Hoje vamos ter nossa entrevista com fotos reais e tudo, muito chique!!
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** Bom dia Rejane!!! Fico muito feliz de estar entrevistando minha amiga de infância no blog, que não só me conhece, como sempre ajuda no meu trabalho. Muito obrigada minha gema!!!
Ps: “Gema” é um apelido besta que a gente tem porque quando éramos mais novas as pessoas falavam que a gente se parecia, e aí o apelido ficou até hoje kkkkk.
** Se apresente pra gente: RG, CPF, número de cartão de crédito, hahaha!
Vou começar educadamente me baseando no primeiro podcast do blog: Bom dia, boa tarde, boa noite e boa madrugada! (quem não entendeu, ouça-o….rs).
Me chamo Rejane, atualmente tenho 26 anos, sou mãe solteira, não sou a loira linda e russa da Ana Artuzi, mas tento manter meu charme em dia… rs
Como a Luiza mesmo já escreveu, somos amigas de infância (e que infância maravilhosa)! Eu que agradeço por ser entrevistada por você, minha linda gema. O tempo nos fez ficar diferentes, para o meu azar, não pude acompanhar sua beleza! É sempre uma honra poder contribuir com o blog.
** Você ficou grávida aos 16 anos. Para você, qual foi o maior desafio em ter passado por isso?
Engravidei aos 16 anos por pura irresponsabilidade, afinal, não foi utilizado nenhum método contraceptivo no “ato do engravidamento” rs. Após o acontecimento, eu tomei a famosa “pílula do dia seguinte” que me contemplou com a margem de falha e TCHARAM, lá estava eu com meu óvulo devidamente fertilizado!
O início da minha gravidez foi bem complicado, pois além da idade eu ainda corria sério risco de aborto. Foi meu primeiro susto, pois uma vez grávida, eu não queria de maneira alguma perder meu filho. Risco superado, creio que meu segundo maior desafio foi psicológico: EU x EU, afinal eu não sabia nem me cuidar direito, como eu iria cuidar de uma criança?? Estava em plena adolescência, começando a ter liberdade, a sair, não tinha concluído nem o ensino médio, fiquei apavorada!
** Pergunta que toda adolescente grávida quer saber: como você fez para contar para a sua família? E mais difícil ainda: como foi contar para os seus pais? Como foi o processo de aceitação deles?
Eu descobri que estava grávida e dois dias depois, em uma consulta de emergência, fui informada pelo médico que eu tinha 50% de chance de ter um aborto natural. Entrei em desespero!!! Eu deveria ficar em repouso absoluto, nada de estresse, nada de nada! Assim que saí do hospital fui logo pra casa contar à minha mãe, que muito esperta, já desconfiava que alguma bomba estava por vir.
Cheguei e falei: “Mãe, estou grávida e com risco de aborto! Me ajuda a não perder meu bebê!”
A minha mãe sentou no sofá e depois de respirar umas 300 vezes ela olhou pra mim e disse que estaria sempre comigo, que eu não iria abandonar os estudos e muito menos casar! Ia ser uma barra mas tudo ia dar certo! Aí foi uma choradeira danada.
Minha mãe que se encarregou de falar para o resto da família, afinal eu não podia sequer pensar em me estressar. Meu pai ficou muito magoado comigo e meus irmãos ficaram baqueados, mas minha família sempre esteve do meu lado e me ajudou em tudo, foi a minha base e é até hoje.
** Então você acha que foi a vítima do “vou dar uma transadinha aqui rapidinho, que uma vez só nem engravida, ainda mais se depois tomar a pilula?” kkkk. Quanto à gravidez de risco, o que que você tinha para ter tido essa chance grande de aborto? Não era a idade, era?!
Você me mata de rir! Pois é ‘gema’, mas foi mais pro famoso lance do “coito interrompido”, que de interrompido nãm teve nada! Hahahaha…. Temos a crença de que nunca irá acontecer conosco, mas não é sempre assim. A pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência, no caso de o método anticoncepcional inicial ter falhado. Mas tem sua margem de erro, que foi bem o meu caso, sendo que nem método contraceptivo inicial foi feito.
