Preparados para uma nova crônica da leitora? =)
Em 2013 eu vivia uma fase estável. Aos 30 anos, tinha um emprego legal que pagava as contas, viajava e vivia um relacionamento de longa data. Nada fora do que se espera para alguém dessa idade, certo?
Mas parece que é justamente quando você pensa que as coisas estão encaminhadas, que tudo dá um jeito de desmoronar de um jeito desastroso. Certo dia fui chamada para uma reunião com outra área da empresa – coisa rápida, me disseram – e nessa reunião, conheci uma pessoa. Conheci é a maneira delicada de dizer que FUI ATINGIDA brutalmente. Coisa que, diga-se de passagem, não pensei que fosse acontecer comigo – até porque nunca fui muito romântica: Eu me apaixonei à primeira vista por um colega de trabalho.
Quinze anos mais velho, grisalho, sem nada em comum com o tipo de homem que sempre me atraiu. Ele falava e eu não conseguia tirar os olhos dele. Responder a qualquer pergunta era difícil. Ele deve ter ficado com a mais estranha das impressões a meu respeito nesse dia…
Eu não tinha muitas oportunidades de vê-lo durante o expediente – trabalhávamos em prédios diferentes, mas não conseguia parar de pensar nele. Muito cautelosamente, fui juntando informações e descobri que ele era separado.
Depois de conhecê-lo, meu relacionamento desmoronou. Aluguei um apartamento e saí de casa. Para mim não fazia mais sentido viver um amor morno, enquanto eu estava fervendo por outra pessoa. Até então, eu não havia trocado mais do que algumas palavras com ele. Só que o fato de eu ter me mudado, não tinha a ver com a possibilidade de ficar com esse homem – o moço nem sabia que eu existia – mas sim com a impossibilidade de continuar um relacionamento depois de ter me apaixonado pela primeira vez na vida.
Menos de um mês depois, decidi que iria dar um jeito nessa paixão. Bolei um plano para que nós saíssemos para almoçar com conhecidos. Deu certo. Conversamos o almoço todo. O meu encantamento foi aumentando – e sem parar! Tanto que decidi no outro dia convidá-lo para sair. A minha sorte foi que, antes que eu pegasse o telefone para fazer essa besteira, um colega comentou que ele havia voltado para a esposa.
Foi difícil. Fiquei bem mal por não ter tido nenhuma chance. Mas é a vida, vamos lá. Ela continua. Fiz o que todos fazem em um caso desses: me afundei no trabalho. E acabei redescobrindo o poder de paquerar e ser paquerada, depois de tantos anos com o mesmo namorado. Nessa época pós-desgosto, depois de uns três meses de bode, sem vontade de nada, comecei a sair com alguém. Era bacana, mas todas as vezes em que aquele cidadão grisalho aparecia para alguma reunião na minha área, meu coração disparava. Eu me sentia adolescente.
Quase um ano depois desse almoço, uma outra reunião que mudou tudo: era para comunicar que ele passaria a ser meu chefe. Eu realmente odiei a notícia! Sabia que não conseguiria disfarçar meus sentimentos – que, se já eram inapropriados antes, agora eram mais ainda. Sabe quando você se vê indo ladeira abaixo? Eu sabia que não haveria jeito daquilo acabar bem para mim.
Fomos trabalhar juntos. Vendo-o todos os dias, o meu tesão ia a mil. Eu passava o expediente disfarçando os pensamentos mais eróticos que já havia tido, simplesmente não me reconhecia mais. E em um belo dia, o inevitável aconteceu: ele percebeu. Eu nem me dei o trabalho de negar quando ele perguntou. Não fazia sentido dizer que não queria aquele homem. Era um final de tarde e estávamos na rua. Ele me beijou e a coisa simplesmente se descontrolou, eu me entreguei. E depois disso me viciei nele.
Se eu sabia que era errado? Sem dúvidas. Se eu conseguia parar? De jeito nenhum!!
Depois de alguns meses de loucura, com a consciência pesando e com muito medo de me prejudicar profissionalmente, dei um fim no nosso caso. Ele passou a ser grosseiro, me perseguir e a destratar qualquer colega que demonstrasse interesse em mim. Se alguém notava, ele dizia que era um chefe ciumento, mas que era brincadeira. Eu sabia que não era e também sabia que o que o impedia de fazer algo contra mim era o fato de eu possuir centenas de fotos comprometedoras dele. Mantê-las foi o que me salvou.
A situação ficou insustentável e precisei mudar de área. Nessa mudança, perdi meu cargo e isso resultou em uma diminuição salarial considerável. Foram dois anos e meio entre conhecê-lo e ver toda a estabilidade que eu prezava na vida ir embora.
Claro que não o culpo por nada. Eu não era nenhuma princesa encantada esperando o príncipe. E o meu caso foi igual ao de milhares de outras mulheres por aí: eu tive um caso com meu chefe e havia me prejudicado por isso. Sabia que ele era casado, que era errado, mas fiquei cega de tesão. Ele nunca me prometeu nada e nem eu pedi; mas mesmo assim, não houve convivência possível depois do fim.
Para esquecê-lo, saí com outros caras, voltei a estudar, mudei de cidade. E ele acabou vindo atrás de mim. Eu o mandei embora. Fiquei com medo de começar tudo de volta.
Hoje estou batalhando para recuperar minha carreira, fazendo terapia e estou solteira. Depois de saber como é estar apaixonada, não consigo me contentar com um relacionamento que me ofereça menos do que isso. E espero do fundo do coração que, caso apareça um outro, que esteja física e emocionalmente disponível para mim.
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Já assistiu?