Leitora: Preciso de ajuda…meu namorado tem cobrado insistentemente que eu conte quais são minhas fantasias sexuais! E aí começa todo o problema, ele não aceita que minhas fantasias sejam simplesmente com lugares…ele acha que eu tenho que ter outras fantasias, insiste em dizer que eu devo tê-las, mas que eu me travo e não falo!
O fato é…não tenho uma imaginação tão criativa e me importo mais em estarmos nós dois, do que criar situações. Mas pra ele td isso é monótono demais e acabamos sempre brigando…
Aí eu pergunto, o problema está com quem? Comigo que tenho fantasias basiquinhas, mas que não minto? Ou com ele que tem suas fantasias e me culpa, me cobra por não ousar?
A insistência dele no assunto tem me irritado, acabo ficando com raiva do assunto e, ao invés de melhorar a situação, ela só piora…pq vejo que não há um respeito dele pelos meus pensamentos…
Sinceramente, o que me pareceu ao ler sua história não foi nem que o seu namorado não acredita que você não tenha fantasia nenhuma, mas sim que ele quer que você conte alguma sua para abrir espaço para ele contar as dele. Por exemplo, é bem mais fácil você falar para alguém que gosta de algo inusitado se esse alguém também gostar do que o contrário, já que desse jeito o possuidor do segredo se sentiria mais a vontade, menos estranho e, até mesmo “mais íntimo” da outra pessoa com a qual ele compartilharia uma ideia, não é mesmo?
Se você não tem fantasia nenhuma, o máximo que você pode fazer é parar para pensar se realmente não há nada mesmo e, se não houver – o que acredito que seja o caso, visto que com tamanha insistência seria quase impossível você já não ter pensado muito nisso – não dará para inventar.
Vendo pelo lado da insistência, acredito que ele insiste mais nessa historia para poder contar/fazer as vontades dele do que para saber as suas. Não que ele não se importe com os seus desejos mas, nesse caso, ele parece tão “desesperado” para sair da monotonia que essa atitude “forçosa” parece muito mais uma medida para contextualizar o assunto e colocar o fetiche que ele tanto quer em prática do que qualquer outra coisa. Assim, sugiro que você o peça para pensar mais em você e, ainda que ele tenha as vontades dele, você também tem as suas e, sem o consenso de ambos não há relação saudável. Depois, sugiro que você tente saber de forma mais exata o que ele realmente quer: fale que, ainda que você não tenha nenhum grande fetiche, seria legal saber os dele para ver se quem sabe você não gosta de algum nem que seja para usar de inspiração para um próximo que agrade a ambos! Mesmo que no fim você descubra que realmente essa não é a sua praia, acho interessante você dar a oportunidade dele contar as vontades dele, o deixando em uma situação confortável (nada de cara chocada ou espantada com o que ele for falar – mesmo que você não queira praticar, o respeito pela ideia do outro é algo sempre bem vindo). Deixe claro que você precisa saber direitinho o que ele quer para ver se você colocaria ou não em prática. Se for o caso de você descobrir que de fato o fetiche dele não é o seu, NÃO SE FORCE a fazer o que ele quer. Fetiche bom é só quando é a dois e, se alguém se sente mal, é melhor ficar no que vocês já tem do que criar uma situação constrangedora.
Ainda que você não tenha fetiches “quentes”, tais como ele aparentemente quer que você tenha, você também tem as suas vontades. Tente “trocar figurinhas com ele”, ou seja, ele conta dos fetiches dele e você conta dos ambientes e formas que você gostaria que acontecesse (o que não deixa de ser um fetiche). Duvido que com essa troca de informações algo não agrade ambos. Possivelmente haverá alguma ideia que estará de acordo para os dois (nem que seja uma ideia adaptada) e, colocá-la em prática seria um bom começo, já que ao mesmo tempo em que “aliviaria o tédio da relação”, seria uma porta de entrada para quem sabe outros novos acontecimentos sexuais a partir daí. Assim, por exemplo, pode ser que você comece transando na praia que você tanto deseja e depois descubra que seria igualmente interessante fazer algo na mesa de jantar, e por aí vai!
Novidade é sempre bom, porém, se o seu parceiro nunca der valor nas coisas mais simples, ou seja, no sexo básico com apenas vocês dois e, se sempre houver a necessidade de um fetiche no relacionamento, talvez seja hora de você repensar se realmente você daria conta e seria feliz em sempre ter que ficar fazendo parte dessa mudança. As vezes, o seu parceiro só quer isso por um momento e em breve voltará a ser como antes, porém, se ele começar a precisar disso sempre para sentir tesão e “sair do tédio” cabe a você saber até onde você suporta e até onde vale a pena sustentar essa relação movimentada. Fazer coisas inusitadas pode ser extremamente prazeroso e, para isso, basta perder o medo e a vergonha, porém, tudo tem limite e cabe a você saber até que ponto não estaria se (es)forçando demais.
Por fim, vale a pena conversar sobre não se desesperar para chegar em um nível sexual que as vezes ainda não é o de vocês. Vão fazendo com calma e prazer cada passo, sem essa de já ficar doido para pular do básico 3 para o avançado 4! Tentem ver o sexo como um bebe: se divirtam enquanto ele está dando os primeiros passos e, se divirtam igualmente enquanto ele aprende a falar, sem achar que um aprendizado é mais ou menos importante do que o anterior,mas sim que eles precisam andar juntos para evoluir e dar aquele tempero especial no relacionamento.
Boa sorte!