O médico não soube me responder ao certo o que pode ter provocado minha chance de aborto NATURAL, uma vez que em nenhum momento eu tentei abortar. De qualquer forma, ele deixou claro que não foi pela ingestão da pílula do dia seguinte, nem pela idade. Até porque na época das nossas avós a mulherada engravidava bem mais cedo. Uma amiga minha, que engravidou com 14 anos, teve uma gravidez considerada de risco devido à idade, mas que no final das contas foi tudo normal.
** E quanto ao pai da criança: ele era o seu namorado? Como reagiu ao receber as boas novas?
Era meu namorado e estávamos com 9 meses de namoro. E conforme eu já disse, mesmo tomando a famosa pílula do dia seguinte a minha menstruação atrasou, comecei a desconfiar e já o deixei ciente da possibilidade de eu estar grávida. Quando eu falei que o resultado do exame havia dado positivo, ele ficou pálido. Tive a impressão que além de grávida eu ia ser “viúva”, pois pensei que ele ia cair duro na minha frente… rs. Ele me disse que estaria ao meu lado para o que desse e viesse, e cumpriu com o que disse!
** Falando sobre uma realidade que infelizmente ainda passa muito na cabeça de muitas meninas: você chegou a pensar em abortar essa criança? Como foi o seu processo de aceitação da gravidez?
Olha, quando o resultado deu positivo me bateu o desespero e me passou pela cabeça a possibilidade de abortar! Mas foi uma ideia remota, na mesma rapidez que ela surgiu na minha cabeça ela desapareceu… Sempre fui totalmente contra o aborto!!! Se eu não quisesse ter o risco de ter ficado grávida eu deveria ter me cuidado, simples!
Deixo claro que não sou de julgar quem fez, é a favor ou é em cima do muro… Respeito opiniões alheias e peço que respeitem a minha também!
Quanto à aceitação da gravidez, foi um processo lento. Nos primeiros meses poucas pessoas souberam. Eu ficava com um pouco de receio quanto ao bafafá que isso ia dar, afinal eu era adolescente, não trabalhava e estudava num colégio católico. Fiquei assim até o meu quarto mês de gestação, até que um dia eu percebi que a gravidez é uma fase tão única e inexplicável que eu tinha mesmo era que curtir. A partir daí eu fiquei uma grávida insuportável, tipo “Ah nem fulano, faz isso pra mim! Não se nega nada pra uma grávida.” Coincidência ou não, a partir do momento que eu resolvi assumir publicamente minha gravidez a minha barriga parece que decidiu crescer tudo o que não tinha crescido.
Eu sempre fui muito abusadinha, do tipo de não levar desaforo pra casa. Então quando eu escutava certos comentários maldosos eu respondia na mesma proporção, sem perder a elegância!
Escutei muito “Meu Deus, tão novinha!” ou “Mas esse mundo tá perdido mesmo”. E eu respondia, respectivamente “é bom que eu tenho energia pra cuidar” ou “ta mesmo, com tanta gente preconceituosa”.
O mais engraçado eram meus amigos que me falavam “REJANE DO CÉU, VC TÁ GRÁVIDA?” ai eu respondia “TÁ DOIDO, FULANO, SÃO GASES…” ou então “É SÓ MEU CALO SEXUAL SE EXPANDINDO”. E assim eu fui encarando com muito bom humor, nos dias que eu estava de bem com a vida.
Quando um infeliz me pegava em um dia que eu estava com os hormônios da gravidez me deixando louca, eu dava respostas que não valem a pena serem ditas novamente, afinal sou mãe e tenho que manter a educação….. rs
** Uma vez uma colega minha me disse que agradece muito ao filho dela porque foi só depois dele que ela tomou tento e começou a estudar, até que conseguiu passar em uma universidade federal. Acredito que como ela, ter ficado grávida na adolescência te faz crescer algo que você só cresceria estando nessa situação: o que foi?
