Leitora: Namoro há 7 anos e estamos muito bem. Ele é meu parceiro pra vida. Porém, eu não entendo muito essa ideia de exclusividade e possessividade. Ele não é ciumento, mas não tenho certeza se ele não se importa ou se apenas confia demais em mim. Já falamos sobre isso mas ele não é tão liberal quanto eu; quando falamos ele diz que sou tonta, ou brinca. Ano passado ele fez intercâmbio por 6 meses e foi tranquilo (as dificuldades normais, mas eu não tive amante, e se ele teve não desconfio). Este ano eu que estou em intercâmbio, e acabei me evolvendo com um outro intercambista (do Afeganistão) que foi me ganhando (ele sabe que namoro, ele é casado e tem filhos pequenos no país dele – mas a cultura é diferente, o casamento foi arranjado), eu gosto dele, mas não trocaria pelo meu namorado (mesmo se estivéssemos no Brasil). Não quero continuar a relação tendo que esconder esse tipo de coisa, quero ser totalmente aberta com meu namorado, e gostaria que pudéssemos ser parceiros na vida e no amor, mas podendo curtir outras pessoas ocasionalmente também. Não sei se ele iria aceitar e tenho medo de abrir totalmente o jogo, pois eu não quero perder o que temos.
Complicado… Vamos por partes, pra ver se descomplica:
Primeiro, será que você é mesmo tãooooooooooooooo liberal assim quanto diz, ou só tá assim por conveniência momentânea de querer se pegar com outro cara? Será que você realmente “não entende sobre ciúmes e possessão” porque tem o pensamento livre, ou porque namora alguém que no fundo você sabe que não te traria problemas? Pense a respeito. É claro que você pode ser liberal de verdade, mas às vezes, você pode estar querendo ser “prática” ao usar a poligamia como “forma rápida de poder pegar dois honestamente” e acaba dando um tiro no pé.
Agora imagine que seu namorado se acostume, e até mesmo goste da ideia e entre na mesma situação que a sua: tá ele lá, com uma gatinha, rindo, papeando, tomando umas brejas e pá! Se você liga, nem daria tempo de te atender, porque, né?!
Imaginou? Agora responda:
Você realmente ficaria numa boa, ou teria medo de perder seu posto?
Parece idiota o que tô falando, mas é uma coisa muito séria: vejo que muita gente quer pegar por fora, mas pula a parte de que o outro também pode fazer o mesmo. E aí, quem pode se dar mal é você! Uma coisa é você querer pegar dois, normal, muita gente quer. Outra coisa completamente diferente é partir pra prática e ser realmente capaz de manter um relacionamento assim.
Acredito que pra manter essa banca toda é necessário não só muita confiança no outro, como em você mesma. Do contrário, você simplesmente surtará!! Você encontrando com seu moço, ok, “você é poligâmica e o namorado tem que aceitar”. Agora deixe ele sair com a Joana e chegar tarde pra ver kkkkkkk. Será que você não surtaria como 90% das mulheres fariam, ou é realmente uma raridade? E vocês vão conversar sobre DST e responsabilidade física? Tô perguntando sem ironias. Entendo que você pode ser assim mesmo, mas minha tarefa aqui é te ajudar a pensar.
Um caso interessante que rolou pela vida e que fiquei sabendo é de um casal que foi fazer sexo a três. Ok, acho que você não pretende chegar a tal ponto, rs, mas mesmo assim, acho a lição interessante! Esse casal pensava que fosse moderno e tudo mais. Porém, depois que o lance partiu pro real, minha amiga, não foi um só não, foram OS DOIS que ficaram inseguros!! Cada um por seus motivos, até que pararam na terapia, e por fim, parece que o casamento finalmente afundou de vez. Não quero te assustar, mas quero te alertar. Afinal de contas, os prós, pelo visto você já sabe e se animou, agora to falando dos contras, rs.
Outro caso que conheço, dessa vez com uma amiga, é dela com o namorado: ambos morriam de orgulho de serem totalmente liberais, até que, pra resumir a história, no fim ficou claro que eles só eram assim principalmente porque o cara não gostava o suficiente dela. Até que um dia ambos se apaixonaram de verdade e fizeram o quê? Fecharam tudo! Inclusive são casados e quadradinhos hoje em dia, rs.
Existe casal diferente deles e que dura na “variedade” há anos? Existe! Mas quero que você entenda que a poligamia pode até estar “no nosso DNA”, por questões instintivas, animalescas, etc, mas por questões práticas e até mesmo pra manter a saúde mental, nem sempre ela é viável. No fim, a fidelidade acaba sendo uma questão de escolha, apesar de todas as tentações – e a poligamia é pra quem tem estômago.
Se analise, o analise também. Se no fim você achar que rola, mãos à obra e claro, conte! Se ele vai aceitar ou não, aí já fica como a parte dele.
Boa sorte!