Tenho 33 anos e sou casada há 3 anos e temos um filho de 1 ano e meio. No meio do nosso namoro meu marido já tinha terminado comigo porque eu me formei e não consegui emprego logo de cara, ele dizia que eu não dava segurança para iniciar uma vida comigo. Ele quis voltar, e nos casamos. Durante o casamento ele sempre foi mimado e egoísta, era carinhoso e ajudava em casa, mas quando eu precisava contar com o bom senso e parceria para algumas situações ele sempre pensava nele em primeiro lugar. Por exemplo, quando ia consultar na emergência ele ficava em casa pois já tinha tomado banho, mas quando ele precisava ir queria que eu fosse com ele e levar um bebê junto às 22 hs da noite para ele não ir sozinho. Nosso filho nasceu no verão e ele me fazia ir amamentar de madrugada na sala, sem ventilador ou ar condicionado, porque ele tinha que tinha dormir para trabalhar no outro dia e eu ficava suando junto com o bebê madrugada adentro.
A gota d’água foi agora em abril, quando eu demorei para conseguir emprego novamente e ele começou a surtar dizendo que não dava segurança para ele, que eu nunca ia ser ninguém na vida, mas quando apareceu uma vaga em outra cidade ele não quis que eu assumisse e que não ia se sacrificar, levantando 30 min. antes para levar o filho na creche para que eu fosse “trabalhar lá longe”. Disse que eu ia ter que me virar. Foi quando eu resolvi sair de casa e morar com meus pais para poder trabalhar e agora ele quer que a gente volte para casa e diz que amadureceu e mudou. Eu estou tão magoada que nem sei medir o quanto ainda gosto dele, se é amor ainda e não sei se o casamento tem volta. Alguém muda tão rápido assim? 2 meses? Tudo nele me tira do sério nesses últimos meses. Mas tenho medo me arrepender de terminar.
Para mim está claro que ele se casou sem estar preparado para isso. Sem contar que falta muita, mas muita empatia nele – algo que infelizmente é difícil de aparecer com os anos, quem dirá em dois meses. A não ser que ele leve um baque muito grande, meio traumático depois de ter te perdido, do tipo “ou vai ou racha”. Só que isso dependerá não só do tempo que ele precisa pra pensar e da inteligência dele, como também do quanto ele te ama.
Nisso entra uma questão que, a depender da resposta, não quero que você se culpe, mas sim que tome de lição de vida: até que ponto você acredita que ele agia assim porque realmente “era assim com todo mundo”, ou era assim contigo pelo simples fato de você deixar e sempre acabar facilitando em tudo a vida dele? Tipo aquelas mães que não gostam, mas acabam permitindo as birras do filho?
Quantas vezes você deixou o que estava evidentemente errado “para lá” a fim de evitar brigas e desgastes, mas que agora tenho certeza de que você entende a necessidade deles? Entendo caso você tenha o perfil “fugir de brigas” e “na eterna luta pela paz interior” e concordo em ficar calada quando é “bobeira”, porém, entenda que não só o caso dele não tinha nada de bobeira, como também outra coisa simples: todo mundo gosta de conforto e se você facilita a pessoa com o “bem bom” o tempo inteiro, é muito difícil ela querer mudar.
Agora imagine quando você se casa com uma pessoa que é bem mais infantilizada e sem preparo matrimonial do que o “normal” e multiplique isso por 100. Entrou o seu caso e fica outra lição: se for se casar novamente ou ter filhos, escolha alguém que tenha defeitos menos graves e toleráveis, porque ser um mau pai e marido para mim está no nível hard do defeito kkkk. É claro que ele não fez intencionalmente, mas no final das contas, na prática é isso que aconteceu.
Achei interessante ele falar que você não dá segurança porque não tinha um emprego. E ele acha que deixando você se virar em tudo você se sentia como? Parece que ele se casou mais para ter conforto e facilitar a vida dele, do que para viver em conjunto. Não é possível que ele pensou em se casar e ter filhos e que nada na rotina dele iria mudar. Interessante também ele deixar de fazer coisas que o incomodaria e na hora de você fazer exatamente a mesma coisa ele pensar que seria “ok para você” e te botar para “se foder”. Não sei nem como você conseguia amar alguém assim. Avisa um segredinho para ele: que você também caga, peida e se cansa que nem ele, só que nem por isso você deixa de fazer as suas obrigações e de pensar no bem familiar.
Sinceramente? Se você já deu o passo mais difícil que é tomar coragem para se separar e agora está bem, eu não voltaria não. Não só porque dois meses nem foram tempo suficiente para ele se foder um pouco (sim, ele tem que se lascar um pouco para aprender a dar valor, e isso não é nem maldade, é se dar ao respeito e mostrar seus limites mesmo), como também porque cá para nós: da mesma forma que você aguentou um monte por gostar dele, vamos ver se ele aguenta fazer o mínimo por você, ou se já já vai arrumar outra e esquecer.
Repare nas provas, nas atitudes, não nas palavras vindas da boca dele. Boa sorte!
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Galerê, participei de um Podcast muito bacana sobre pornografia no Geek Vox!