Ser abusado é capaz de mudar a própria sexualidade?
Leitor: “Oi Luiza.
Devido a um período muito traumático pelo qual passei, estou muito inseguro em relação à minha sexualidade, por isso estou lhe escrevendo à procura de opinião e conselho.
Sou um homem de 22 anos de idade, heterossexual, que sempre se relacionou apenas com mulheres e teve muitas namoradas. Eu trabalhava como motoboy para uma empresa de entregas e, para manter o emprego, aceitei transportar substâncias ilícitas.
Tudo funcionou muito bem até que eu fui parado numa blitz. Acabei preso como traficante e passei dois anos e meio numa penitenciária.
Lá dentro a barra é pesadíssima, fui muito hostilizado, apanhei várias vezes, e para obter proteção, acabei aceitando virar mulher do líder de uma facção.
Eu era virgem e não é preciso nem detalhar a dor e a humilhação que eu passei, ainda mais que o meu “marido” me alugava para outros presos amigos dele. Com o tempo, acabei me acostumando e passei todo meu tempo de preso fazendo o papel de passivo sexual.
Quando obtive a liberdade, percebi que minha sexualidade tinha mudado. Eu não tenho coragem de me relacionar com mulheres e não paro de pensar no que passei na prisão. Pior que isso, eu sinto constante vontade de ser passivo sexualmente e agora frequento vários bares gays para me relacionar com homens ativos.
Eu acho que isso é uma fase passageira que vai acabar e aos poucos vou voltar a me interessar por mulheres, portanto não sei se devo lutar contra essas tendências que desenvolvi, ou se devo deixar rolar e esperar uma mudança natural. É muito difícil para mim reprimir minha presente sexualidade e venho me encontrando com homens frequentemente, mas isso me faz sentir vergonha de mim mesmo.
O que você me aconselha, Luiza?
Muito obrigado.”