Hoje temos um relato de uma pessoa que viveu a experiência de ser “vendida” pelo marido, situação já vista por nós nesse post.
No final dos anos 90, eu era casada por já quase 12 anos, e mãe de 2 filhos. Éramos aparentemente uma família feliz, meu marido era comerciante e eu Gerente de setor de uma empresa. Em dezembro do mesmo ano, roubaram meu carro (meu trabalho) e fiquei desempregada. Com isso vieram os problemas financeiros e fui trabalhar então num banco de valores, fazendo troca de moedas pra estrangeiros. Como eu falava um pouco do idioma, acabei conhecendo um mundo completamente diferente do que eu vivia: eram muitas reuniões de trabalho, festas e muitas cantadas de clientes, mas eu era muito fiel ao meu marido. Hoje eu sei que eu não o amava, mas naquela época eu pensava que o que eu sentia era amor.
Enfim, em março de 2000, por conta da Fórmula 1 no Brasil, fui então designada a atender o pessoal do Staff da corrida, e entre eles tinha um alto executivo que se encantou por mim. Ele começou a me cortejar com flores, pequenos presentes, e eu sempre dizendo a ele que era casada e extremamente fiel ao meu marido, mas com toda a gentileza possível, pois além de ele ser um alto executivo, também era amigo pessoal de um dos diretores do banco onde eu trabalhava. A insistência dele me deixava extremamente desconfortável, mas eu era uma funcionária e precisava do emprego. Ele me oferecia uma verdadeira fortuna (em dólar, a cada recusa minha, para aceitar um convite pra jantar). Ele realmente era muito bonito e bastante galante, mas nem em sonho eu queria trair meu marido, não só por ele, mas pelos meus filhos, pois minha família era tudo o que eu tinha de mais precioso na vida.
Tive uma educação muito rígida e na minha família “casamento era pra sempre”. Como não aguentava mais aquela situação, desabafei com meu marido (acho que é normal né?? Desabafar algo com o marido). Para minha surpresa, ele se maravilhou com as cifras, e já planejou o que faríamos com tal dinheiro. Meu mundo caiu!! Eu esperava outra reação e aquilo pra mim foi assustador. Discutimos, e eu lhe disse que jamais me prostituiria. Como no meu casamento era meu marido quem ganhava mais do que eu, tínhamos uma vida financeira boa, mas com o roubo do carro, a perda do meu trabalho e tudo mais, a nossa situação mudou muito. Ficamos quase sem nada e o dinheiro foi ficando cada vez mais raro.
Estávamos numa situação bem difícil mesmo, na pior crise financeira que passamos em todo nosso casamento. Ele então começou a me “jogar na cara” que sempre me sustentou, e que não tinha nada demais sair com o estrangeiro. Afinal seria por uma boa grana, e ele logo iria embora, nunca mais saberíamos dele. Ele disse que me amava muito, e que isso nunca iria atrapalhar nosso casamento. Afinal, “lavou, enxugou, ta nova!”. Eu sentia uma repulsa enorme por aquela situação, uma tristeza muito grande em ver a maneira como meu marido via tudo aquilo. A minha tristeza foi transparente a ponto do tal executivo ser cada dia mais gentil, mais educado, falava tudo o que uma mulher fragilizada precisa ouvir de um homem (se é que me entende). A oferta… essa era cada vez mais atrativa. Até que no dia anterior à corrida, com a festa da equipe, meu comprador me pediu pra acompanhá-lo à noite. Resolvi então testar meu marido, e ver se ele desistia daquela ideia maluca, nem que fosse na útima hora. Ele (meu marido) me levou até o hotel, onde seria a festa (sabendo que eu ia depois da festa “dormir” com o tal executivo por dinheiro). O estrangeiro bebeu muito, fomos pro quarto dele, e pelo efeito da bebida me pagou ainda mais do que havia prometido. Acabou dormindo sem fazer nada comigo, nem me tocou. E eu passei a noite toda no banheiro chorando, com nojo de tudo aquilo, pensando que meu marido poderia ter me tirado daquela situação nem que fosse no último minuto. Quando saí, deixando “meu cliente” dormindo, tomei a decisão de que com aquele dinheiro ia me separar. E foi o que eu fiz, meu marido ainda na porta do hotel me esperando, sentei na moto e voltei pra casa calada, sem trocar uma só palavra com ele. Quando chegamos em casa, disse a ele que com aquele dinheiro nós iriamos acertar nossas dívidas, mas também iria me divorciar dele. E foi assim que meu casamento de 12 anos se acabou. Me separei, e ele me prejudicou muito por não aceitar o divórcio. Eu nunca contei a ele que naquela noite não aconteceu nada e que o comprador, por estar bêbado, me pagou primeiro antes de dormir, sem ter me tocado. Não fizemos sexo “naquela noite”, mas sim, rolou sexo depois da noite em que ele me “comprou”, mas aí foi e um outro contexto, e talvez até por vingança resolvi concretizar tudo depois, como se fosse uma pendência interna minha.
Minha auto estima ficou durante muito tempo abalada, e eu não queria mais homem em minha vida. Depois de alguns meses que o circo da Fórmula 1 foi embora, o empresário voltou a me procurar. Contei a ele tudo o que realmente aconteceu, e que por causa de tudo meu casamento tinha se acabado. Ficamos amigos, fiz terapia, e hoje apesar de não querer mais me casar, consigo ao menos diferenciar alguns homens e me relacionar um pouco melhor. Aprendi muito com tudo o que aconteceu, mas reconheço que sou extremamente exigente nos relacionamentos. E pelo meu trabalho hoje, aprendi a conviver com os homens de maneira diferente, pois preciso ter uma boa convivência com eles, que são a maioria no meu setor.
Bem agradeço imensamente pela oportunidade em escrever ao blog, apesar de ser uma história que me trouxe muita dor, eu superei e espero que outras mulheres não deixem que seus maridos façam isso com elas. Eu era imatura e iludida. Infelizmente amadureci de uma maneira muito dolorosa. Beijos mil, e continuo fã do blog… que é maravilhoso!!
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Ps: Não se esqueçam de ler o post que indiquei no início!