pé o tempo inteiro? Certamente não, e se você acha que gostaria é porque certamente nunca teve alguém assim de fato.
Não estou falando de largar, mas sim libertar. Todo mundo gosta de alguém que liga, que se preocupa, que demonstra carinho, mas o problema é que, geralmente, a forma que um carente tem de chamar a atenção não é lá muito inteligente e é sempre muito exagerada. Quer atenção da pessoa que você ama? Tudo bem, mas faça algo de útil por ela ao invés de sempre se colocar no centro de tudo. Não fique apenas cobrando atenção, explicação, ou se vitimizando, se liberte disso em prol de ser uma companhia agradável e que o outro queira ter por perto sem você nem precisar implorar por isso, até porque se você precisa insistir, é porque tem algo errado aí.
O problema da carência não é a carência em si, mas o jeito que a exteriorizamos. Quer ligar para a pessoa porque sente falta ou porque simplesmente quer companhia? Ligue, mas tenha algo de útil pra falar, tente perguntar sobre a vida dela ao invés de falar o quanto você está triste por não tê-la visto ou por ela não ter te dado a atenção que você gostaria. Chame-a para sair se for o caso. Se a pessoa não aceitar, não insista, até porque se você foi legal e se ela estiver afim da sua companhia, ela dará um jeito de te dar atenção mais tarde. E se ela não fizer isso? Bem, aí é porque certamente a sua companhia não era tão agradável, ou tão necessária assim: o que realmente importa a gente nunca esquece, e se pessoa se esqueceu de você por muito tempo, só te resta procurar por outras tantas que valorizem mais o que você tem a oferecer e que sejam mais compatíveis com o que você precisa.
Não insistir é um grande segredo para estar presente sem encher o saco, sem sufocar. Perguntar não custa nada, insistir custa. Chantagem emocional então nem se fale: “Poxa, estava precisando tanto de você hoje e você não veio!”. Tudo bem que tem situações que não só é útil como necessário expor pensamentos como esse, mas faça apenas quando for necessário e depois de ter se colocado no lado da outra pessoa, concluído então que ela realmente vacilou. Ninguém gosta de quem se faz de coitadinho e exagera a situação real. Uma vez ou outra e dependendo muito do contexto pode ser até engraçadinho (“que fofinho(a) ele(a) querendo atenção!”) , mas fazer disso um meio de vida não dá.
Quer a pessoa que você ama o mais próximo possível? Tudo bem, não há nada demais nisso desde que sua estratégia seja coerente e ao invés de apelar só pro seu lado, apele para um em prol de uma situação confortável para ambos que certamente a sua proposta será mais eficiente. Assim, as chances de você agradar, bem como causar vontade de ser visto mais vezes são bem maiores, pois quem é que não quer ficar ao lado de alguém que ao mesmo tempo que é independente, é uma companhia agradável e que nos trata bem?