Leitora: Bom dia, tenho 28 anos. Meu marido se droga às vezes e nessas vezes some dois dias e faz muitas dívidas, estou cansada! Sou casada na igreja há 4 meses, mas estou com meu marido há 6 anos. Quando começamos a namorar ele não escondeu que já foi usuário de drogas, mas estava limpo e do jeito que falava como era ruim, colocava minha mão no fogo por ele. Mas depois que seu irmão foi assassinado em 2012, ele mudou muito, não conseguia esquecer e se culpava pois teve um caso de amor com sua cunhada e aquilo o consumia de tanto remorso. Seu primeiro sumiço foi em janeiro de 2014, ano do nosso casamento, quando ligou no dia seguinte e me contou o que fez (usou drogas), meu mundo desabou, mas como prometeu que não faria mais, dei uma chance. Meses depois começaram a surgir dívidas no cartão de crédito, eu desconfiada o coloquei contra a parede, e confessou que precisava de ajuda e não estava conseguindo. Fiquei decepcionada, e vocês sabem como uma noiva fica a pouco tempo antes do casamento né, e ele quase nem ajudava com as despesas. Promessas novamente, pensei muito mas casei, depois foram mais 3 sumiços, e muitas dívidas. Não sei o que fazer, estou até com nojo dele. Será que as mulheres são obrigadas a renunciar sua felicidade pra ficar com um marido assim, ficar por pena? Na minha opinião, vai atrás de drogas quem quer, ele já tem 30 anos não é mais um adolescente, e problemas todo mundo tem. Se me amasse como diz tanto, pensaria bem antes de me fazer sofrer, afinal eu sou a família dele!
Isso vale de lição para todas as pessoas que estão lendo esse post: quando você se casa com um ex-usuário de drogas, não tem essa de colocar a mão no fogo dizendo que ele nunca mais vai voltar a usar, e isso não é nem porque ele é fraco ou não te ama. É porque droga é coisa do capeta mesmo: é como bebida, você pode ficar anos sem tomar um copo, mas se você não se controlar e tomar o primeiro, tomar 20 fica fácil de acontecer. Pode acreditar: se ele soubesse que iria ficar viciado, ele não teria usado a primeira vez. Não estou falando isso para apontar quem está certo ou errado, mas sim para você entender melhor a situação e ver que é aí que entra o primeiro grande problema: as pessoas sempre acham que são mais fortes do que realmente são, e aí se elas não lutarem contra elas mesmas e reconhecerem que precisam de ajuda, fica difícil reverter a situação. Está tudo nas mãos dele, mas você – bem como a família – podem estimulá-lo a lutar contra os obstáculos. É tipo maratonista: quem corre é ele, mas se a plateia estiver vibrando junto e inspirando-o, fica bem mais fácil vencer =)
Outro problema comum a um (ex) viciado, é que, muitas vezes, basta um problema forte para ele voltar ao vício: foi justamente isso que aconteceu quando o irmão faleceu + o sentimento de culpa que ele teve. É como se ele quisesse fugir nem que seja por um instante dos problemas, e aí o que ele fez? Foi para o prazer aparentemente mais fácil para ele no momento: o das drogas. E pode acreditar, quando ele voltou a usar, não era para as drogas que ele queria voltar, mas tão somente se livrar da dor. E aí é claro que ele arrumou dois problemas, mas isso infelizmente não foi algo que ele pensou no momento. E se pensou, foi algo menor que a tentação.
Se você quer ajudá-lo, não pense que o fato dele te amar e já ser grandinho são fatores suficientes para ele se livrar do vício. É claro que ele pode usar o amor e a família para se inspirar, só que isso servirá apenas como motivador, não como algo suficiente para se livrar de tudo como em um passe de mágica, entende? É que graças a Deus você nunca foi viciada (nem eu kkk), mas vá atrás de relatos de quem já foi e você terá certeza de que o buraco é muito mais embaixo, e que precisa de uma luta contínua para recuperar o autocontrole que o viciado perdeu.
Não precisa ficar com ele por pena, mas acho que agora que você está nessa, você pode jogar algumas cartas na mesa. Converse com os pais dele, peça ajuda para a família e para demais pessoas que você sabe que o amam e o ajudariam, porque esse é o tipo de coisa que não terá como você resolver sozinha. Depois, converse com ele que se ele não procurar terapia e tratamento, o casamento acabará arruinado. Diga que você faz a sua parte, mas que a parte mínima dele é procurar ajuda. Fale que se ele diz odiar as drogas e mesmo assim está sumindo para usá-las, esse já é motivo suficiente para ser humilde e admitir que precisa procurar ajuda. E mais do que isso, não faltar a nenhuma sessão, etc.
Se ele souber que tem algo a perder, será mais fácil procurar ajuda. Só não seja grosseira, nem ameace, porque senão vai que ele surta, quer sumir e usar mais drogas ainda, né? Fale de um jeito que você sabe que não o machucaria tanto, mas fale.
Boa sorte!