Bom, engravidei com 16 anos daí já da pra ver a santinha que eu era! Além da responsabilidade e da maturidade que eu adquiri, creio que o mais importante que a situação me proporcionou foi o fato de eu me cuidar, de ser mais vaidosa. Sempre fui do estilo mais moleca, de andar de skate, de não me ligar com assuntos de moda ou coisas mais comuns para meninas de 16 anos. Andava de bermudão e tênis e não sabia que eu realmente poderia ser uma mulher bonita. Eu andava igual a um machinho, pois eu tinha sérios problemas de autoestima. A gravidez me fez descobrir a minha beleza. Independente de peso, ou bla bla bla, eu passei a me amar!
É claro que eu criei um rumo na vida, comecei a trabalhar, me dedicar mais nos estudos, mas o que mais me marcou foi a questão do amor próprio mesmo.
** Mas e depois da gravidez, como você cuidou da auto estima? Porque tem um monte de menina que fica neurótica achando que “vai acabar com o corpo”, o que a meu ver acho uma grande bobeira, até porque tem mulher que parece que fica é mais gostosa depois de grávida (algumas dizem que é porque o medo foi tanto de cair, que malharam em dobro, fizeram uns tratamentos estéticos e que no fim ficaram até melhores do que antes kkkk).
Engordei 20 kg na minha gravidez, sendo que o recomendado é 1kg por mês, ou seja 9 kg ao todo. Fiquei bem redondona, mas é importante deixar claro que eu não tive problema de saúde nenhum e, tirando o risco de aborto, minha gravidez seguiu tranquilamente. Se eu estivesse com vontade de comer uma pizza, um prato de arroz e feijão e um bolo de chocolate, eu comia os três! Quase não fiquei com estria e julgo que a idade me ajudou quanto a isso, até porque eu já era gordinha, então eu tinha muita pele pra esticar… kkkkkkkk. A única coisa que me incomodou mesmo foi uma cicatriz que ficou no meu umbigo devido ao piercing, mas até hoje eu me pergunto se isso tem mesmo a ver. Enfim, usei as cintas pós-parto, o que ajuda muito a não ficarmos com a famosa pochete e sempre fiquei de sutiã, até para dormir. Após o parto o meu peito tinha tanto leite que além de sustentar meu filho eu ainda doava, e olha que o meu filho era um bezerrinho. A amamentação me emagreceu os 20kgs e mais alguns, ou seja, fiquei magra, peituda (por causa do leite) e tirando as olheiras eu diria que eu estava uma gata! Kkkkkkkkkkkkkk. O ruim é que quando o leite secou eu senti que meus seios diminuíram um pouco em relação ao tamanho que eram antigamente.
Se você se cuidar direitinho durante a gravidez e pós-gravidez (cuidados que serão passados pela obstetra) e não comendo os restos do mingau do seu filho kkkkkkkkkkkkkk, a amamentação já te ajuda a perder os quilinhos que ganhou.
** Sendo realista: quais pontos positivos, e quais pontos negativos você aprendeu com essa sua nova realidade?
Como positivo eu posso citar o fato de eu ter criado juízo, de aprender coisas novas todos os dias e de superar a ideia de que eu não seria capaz de ser mãe. Assumí a maratona trabalho, estudo e filho. Eu me sentia o máximo dando conta de tudo, apesar de muito cansada fisicamente. Eu chegava em casa morta, abria a porta e meu filho vinha correndo me dar um beijo, não tem coisa melhor que isso.
Como negativo, o que posso dizer foi o fato de eu não estar preparada financeiramente para assumir meu filho como eu queria. A verdade era que meus pais nos bancavam e eu ajudava com o que eu podia com o meu salário de vendedora de shopping na época. Eu não precisava trabalhar, pois meus pais nunca deixaram me faltar nada, mas eu queria essa independência financeira.
Aí o povo pergunta: “Mas você deixou de curtir a sua juventude?” ‘CALARO’ QUE NÃO! Só mudei a minha diversão, eu não saía pra balada, mas não deixei de me divertir com meus amigos, sempre com a companhia do meu filho. Depois que ele cresceu que eu comecei a ir pra baladinhas, boates e etc.
Eu curti a minha adolescência rindo das palhaçadas do meu bebê, comemorando as conquistas dele e trocando muita fralda suja nas rodinhas de amigos. rs
** Falando em pontos negativos, uma das coisas que muitas mães reclamam quando estão solteiras é que muitos homens se distanciam delas por puro preconceito por ela ser mãe solteira, ou até mesmo por não querer “cuidar do filho de outro”. O que você diria sobre isso?
