Você tem curiosidade em saber como era o trabalho de uma prostituta na Roma Antiga do século 1 a.C, ou seja, há mais de dois milênios?! A revista Super Interessante traduziu algumas partes do livro Valentia, Las memorias de Caio Antonio Naso (sem tradução para o Português), livro de Gabriel Castello Alonso e que, entre outras coisas, conta a história de um virgem perdendo a virgindade em um prostíbulo, com direito a conversa sobre custas, bem como sobre como as prostitutas se vestiam na época! Muito interessante!
“Agora, nunca poderei dizer que não estive em um lupanar [prostíbulo romano]. Em troca, ficou marcada a primeira vez em que fiquei sozinho com uma mulher. Foi logo após o primeiro e desastroso convite. Essa angústia passou. Em uma tarde preguiçosa de verão, nos reunimos à sombra dos arcos do Fórum meu amigo Libieno, Emilio e eu com meu irmão Lúcio e um de seus amigos na cidade, um homem chamado Publius Quintilio Albo, um filho loiro de gauleses imigrantes. De qualquer forma, meu irmão e seu colega nos convenceram de que deveríamos ir juntos a um bordel fora das muralhas. Aquele famoso bordel estava perto da ponte de moinho e era uma casa de muito má reputação em círculos sociais valentinos. Sua notoriedade era má, porque mais do que um juiz era cliente regular. Era uma grande fachada, sem janelas, e um portão com um olho mágico, no meio de um bosque de acelga e alface. Depois de meu irmão tocar duas vezes a porta e dizer a coisa ininteligível ao escravo que espiou pela janela, as dobradiças da porta rangeram baixinhas e passamos ao prostíbulo. […]
Neste instante, saiu de vários cantos dos quartos adjacentes uma variedade grande de meninas e meninos. Dessas, umas muito jovens e outras já maduras, iam vestidos com roupas de finíssimos tecidos, estavam maquiadas com todos os tipos de bálsamos exóticos e algumas outras tinham tingido o cabelo com pasta de sebo e cinzas. Aqueles insinuantes e sugestivos vestidos deixavam aparecer as auréolas coloridas que coroavas seus valiosos bustos e encaracolavam os cantos de suas virilhas. Os três jovens imberbes tinham seus corpos cobertos com óleos aromáticos e cobriam os seus membros com uma tanga curta e simples.
[…]
Meu irmão negociou no grupo e conseguiu fechar com Arvina os custos de sua apetitosa mercadoria, fechando em 50 moedas de prata por uma hora de trabalho. A menina morena que tanto gostava de mim pegou minha mão e me levou para o seu cubículo, uma pequena e encardida cabana onde um banquinho e uma cama eram sua única mobília. […] Ela me levou ao seu ninho de delícias. Fechou as cortinas de serapilheira rasgados que fechavam a porta e me levou para a cama. Com um movimento lento e rítmico, se enrolou no vestido desde as panturrilhas, tirando-o por cima da cabeça, mostrando gradualmente em toda sua plenitude sua sublime nudez. Ela tinha grandes olhos cor de mel e um cabelo ondulado preto caindo em cachos sobre seus seios duros. Baixei meu olhar por um momento e vi como meu membro ereto já se marcava, e manchava, no manto. Lembro-me de suar como um escravo, não pelo calor úmido e intenso do quarto pequeno, mas por estar animado diante o toque iminente de nossos corpos … E eu ainda estava com medo de não ser suficiente para aquela jovem. Apesar de sua pouca idade, a menina sabia bem o que fazia.
[…]
Quando saí do cubículo, suado, vaidoso e muito mais satisfeitos do que um general durante um Triunfo (a mais alta honraria concedida a um general do Senado depois de uma campanha vitoriosa), me encontrei com meus outros amigos que também confortavelmente haviam alcançado seu objetivo.”
Uma curiosidade a mais. Os oito tipos de prostitutas romanas!!!
1. Delicatae: eram as prostitutas mais luxuosas, acessíveis apenas aos homens mais ricos e poderosos.
2. Copae: mulheres que trabalhavam em Cauponas, lojas especializadas em servir bebidas, como vinhos.
3. Noctilucae: eram as prostitutas que trabalhavam apenas à noite.
4. Lupae: essas prestavam seus serviços em “lupanares”, os prostíbulos da época;
5. Forariae: elas ficavam em estradas fora das cidades e prestavam seus serviços sobretudo a donos de estabelecimentos rurais.
6. Fornicatrices: mulheres que ficavam disponíveis próximas a pontes, arcos ou edifícios. Uma outra curiosidade: o termo fornix derivou a palavra fornicação (manter relações sexuais com prostitutas);
7. Bustuariae: ficavam próximas aos cemitérios romanos. (Nessas alguns góticos de hoje em dia iam pirar!!)
8. Prostibulae: esta era a prostituta clássica! Exibia-se na rua livremente. Quem quisesse assumir o cargo, deveria obter o registro profissional e depois de informar seus dados (nome, idade, naturalidade e “nome de guerra”), podiam começar a trabalhar no ramo.
Texto adaptado da Super Interessante
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Não sei se é porque sempre adorei história, mas foi muito divertido pesquisar sobre isso! Me senti literalmente viajando e gastando pouco. Deu até vontade de chamar um colaborador historiador que goste desses temas para fazer uns artigos sobre essas temáticas antigas de sexualidade no blog. O que acham?!