Esse texto nasceu a partir de um aprofundamento do assunto deste vídeo, porém, você pode pular direto pro texto sem nenhum problema =)
PS: Tudo foi feito em uma linguagem feminina, mas cabe perfeitamente aos homens também.
Já perdi as contas da quantidade de emails que recebo de pessoas que estão apaixonadas, afim ou qualquer outro derivado de alguém comprometido. Querem conquistar e se esquecem de que, muito provavelmente, essa pessoa já está conquistada e de que ela, “a amante”, entrou em uma guerra onde alguém já começa em desvantagem, mais precisamente ela.
Você pode dizer que “ninguém manda no coração” e que “não escolheu estar onde está”, mas isso só acontece até você entender a merda em que está se metendo. Quando você “acorda”, você broxa quase que instantaneamente e a sua ilusão desaparece. E não, não existe amor por terceiros que ultrapasse o seu – ainda mais quando você finalmente consegue ficar sóbria.
É incrível como existem algumas amantes – ou candidatas a tal – que querem conquistar o homem da outra e falam como se essa pessoa nem fosse comprometida. Como se estivessem conquistando alguém totalmente solteiro, que não tem família, ou até mesmo filhos que sofreriam caso descobrissem uma possível merda ocorrida.
Nisso entra a pergunta óbvia, mas que na loucura do “eu eu eu”, ninguém percebe:
Se você fosse comprometida, gostaria que uma mulher estivesse cagando, andando e peidando pra você e simplesmente desse em cima da pessoa que está contigo, alegando que nem te conhece, que quem te deve respeito é a pessoa e se ela cedeu é problema dela?
Confesse: se você descobrisse que seu marido aprontou, é claro que você iria dar uma voadora na testa e um golpe ninja nele, mas não perderia a oportunidade de chamar “a outra” de piranha.
Mas e quando “a piranha” é você?
Opaaaaaaaaaaa, piranha não! O que eu sinto é amor!
Entendi… Só espero que quando roubarem o seu marido, você se lembre bem disso e entenda o lado da pessoa que furou seus olhos.
(…)
Concordo quando dizem que o homem comprometido tem que tomar o triplo de cuidado, até mesmo quando a amante força, pelo simples fato de que é ele quem mais tem a perder. Porém, será que é tão difícil assim ter empatia? Se colocar, nem que seja um pouquinho, no lugar da “oficial”? Imaginá-la pegando uma mensagem suspeita no celular, se separando, deixando filho, família, por uma culpa que, sim, é majoritariamente dele, mas que seria muito melhor pra sua consciência caso você não tivesse nada a ver com isso?
Sei lá, eu prefiro pensar que se for pro cara ser filho da puta, que destrua a família usando as mãos de outra, não as minhas.
Quando você entende que vale a pena pensar por essa ótica, você não só ajuda a não prejudicar a vida dos outros, como se ajuda também. Vamos ser sinceras: ao que tudo indica, a vida de amante é ainda pior do que a de corna. Primeiro porque a corna geralmente não sabe, logo, não sofre (até descobrir, mas essa já seria a parte dois). Depois que é a oficial que é apresentada pra a sociedade, que dorme de conchinha todo santo dia, que passa Natal, virada do ano, carnaval, festa do cachorro, periquito, papagaio e tudo mais com junto dele.
“Ok”, a amante trepa mais, mas a oficial geralmente só não trepa mais porque não quer. Ou seja, ela “não sente isso como um prejuízo”. De resto, a amante só passa por enrolação do bofe: “Ah não terminei por causa de grana“, “Não terminei por causa de filho“, “Não terminei porque tenho pena em deixá-la“. “Ela gosta muito de mim“.
No final comum, a amante fica esperando por um relacionamento que nunca termina e, quando finalmente vira a exceção e consegue o lugar de oficial, ainda tem que conviver com desconfianças do tipo “conheci ele traindo, será que ele vai fazer o mesmo comigo?” e uma vida que nunca tem paz. A não ser que ela seja totalmente liberal, confiante e cabeça aberta, coisa que 99% da população de calcinha não é.
“Ah, mas duvido que a mulher dele trepe como eu”
“Que esposa horrorosa!!!”
“Parece uma chupeta de baleia!”
“Dente podre!”
“Gente, que pele é aquela?”
Não importa minha amiga, a resposta para todas as suas questões é: mesmo que ela seja o dragão da cara queimada e com cheiro de peido, é ela que ele escolheu. E nem adianta reclamar do mal gosto dele, porque a sua realidade não vai mudar por conta disso. Mesmo que você não se importe com a oficial, seja inteligente o bastante para saber que você também não merece o resto.