Sabe aquele assunto que sempre quis conversar com vocês, mas não conversava por pensar ser “óbvio demais”?
Pois é. Parece que ele não é tão óbvio assim.
Uma leitora escreveu na fanpage (se você ainda não segue, esteja convidado):
“Eu não opino em sexo para menores de 18 anos e acho que a página erra feio em publicar conselhos sexuais a menores”.
Nessa hora eu não sabia se chorava, ou se chorava mesmo.
Pra quem não sabe, minha formação é professora. E como quase todo bom professor de adolescentes, a gente sabe que, sim, eles transam! E às vezes, até mais do que a gente.
Tudo isso acontece quer os pais queiram ou não.
Para vocês terem ideia, teve um lugar em que trabalhei que a gente tinha até que fechar algumas salas no intervalo. E o motivo vocês bem imaginam….
Não preciso dizer que TODOS transam, até porque sabemos que tem gente que só perde a virgindade depois dos 30, ou até morre virgem mesmo. Mas e agora…
Como saber se o seu filho é o que transa ou não?
Eu não pagaria pra ver!
Sem contar que, se ele não transar agora, vai transar amanhã. E aí? A obrigação fica com quem?
Rola uma ingenuidade preocupante entre muitos pais que pensam que “é só não conversar sobre sexo, que ele não acontece”. Sendo que, como já deu pra entender aqui, eles fazem do mesmo jeito: só que sem conselhos.
E também sem camisinha.
E também engravidam.
E aqueles mesmos pais do “óh meu Deus! Não podemos falar sobre sexo” são os mesmos que se apavoram ao ver a princesinha deles de 14 anos, grávida – de um outro princeso de igual idade.
São de menor, certo?
Pois é! Acontece. E não existe omissão capaz de impedir isso.
Mas e um bom conselho, seria capaz? Talvez sim.
É claro que se nada na vida é regra, existem pais que, mesmo tendo conversado horrores, os filhos engravidam. Mas aí entra o famoso ditado que diz que ao menos eles fizeram a própria parte. Coisa que aliviaria – e muito – nessas horas, concorda?
Achar que adolescentes não transam só porque você nunca conversou com eles, é a mesma coisa que pensar que você nunca foi apaixonada por nenhum menininho da escola só porque seus pais nunca perguntaram sobre isso.
“Ah, mas eu só pensava”
Se você levar em consideração que, hoje em dia, as crianças sabem sobre assuntos que nunca imaginamos na vida, seria mesmo ingenuidade pensar que nas outras áreas as coisas não estariam evoluindo de forma igualmente rápida.
Conversem com seus filhos sobre sexo. Não deixem que eles aprendam com a vida, não!
E se você tiver vergonha, existem vários livros feitos para adolescentes e que conversam sobre o tema. Eu mesma fiz o “Miga, sua louca” querendo que meus filhos lessem. E existem vários outros livros no mercado. Sem contar as palestras nas escolas que vocês podem – e devem – pedir aos diretores para que existam.
“Ah Luiza, mas isso não vai fazer meu filho ser precoce?”
Muito pelo contrário: isso o fará ser um ser humano muito mais seguro e esclarecido. Sem contar que a gente bem sabe que o desconhecido é capaz de gerar muito mais curiosidade. E nós já passamos por isso.
No fim, o seguro mesmo é garantir que, quando chegar a hora, eles saberão sobre DSTs, sobre como se engravida e demais coisas óbvias que, com um pouco de empatia, você se lembrará que também já teve as mesmas dúvidas.
Incentivem a educação sexual dos seus filhos. Sério, vai ser bom pra todo mundo.