Bom, cada qual com sua opinião! Se um homem não gostar de namorar uma mãe, ele não serve pra mim, ponto final. Pra me conquistar, primeiro conquiste minha cria! Cada qual tem sua linha de pensamento, mas posso assumir que eu não sofri com isso não. Até porque quem eu conhecia sabia que eu era mãe então quem se mostrava interessado já conhecia meu filho. Não soube de nenhum homem que se interessou por mim e desistiu por causa da maternidade, pode até ter ocorrido, vai saber….
Durante a gravidez eu pensei nisso: “vou ficar feia e gorda, flácida, cheia de estrias… bla bla bla”, mas a realidade é que eu levei mais cantada estando grávida do que antes de engravidar. Isso isso isso, tem homens que tem fetiche em grávidas!!
Quando meu bebê tinha 9 meses de nascido, eu e o pai do meu filho decidimos nos separar, e aí que eu me desesperei. Afinal, quem iria namorar uma garota de 17 anos com um filho. Besteira minha.. Logo ví que o preconceito é mais nosso do que dos outros.
** Olhando para trás acredito que dificilmente você se arrependeria de ter esse filho lindo que você tem, mas se você pudesse mudar algo, você diria que gostaria de ter engravidado um pouco mais tarde?
Sim, com certeza! Queria ter engravidado depois de ter conseguido uma estabilidade financeira. Só por isso! Por que fisicamente a idade foi excelente, me recuperei bem e fiquei até mais bonita (UI! GATINHA) depois de ser mãe. Engravidando nova eu estava no auge da minha energia pra encarar a maratona que eu disse que assumi.
Só faltou ser rica, o que eu tô tentando até hoje… rsrsrs
** O que você falaria para as milhares de jovens que estão grávidas em plena adolescência e que não sabem o que fazer, ou pior do que isso, pensam em abortar essa criança por pensar que irá atrapalhar a vida delas?
Como eu já disse, sou contra o aborto! Se não quer ter filho, se previna! Um aborto, por ser ilegal, as formas de se realizar são duvidosas e muito perigosas tanto para o bebê (tá, se você está abortando tá pouco se lixando pra ele… mas cito no caso de o bebê sobreviver e acabar nascendo com graves problemas de saúde devido à falha no procedimento) quanto para a mãe! Sei de casos de mulheres que ficaram gravemente debilitadas após tal procedimento, ou até mesmo tiveram que retirar o útero ou vieram a óbito.
Mas beleza, to grávida, e agora??? Agora, cabeça erguida e bola pra frente! Acredito que uma criança é sempre sinal de vida, felicidade, aprendizado. Não se incomode com a opinião alheia e sempre encare tudo com bom humor, quando possível! Na vida tudo se encaixa, mas pra isso você precisa estar disposta a querer esse encaixe. CURTA A GRAVIDEZ, CUIDE-SE E CORRA ATRÁS DO SEU FUTURO! Porque ser mãe não é barato não…. rs
Caso desejem conversar, trocar idéias, desabafar mando meu e-mail: [email protected]
** Muito obrigada pela entrevista, tem partes que eu fiquei emocionada, do tipo você falando que limpava fralda suja na rodinha de amigos rsrs. Sério, eu sei que isso pode parecer porco e nojento para algumas pessoas, mas fiquei emocionada porque ao mesmo tempo é muito lindo, e até mesmo limpo, porque afinal de contas é seu filho! Tenho certeza que essa entrevista ajudará muita gente, e só tenho a agradecer por ter me contado inclusive pequenos detalhes que nem eu como sua amiga sabia!
Poxa amiga, que bom que gostou e espero que eu possa ter ajudado pelo menos um pouco os casais ou mães solteiras que estão nesta situação. Eu adorei ter sido entrevistada por você, me senti nos velhos tempos, quando a gente papeava até não dar mais!
Aproveito para te parabenizar pelo ótimo trabalho que vem desenvolvendo no blog, sempre sabendo o que falar e como falar. Além de linda é super inteligente! Enche-me de orgulho!
Beijos e espero que tenham gostado!