Leitora: Conheci num app de namoro um gringo que fez minha cabeça, literalmente. Ele é 10 anos mais velho, temos a mesma profissão, somos estáveis e decidimos nos conhecer.
Estou triste, pq confiei demais nas palavras de um cara que mal conhecia. Vivemos momentos lindos nesses 15 dias que ficamos juntos, ele teve que viajar temporariamente ao seu país a trabalho e nos falávamos todos os dias, eram juras de amor, planos, fotos, declarações, etc. O que me entristece é o fato de que hoje (do nada) ele veio pedindo um tempo. Disse que, por decepções com um antigo amor do passado, não consegue mais se entregar, confiar, que andou pensando muito e queria um tempo pra si. Pediu desculpas, eu o xinguei, me senti iludida, pois dizia que tinha superado a mulher, brigamos e ele me bloqueou.
O problema é que acabei me apaixonando! Ele volta daqui a 2 meses, mas tenho dúvidas se podemos nos acertar um dia. Apesar de gostar, não sei se conseguiria ainda crer no que ele dizia sentir por mim. O que faço? Desisto, dou tempo? Gosto dele, mas essa incerteza me mata…tô perdida!
Tenho 26 anos e ele 36 anos.
Vamos analisar a sua parte + a dele, ok? Ou seja, vamos tentar ver “aonde é que cada um errou”.
Você disse:
“Estou triste pq confiei demais nas palavras de um cara que mal conhecia.”
Percebe como você já resumiu sua ingenuidade nessa frase? E mais ainda, percebe como você está jogando a sua culpa nele?
Como você mesma disse, você depositou coisas demais em uma pessoa que você mal conhecia, e pior do que isso, foi intensa, só que de um jeito errado.
Eu particularmente sou super a favor da intensidade, porém, ela precisa ser minimamente calculada antes. Você precisa testar o ambiente, ver realmente quem é esse cara e convenhamos que, se EM MESES você não conseguiria ter certeza – quem dirá em dias! Ainda mais ele sendo gringo e, sem querer generalizar, mas já generalizando, nem sempre eles têm boas impressões sobre nós.
Na minha última viagem mesmo, choveu de gringo – e gringo bonitão! – em cima de mim. E sabe o que eu pensei? Que mesmo se fosse solteira, teria o triplo de pés atrás do que teria com um brasileiro, mas aí foi só uma observação que vai de você ver se adapta ao seu caso ou não.
Enfim, independente do que eles geralmente acham sobre “nós”, eu sinto que ele realmente gostou de você, que ele realmente se apaixonou. Porém, quando ficou intenso demais, deu pra trás e ficou assustado. Coisa que diga-se de passagem, é algo muito comum nesse mundo “receoso” em que vivemos.
Daí você, mais uma vez sendo intensa de um jeito errado, o xingou como se isso fosse fazê-lo voltar atrás, o que claro, só o assustou e o afastou ainda mais. E ele está certo, concorda? Ninguém gosta de pressão, a começar por você.
De qualquer forma, eu realmente acredito que ele estava com medo de ser um caminho sem volta (parece brega, mas muita gente tem medo de ser feliz). Mas presta atenção: isso não significa que ele gostou de você da forma que você gostaria, e é justamente por essas e outras que te dou um conselho:
No futuro, por mais que o cara seja maravilhoso, dê um passo por vez. Seja intensa, mas do jeito certo.
Mas Luiza, qual seria esse jeito certo?
Vai viajar com ele? Ótimo, curta horrores e nem olhe o celular.
Vai fazer sexo? Maravilhoso também, esqueça os seus pudores e que existe amanhã. Só se lembre da camisinha kkkk.
O dia tá legal? Curta, mas sem, por exemplo, ficar com medo “de não ter outro dia com ele”.
Acabou e ele sumiu por uns dias, ou até mesmo pediu um tempo? Deixe-o no mundinho dele, deixe-o pensar por quanto tempo ele precisar. Só que enquanto isso, você segue o fluxo e não obrigatoriamente precisará ter paciência eterna.
É respeitar o limite e o tempo do outro, mas sem se esquecer do seu.
Enfim, apenas siga: difícil, mas simples assim.
“Mas Luiza, e se ele não voltar?”
Se isso acontecer, você estando preparada como quero que você fique, você até poderá chorar, mas sobreviverá com aquela incrível paz na consciência de ter feito o que pôde.
Agora, concorda comigo que, com o despreparo que você estava, você se estressa à toa e é aí que ele não volta mesmo?
A propósito, nem acho que ele não ficou contigo por causa da ex não. Acho que, fora as coisas que disse, talvez ele não gostasse o suficiente e por isso achou que não valia todoooo o esforço que esse namoro à distância (e bota distância nisso!), traria. E piorou quando você não respeitou o pedido dele (ainda que, mais uma vez, você também não era obrigada a concordar).
“Mas Luiza, se a partir de hoje eu ficar numa boa, será que ele mudaria de ideia e um dia me amaria a ponto de se sacrificar por mim?”
Talvez até sim, mas conselho resumido da Lu:
Viva sua vida, conquiste suas coisas, seja a mulher incrível que tenho certeza que você consegue ser. Deixe o tempo passar e, tão importante quanto isso, coloque na cabeça que acabou, que foi bom enquanto durou e que você o perdeu. Se abra também a conhecer novos amores, fazer novas amizades, curtir e trabalhar bastante. Daí seeeeeeeee um dia ele te procurar (não conte com isso, sério), você pensa.
Também entendo que “hoje” parece algo desesperador e que você o desejará para sempre, o que consequentemente, poderia dar a impressão de que é só ele estalar os dedos que você volta. Mas acredite, quando você não desiste de viver a sua própria vida, não será bem assim não, rs.
Tem muita gente legal e muita oportunidade no mundo, sério! Para que logo logo ele seja ofuscado, só dependerá de você, e claro, da sua vontade em realmente ser feliz e dar a volta por cima.
Se no fim você aceitá-lo de volta, veja também se melhora nesses seus defeitos, tá? Ninguém é obrigada a ficar contigo e te amar pra sempre, “só porque te prometeu isso”. As pessoas mudam de ideia, a começar por você. Daí vai da sua esperteza ficar velhaca nisso. Como disse esses dias na fanpage, entenda todo “eu te amo” como um “eu te amo hoje“. Acho mais fácil para não se decepcionar depois.
No mais, deixe seu pensamento mais flexível. Não pense que ele é o homem mais incrível da face da terra só porque te deu alguns momentos incríveis. Bacana, legal, mas pra ele descer do posto, só dependerá da sua força de vontade em fazê-lo não ser mais tão importante assim.
Lembrando que nem tudo é perda, mas livramento. E que nem tudo que reluz é ouro – como já diziam esses dois velhos ditados.
Boa sorte!
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