A verdade é que eu não sei quem me lê. Mas sei que o blog da Luiza tem um longo alcance de público.
Então, quero falar com você, agressor. Sabemos o quanto é doloroso agredir alguém que a gente ama, né? Eu não estou aqui para duvidar do seu amor e nem para te questionar. Meu objetivo é também ajudar você. Mas para isso, eu preciso que você esteja aberto ao que vai ler daqui para frente.
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Honestidade
Eu não sei se você viu algum dos seus pais apanhar ou se você só não aprendeu a dialogar com calma. Mas em qualquer caso, há uma saída saudável para isso. Não, não é uma vergonha assumir isso. E não, isso não acontece só com você.
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Gatilho
Nossa reação emocional diante de certas situações negativas depende muito da forma com que armazenamos os acontecimentos passados. Por causa disso, reagimos de maneira intensa e exagerada por causa de uma situação que não deveria nos afetar tanto. Então, nossa reação hoje, na verdade, é uma reação ao passado. E isso acontece porque todos nós temos um botão de start, um gatilho. É preciso perceber qual é o seu gatilho: álcool? drogas? rede social? Afaste-se disso até voltar a se controlar.
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Tempo
Talvez seja preciso que você dê um tempo de se relacionar novamente. Quando você está só, é possível agir com mais cautela e menos impulsividade. Assim, será possível visualizar com mais clareza o que te incomoda. Esteja atento(a) ao seu passado e procure analisar calmamente quais são as situações que te tiram do sério. Primeiro você deve se entender, para então seguir adiante.
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Como anda a sua autoestima?
Quando estamos nos relacionando, é natural que algumas vezes nos sintamos rebaixados ou menores que nosso(a) parceiro(a). Mas muitas vezes fazemos uso de uma máscara, para esconder essa falta de autoconfiança. Então o primeiro passo a ser tomado é parar de negar.
Caro leitor, não negue seu medo e sua insegurança. Entenda: é normal se sentir inferior algumas vezes. O problema é quando isso se torna constante, a ponto de comprometer seu relacionamento. Você acha sua mulher bonita demais ou por algum motivo tem medo de que ela se afaste de você? Você não precisa diminui-la por isso. Quando a raiva surgir, há duas opções: ou você serve de alimento ao monstro ou você se torna amigo(a) dele! Para isso, é preciso que você esteja atento aos sentimentos que surgem antes de você agredir alguém: raiva? Frustração? Medo?
Sabendo dar nome ao que você sente, procure perceber quando foi que surgiu essas reações: na adolescência ao ser rejeitado por algum(a) colega de escola? Ou na infância, quando foi deixado de lado por seus pais, ainda que não tenha havido tal intenção? Feito isso, você poderá identificar qual necessidade emocional você tem e assim se conhecer mais e passar a se controlar mais também.
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Terapia Individual / Grupo
Ir ao psicólogo, psiquiatra ou psicanalista deve ser encarado com a mesma naturalidade de ir ao cinema ou qualquer outra atividade. Quando falamos sobre um determinado problema, começamos a nos livrar dele, ainda que aos poucos. Mas isso requer muita maturidade.
Não gostou do seu terapeuta? Procure outro. Em algum momento e em algum lugar, haverá alguém capaz de te estender a mão, tá? Acredite: você está pronto para essa mudança. Também não é fácil ir ao dentista ou ao médico e nós vamos mesmo assim. =)
Caro leitor, não se acomode. Trace um novo caminho rumo à descoberta de si mesmo. É doloroso, demorado, mas necessário. Nos momentos de crise, se tropeçar, não desista de todo o processo. Anote as práticas que você deve tomar e as leia todos os dias. Sim, todos os dias. Lembre-se que somos treinados desde que nascemos. Treinados a andar, a conversar e a reagir, de forma saudável ou não. Esse treinamento ruim pode ser mudado. Posso contar contigo?
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Esse texto pertence a uma série de textos sobre violência contra a mulher (e até mesmo contra o homem). Caso queira ver o resto:
1- Como saber se você em um relacionamento abusivo?
2- O que leva uma pessoa a permanecer em um relacionamento abusivo: