Meu nome é Vinicius, sou deficiente. Não especial, deficiente mesmo, porque especial para mim é pastel! Rsrsrs. A minha deficiência é bastante leve. Meu jeito de andar, de falar, gesticulações, são um pouco afetados. Apenas isso, não utilizo nenhum tipo de aparelho.
Contudo, sempre me utilizei da pior muleta para justificar o “azar” com as mulheres: o autopreconceito e a autopiedade. Dizia para mim mesmo que as mulheres eram preconceituosas. E não é que eram mesmo? Mas não tinham como não ser. Primeiro que, como um bom solteirão “pega-ninguém”, eu me arrumava muito mal. Segundo que todos os meus problemas se agravavam ao chegar em uma mulher: ficava tenso, como boa parte dos caras inseguros. Isso ficava estampado na minha cara, no meu jeito de andar, de falar e de tudo mais que eu pudesse fazer quando estava com uma segunda intenção. Sem contar outro detalhe que me “ajudava”: tenho incríveis 1,63 de altura!!
Apesar do lado conquistador não ir bem, sempre gostei muito do meu jeito, sorrir definitivamente nunca foi um grande problema para mim. Sempre fui um cara satisfeito com as imperfeições físicas e pessoais, sempre encarando minhas caraterísticas ruins como oportunidades.
Nunca gostei de coisas que a maioria gosta. Bebida? Vez em quando. Futebol? Não. Música? Apenas rock nacional dos anos 80 e olha lá! O que sempre gostei em mim foi uma boa conversa amistosa sobre coisas interessantes ou bobeiras mesmo. Sempre percebi que isso não era comum entre os homens: homens são mais ação e menos conversa. Enfim, eu via tantos caras boçais e sem assunto com mulheres lindas e legais e não entendia qual era meu problema além do físico. E descobri que era a insegurança.
Foi muito difícil passar por uma adolescência sem relacionamentos, em muitos momentos achava que não tinha jeito e eu definitivamente era um bicho de sete cabeças. Essa situação dava um nó na minha cabeça, mas percebia que algo em mim era sincero, mais interessado em conhecer alguém, não simplesmente usar para ter satisfação pessoal. Porém, confesso que por várias vezes achei que relacionamento definitivamente não era para mim.
Depois de algum bom tempo, percebi que poderia me dar bem nas salas de bate-papo. Apesar de alguns furos, a coisa ficou bem mais fácil, após uma menina ou outra, conheci a minha primeira namorada aos 20 anos de idade. Hoje, 6 anos depois, estou noivo e morando com ela, uma menina linda, legal e, para curiosos de plantão, sem nenhuma deficiência. Logicamente não haveria nenhum problema caso tivesse, mas algumas pessoas me questionam isso.
É estranho, mas vejo que a minha deficiência e a minha insegurança me ajudaram em diversos aspectos e o principal deles foi a possibilidade de conquistar as pessoas pelo que sou, não pelo que pareço ser, possibilidade que alguns não possuem por já terem nascido “perfeitos” e por isso não poderem colocar a “imperfeição” em um teste de “interesse sincero”. É legal perceber que apesar de ter deixado de viver muita coisa legal, também deixei de ficar calejado por relacionamentos vazios. Consegui sair daquela lógica comum que diz que o que importa é sexo três vezes ao dia, adicionado à beleza e ao dinheiro.
Também aprendi que se precisar mudar para gostar mais de si mesmo, mude, mas não procure a perfeição não. Melhore sempre no sentido de se fazer bem e aprenda que ninguém vai gostar de você enquanto você não se gostar.